JORGE LAGE |
A falta de rigor de alguns que falam de gastronomia até na comunicação social,
tem gerado a pateguice de falarem em doces conventuais a torto e a direito.
Fala-se em doces conventuais até por estratégia de vendas. Se um especialista
ou amador que aparece na televisão ou faz programas de televisão disser que é
conventual mais ninguém contesta. Também há um ou outro finório da televisão
que surripiou as receitas pessoais duma minha amiga de Évora, a pretexto de
fazerem um livro pêlos dois e terá publicado as receitas como suas sem uma
referência à melhor pasteleira de Évora. Nunca mais fui capaz de ver um
programa com tal espécime. Mas adiante, que atrás vem gente. Para os amigos
leitores e depois de conversar com a grande autoridade gastronómica, o
brigantino, Virgílio Nogueiro Gomes, só são doces conventuais aqueles cujas
receitas advêm das mãos criativas e mágicas de freiras ou frades dos antigos
conventos e que depois passaram para o domínio público ou foram recriadas com
base em antigas receitas conventuais. O mais caricato é quando um bolo ou
pastel é de excelência ou pretende ser, cola-se-lhe logo o rótulo de «conventual».
Eu digo que o mais correcto será «tradicional». Por exemplo, não trocava o excelente
«Pudim Abade de Priscos» por qualquer outro conventual. É o melhor pudim de Portugal
( a seguir vem o que sai das mãos da minha mulher). O «Pudim Abade de Priscos»
é «tradicional» e a pastelaria Sabiá, em Braga, fá-lo chegar, a qualquer parte
de Portugal ou do mundo, em perfeitas condições, bastando pedir para: 253262616
ou 910546531 sabia.pastelaria@gmail.com . Dos melhores pastéis que conheço são
os «Pastéis de Vouzela», receita oriunda das freiras clarissas do Convento de
Santa Clara do Porto, sito na antiga rua das Eiras, e, por isso, é um doce
conventual. Vale a pena ir a Vouzela para provar estes pastéis divinais. Os
«Pastéis de Vouzela vendem-se no «Café Central», Praça da República n.º 10 –
232771274). Os «pastéis de nata», por serem referenciados nos conventos de
Arouca e de Beja, entre outros, são conventuais. Dos melhores pastéis de nata
que conheço em Lisboa, vendem-se no pessoano restaurante Martinho d’Arcádia, no
Terreiro do Paço e não os pastéis de Belém e em Braga, comem-se os melhores
pastéis de nata na Pastelaria Veneza, na Avenida Central. Voltando aos doces ou
gastronomia não é conventual pela sua óptima aparência mas pela origem da
receita, se teve origem dentro do convento são conventuais e se vem de fora de
um convento, não o são.
Sem comentários:
Enviar um comentário