segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Doces conventuais! Sim ou não?

 
JORGE   LAGE
A falta de rigor de alguns que falam de gastronomia até na comunicação social, tem gerado a pateguice de falarem em doces conventuais a torto e a direito. Fala-se em doces conventuais até por estratégia de vendas. Se um especialista ou amador que aparece na televisão ou faz programas de televisão disser que é conventual mais ninguém contesta. Também há um ou outro finório da televisão que surripiou as receitas pessoais duma minha amiga de Évora, a pretexto de fazerem um livro pêlos dois e terá publicado as receitas como suas sem uma referência à melhor pasteleira de Évora. Nunca mais fui capaz de ver um programa com tal espécime. Mas adiante, que atrás vem gente. Para os amigos leitores e depois de conversar com a grande autoridade gastronómica, o brigantino, Virgílio Nogueiro Gomes, só são doces conventuais aqueles cujas receitas advêm das mãos criativas e mágicas de freiras ou frades dos antigos conventos e que depois passaram para o domínio público ou foram recriadas com base em antigas receitas conventuais. O mais caricato é quando um bolo ou pastel é de excelência ou pretende ser, cola-se-lhe logo o rótulo de «conventual». Eu digo que o mais correcto será «tradicional». Por exemplo, não trocava o excelente «Pudim Abade de Priscos» por qualquer outro conventual. É o melhor pudim de Portugal ( a seguir vem o que sai das mãos da minha mulher). O «Pudim Abade de Priscos» é «tradicional» e a pastelaria Sabiá, em Braga, fá-lo chegar, a qualquer parte de Portugal ou do mundo, em perfeitas condições, bastando pedir para: 253262616 ou 910546531 sabia.pastelaria@gmail.com . Dos melhores pastéis que conheço são os «Pastéis de Vouzela», receita oriunda das freiras clarissas do Convento de Santa Clara do Porto, sito na antiga rua das Eiras, e, por isso, é um doce conventual. Vale a pena ir a Vouzela para provar estes pastéis divinais. Os «Pastéis de Vouzela vendem-se no «Café Central», Praça da República n.º 10 – 232771274). Os «pastéis de nata», por serem referenciados nos conventos de Arouca e de Beja, entre outros, são conventuais. Dos melhores pastéis de nata que conheço em Lisboa, vendem-se no pessoano restaurante Martinho d’Arcádia, no Terreiro do Paço e não os pastéis de Belém e em Braga, comem-se os melhores pastéis de nata na Pastelaria Veneza, na Avenida Central. Voltando aos doces ou gastronomia não é conventual pela sua óptima aparência mas pela origem da receita, se teve origem dentro do convento são conventuais e se vem de fora de um convento, não o são.

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