As
causas da crise que se atravessa são inúmeras. As mais profundas vêm do século
XIX e de meio século de ditadura, as intermédias da Revolução de Abril com o
Período revolucionário a culminar no conhecido PREC. Mas as mais recentes situam-se
nas últimas duas décadas, especialmente
na última, a partir de 2005.
Depois
de 25 de Abril de 1974, o país conheceu três períodos de “quase” bancarrota. Os
dois primeiros compreendem-se pelas circunstâncias históricas. Estávamos muito
próximos da “revolução”. O terceiro, mesmo com a crise internacional, e com a
desregulação liberal dos mercados a partir dos anos 80 do século passado, não é
justificável. Porque a questão é de valores. É da condição humana prevaricar,
iludir, enganar e dissimular quando se tem oportunidade (ressalvem-se as
excepções) de exceder o previsto na conta bancária. O dinheiro abre todos os
caminhos! A forma de tornar estas derivas pontuais e excepcionais é tornar um
Estado forte e regulador que não permita práticas de ocultação. Que foi o que
sucedeu a partir de 2005.
Os casos
do BPN, BES, Gold, Rendeiro, Duarte Lima e o dos médicos e enfermeiros (e
outros) são vergonhosos. Num país decente nenhum deles teria evitado o
ostracismo por dez anos como era costume na Grécia Antiga.
As
coisas não ficaram por aí, da parte socialista foram condenados dois
ex-ministros e um ex-primeiro ministro (caso único!). Armando Vara, condenado a
cinco anos de prisão efectiva, chegou a Secretário de Estado, Ministro,
Director Geral e Administrador da Caixa Geral de Depósitos (no caso público) e
a banqueiro(!). Um caso apenas possível num país onde o predomínio mafioso é
alarve! Maria de Lurdes Rodrigues, ministra da Educação na governação de José
Sócrates, foi condenada a três anos e meio de pena suspensa por ter favorecido
um grupo de amigos socialistas, em prejuízo da República (do Estado), ou seja,
de todos. E para vergonha do país, o próprio José Sócrates (ex primeiro
ministro) foi detido pela Justiça, encontrando-se preso em Évora.
É pois o
caso socialista que nos transporta para 2005. A ascensão de José Sócrates é do
conhecimento de todos. Pedro Santana
Lopes, sem razões aparentes, e nunca justificadas, foi demitido pelo então
Presidente da República, Jorge Sampaio (com o apoio de alguns energúmenos da
área política do então primeiro ministro e dos papa açordas da “comunicação
social”). O Governo de então, note-se bem, era legitimo, e não havia razão
consubstanciada para que fosse demitido. A única razão foi o “querer” de uma
determinada “elite” medíocre. Não estaríamos nesta situação se em 2005 Santana
Lopes não tivesse sido apeado da governação, da forma que foi.
A
demissão do então Primeiro ministro, originou a ascensão de José Sócrates.
José
Sócrates, pelo que hoje se sabe, mas que alguns já suspeitavam em 2005, e até
antes, é um patife. E como tal rodeou-se de uma tralha que aos costumes nada
dizem. Á qual pertence Maria de Lurdes Rodrigues.
Como é
que Sócrates enganou alguns (os acólitos nunca foram ao engano) e manteve em
silêncio tanta gente? Com as velhas técnicas Estalinistas ( e de outras seitas)
- controlando a Justiça e a Educação.
O seu
Ministro da Administração Interna já havia sido Ministro da Justiça em
governação socialista anterior. Quem foi a sua primeira Ministra da Educação? A
senhora que recentemente foi condenada pela Justiça.
Henrique Neto |
No caso
da Justiça, substituíram-se as Leis decentes por uma “legislação” que permitia prevaricar, iludir, enganar e dissimular. No segundo
caso, a questão foi mais grave, porque a “legislação” escabrosa não se limitava
apenas a prevaricar, iludir, enganar e dissimular. Incluía uma conduta
ideológica (muito para além da do PREC)
inaceitável numa sociedade decente, semelhante à denunciada por Vassili
Grossman, Sakarov ou Soljenitsine quando se referiram à antiga União Soviética.
Aliás, Maria de Lurdes Rodrigues não escondeu, em entrevistas, as suas
preferências anarquistas. Preferências que utilizou para o controle total
através dos mecanismos da Administração Pública, impondo uma cultura cacique. É
bom lembrar a entrevista de Henrique Neto, um histórico socialista, ao jornal
“Negócios” em 2010. A dado passo diz-nos: “ José Sócrates, na última Comissão política do P.S., defendeu a
necessidade das severas medidas assumidas pelo Governo, mas também disse que
era muito difícil cortar na despesa do Estado porque a base de apoio do PS está
na Administração Pública. Disse-o lá, e pediu para isso a compreensão dos
presentes.” (sic).
E foi
visível o ataque feito por José Sócrates aos Juízes e os de Maria de Lurdes aos
professores. Os que têm memória curta, leiam as entrevistas desta senhora ao Jornal
de Noticias e à revista Exame.
Se o
país está como está, deve-se a estes dois patifes. Ao que está detido em Évora
e à sirigaita que está condenada a três anos e meio de pena suspensa.
Quanto
aos juízes, mais cedo do que tarde, poderiam fazer justiça (como aliás estão a
fazer e bem), mas os professores não têm esse poder. E os que foram
injustiçados, continuam a ser, sobretudo pelo “congelamento” da Carreira.
Num país
decente, com um governo decente, esses erros estariam já corrigidos, porque um
governo decente não se coibiria em mudar radicalmente a “legislação”
estapafúrdia produzida por essa governação.
Por
muito menos Francisco Sá Carneiro, corrigiu o que pôde num rasgo de inteligência. E só governou um ano.
Mas também só ele estaria, em absoluto,
se fosse vivo, em condições de ganhar as legislativas em Outubro de
2015.
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