Em
2014 uma jornalista brasileira, Claudia Walin, lançou um livro, cujo impacto
foi nulo, ou praticamente nenhum. Pelo menos em Portugal. O que não é de
admirar num país que no raking europeu se encontra em 5º nos países mais
CORRUPTOS do velho continente, e onde a terceiro-mundista classe politica
assume temas sem interesse algum para o vulgo, obstruindo realidades que
exigiriam carácter, inteligência e sensatez.
A
editora Geração é brasileira (o que complica tanto a leitura como a forma de
adquirir o volume). Prestou um bom serviço cívico ao publicar o volume. Como em
Portugal o livro nem sequer apareceu nas estantes das livrarias, quem o quiser
ler pode fazê-lo AQUI. Alguém o inseriu
online. Óptimo. É claro que o português é roufenho, mas vale a pena lê-lo.
Cláudia
casou-se com um sueco e há dez anos que vem observando a sociedade sueca.
Anders
Borg, à época ministro das finanças sueco, vivia num apartamento de 25 metros
quadrados; os deputados, idem. Sem terem privilégios alguns em relação ao
vulgo, como carro oficial, motorista, ou um conjunto de assessores
inúteis. Cláudia diz-nos ainda que os
políticos suecos se deslocam de metro, autocarro, bicicleta ou a pé.
Sendo
um dos países mais ricos do planeta, a Suécia não perdoa áquilo que em Portugal
se denominaria de populismo: um politico que utilize táxi sem necessidade, ou
compre “uma barra de chocolate com o cartão corporativo”, corre o risco de
entrar em desgraça, fazendo manchetes jornalísticas. Ou ainda o exemplo dos
deputados ou ministros que lavam e passam as suas próprias roupas. O próprio
primeiro-ministro em entrevista, de aspirador em punho, limpa a própria casa,
dando dicas à imprensa como fazer uma limpeza eficaz!
Os
vereadores, por exemplo, não recebem salários e a maioria dos políticos recebe
o vencimento idêntico ao que recebia na vida civil (aquilo que defendemos há
mais de 20 anos!).
O
objectivo de Cláudia é comparar esta sociedade politica exemplar com a
sociedade politica corrupta brasileira.
Mas a comparação deve ser feita ainda com países como Portugal (o que se tem
observado com processos como o do “Marquês”, com arguidos insuspeitáveis
noutros tempos, e numa sociedade saudável!).
Quem
pisa o risco não se safa. Cláudia dá o exemplo de Ingmar Bergman. Ao ser
suspeito de fraude fiscal foi preso no teatro onde encenava. Foi interrogado,
mesmo tendo um enfarte não lhe perdoaram.
Quem
não conhece a Suécia, ao ler este livro julga estar a ler um livro de ficção,
mas não está. É claro que Cláudia faz alusão aos tempos remotos dos Vikings (nalgumas
situações erradamente). Na Idade Média, já os Vikings funcionavam com certa
democracia, quando os restantes europeus viviam sob domínio feudal. Já possuíam
um sistema jurídico que lhes permitia socialmente conviverem com certa decência
(com todos os defeitos que acalentava). Já possuíam o thing, assembleia na qual se reuniam os homens livres, ao ar livre,
onde eram definidas as leis pelas quais o povoado se orientaria. E isso faz
hoje toda a diferença.
Há
cem anos a Suécia era um país pobre, hoje é o que sabemos, porque investiu
essencialmente na educação. Mas não da mesma forma que o fez Portugal e outros
países terceiro-mundistas. Investiu na educação com justiça (sem interesses
ideológicos e de umbigo – corruptos, despreziveis), para o interesse da nação.
Fortificaram as instituições, reformaram o sistema politico, apostaram na
ciência, na tecnologia e em projectos nacionais (sérios) integrados.
Havia
muito para comentar, mas é melhor que seja lido. Cláudia entrevista ainda, ministros,
deputados, jornalistas, prefeitos, juristas e cidadãos para desvendar este
universo tão distante dos brasileiros (e dos portugueses). E encontra a tríade
conclusiva: transparência, alta escolaridade (séria e decente) e igualdade
social (sobretudo com igualdade de oportunidades). Uma receita poderosa contra
a CORRUPÇÃO!
E
uma imprensa verdadeiramente livre, séria, com competências profissionais e
humanas, diremos nós. E eles. Armando Palavras
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