quarta-feira, 3 de junho de 2015

O Pedigree de Henri Toulouse- Lautrec⃰


Quando em 1864 nasceu Henri Marie Raymond, conde de Toulouse-Lautrc- Montfa, a sua família, que pertencia a uma das casas mais nobres de França, embora ainda rica, encontrava-se bastante afectada pela sanguinidade. As leis de Napoleão provocaram numa nobreza francesa já bastante afectada, os casamentos entre primos para assim manter a pouca riqueza que restava nas suas famílias. Os pais de Lautrec eram primos direitos, assim como a sua tia e tio. Henri e os seus irmãos sofriam de nanismo. E Lautrec nunca teve dúvidas sobre as causas da sua doença (baixa estatura-media 1,50 m), provavelmente uma variante da osteopetrose designada picnodisostose.
Este dotado pintor é conhecido no mundo da arte pela autoria de obras que rabiscou em cabarets parisienses, retratando as matronas e a vida notívaga de Paris. Certa noite, no Irish and American Bar de Montmartre, um dos seus poisos favoritos, duas das matronas discutiam sobre um cachorrinho cujas patas tremiam com displasia das ancas. A dona do cão admitindo que o mesmo não era bonito insistia que era de raça pura. A outra galhofava e gozava a parceira por esta insistir no pedigree do cachorro. A dona do cachorrito não desarmou e virando-se para Henri que estava sentado a seu lado fazendo um dos seus geniais esboços, disse: “Diga-lhe, Monsieur, que o meu cão pode perfeitamente ser feio e no entanto ter pedigree”. Henri, descendo do banco onde se sentava, saudou-a com a mão suja do carvão com que desenhava murmurando: “A quem o dizes”.
Armando Palavras

⃰  Escrito inspirado no Ciclo de Conferências em Educação Especial – Março a Junho de 2015 - Oeiras


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