Francisco Moita Flores
Prof. Universitário
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A curto prazo, a principal organização criminosa de um
país [...] é o próprio Estado.
Enquanto
somos distraídos com conversas da treta, todas elas dissimulando e escondendo a
realidade, iludindo a verdade e ocupando a paródia politiqueira, tal como esta
história de como saímos do esforço comum que fizemos com a troika, se à
irlandesa, se à portuguesa, se à grega, outro mundo está aí, bizarro, impune,
que dá cada vez mais razão ao autor do livro ‘A Suíça lava mais branco’.
Jean
Ziegler, uma das referências mundiais do estudo das estruturas do Estado,
admite que a curto prazo a principal organização criminosa de um país, sem
referências éticas e judiciais bem firmes, é o próprio Estado. O Estado-Máfia
que é, em si próprio, o promotor do crime organizado em grande escala. Não se
passa uma semana em que as notícias não confirmem esta caminhada apressada para
a evidência absoluta deste Estado-Bandido, cada vez mais dilacerado. Ainda
ontem, era noticiado que milhões de euros de fundos comunitários destinados às
PME tinham escapado para contas bancárias nas Caraíbas. No arranque da semana,
as notícias davam conta de que mais um grupo de funcionários do sistema de
Saúde, logo funcionários do Estado, conseguira desviar milhões de euros. Na semana
anterior, já fora notícia a absolvição de todos os intervenientes no chamado
processo dos submarinos. Os corruptores presos na Alemanha, os corrompidos,
gente inocente aqui, na nossa terra. Na mesma semana, ficámos a saber que o
Estado assumiu mais dezenas de milhões de euros desse buraco sem fundo que é o
BPN. Das célebres PPP já nem vale a pena falar, embora a sangria de dinheiro do
Estado não pare.
Isto
é a ponta do icebergue. Se saímos à irlandesa desta terrível relação com a
troika ou com programa cautelar é coisa irrelevante se esta hemorragia não
parar. Se os negócios do Estado continuarem a ser movimentados nos interesses
de alguns e bem se sabe até onde o negócio pode levar. Veja-se esta entrada nos
PALOP de uma das mais terríveis ditaduras do mundo apenas com a finalidade de
salvar um banco. É cada vez mais evidente que não há negócio anunciado que não
tenha comprador acertado. É cada vez mais evidente que não fomos nós que
vivemos acima das nossas possibilidades durante muitos anos. Cada vez é mais
claro que o Estado permitiu que um punhado de gente poderosa roubasse acima das
nossas possibilidades durante muitos anos.
02.03.2014 - Correio da Manhã
Comentário:
Depois da leitura do livro, vale a pena rememorar o artigo de Moita Flores. A corrupção no Estado alastrou-se de tal maneira que tem sido desenvolvida não apenas em grande escala, como na pequena escala, ao nível de pequenas secretarias, de pequenas repartições. Porque os cargos têm sido sempre entregues aos do costume - aos corruptos. É para isso que têm sido feitas as "leis".
Comentário:
Depois da leitura do livro, vale a pena rememorar o artigo de Moita Flores. A corrupção no Estado alastrou-se de tal maneira que tem sido desenvolvida não apenas em grande escala, como na pequena escala, ao nível de pequenas secretarias, de pequenas repartições. Porque os cargos têm sido sempre entregues aos do costume - aos corruptos. É para isso que têm sido feitas as "leis".
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