O
que é o pântano político em Portugal? Basta pegar na actualidade política,
económica e judicial dos últimos anos para responder. Ele está no financiamento
da política e no ambiente institucionalizado de luvas milionárias (vulgo
corrupção) nos negócios com o Estado, desde a contratação pública à obscena
política de rendas na energia, nas parcerias público-privadas rodoviárias e
noutras áreas. Está alapado nas leis penais ineficazes – como tem sido ao longo
de décadas o tráfico de influências – ou nas leis-medida, por conta de
privilégios particulares ou de casos em que um governo precisa de nomear um
homem providencial.
Foi
este último o caso da Caixa Geral de Depósitos. Aqui, não poderia haver pântano
maior. Mário Centeno mentiu? Não só mentiu – por acção e omissão – como tenta
sair da embrulhada, já tarde, a pedir-nos para sermos tolinhos com aquela coisa
do "erro de percepção mútuo". Pede-nos para pôr alguma fé à frente da
razão.
A
novela da Caixa mostra também o pântano político em que se enfiou a esquerda.
Quem vote à esquerda mas não seja fanático o que pensará deste espectáculo
deplorável do BE e do PCP a fecharem os olhos em relação a Centeno mas,
sobretudo, a matarem a comissão parlamentar de inquérito sobre os milhões de
créditos concedidos sem garantias na CGD desde 2000 para cá!? Agitar o fantasma
da privatização, em mais uma insuportável manifestação de maniqueísmo, é outra
forma de pedirem aos portugueses para se ficarem pelos seus próprios
"erros de percepção". Vêem a verdade, mas fingem que se enganaram. Só
que, na CGD, a teoria Centeno, apadrinhada por Costa e Marcelo, vai custar uma
factura bem pesada aos contribuintes.
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