Eduardo Dâmaso - Revista Sábado
Porque é que Ricardo Salgado transferiu 12 milhões de euros para alguém
que não conhecia de lado nenhum? Transferiu muito mais do que 12 milhões no
processo Marquês, mas aqui só nos interessa esta pequena esmola a um
desconhecido. E porque pediu Salgado a Hélder Bataglia que fosse seu
testa-de-ferro e usasse uma conta pessoal para transferir os 12 milhões para o
outro testa-de-ferro, Carlos Santos Silva, o grande e generosíssimo amigo de
Sócrates?
Já
agora, porque foi o bom do Santos Silva pedir ao seu velho amigo Joaquim
Barroca, patrão do Grupo Lena, que desse um jeitinho e lhe emprestasse uns
papéis em branco para os 12 milhões passarem discretamente pela sua conta na
Suíça? E por que diabo precisaram de arranjar uns contratos manhosos sobre
coisas nunca feitas? Enfim, porque andaram algumas destas personagens a contar
umas patranhas sobre a origem dos 12 milhões quando, afinal, é tudo clarinho
como água: o dinheiro saiu do famoso saco azul da família Espírito Santo, como
muitos outros milhões para muitas outras personalidades?
Afinal,
porque se deu esta gente a tanto trabalho para esconder a massaroca? Sofrerá
Salgado da síndrome da filantropia envergonhada? É generoso com os amigos, mas
não quer que se saiba? Pensarão que somos todos parvos e que ficamos baralhados
com o palavreado dos papagaios que os defendem nos jornais e televisões,
ungidos pelo bálsamo da pureza originária!? Porque é que não vão mas é gozar
com a avó deles?
Então,
a quem aproveitou tanto crime na vampirização do Estado naqueles fatídicos anos
de Sócrates em S.Bento? Foi ao povo português ou ao senhor Salgado? Quem
desnatou e despachou a PT? Vão mas é dar banho ao cão…
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