Oração do Poeta
Peço a esta pedra,
onde acabo de me sentar;
peço aquela rosa,
que acabei de beijar,
me sirvam de abrigo,
que dêem em terra comigo
e me ajudem a rezar.
A paz de Deus, nesta montanha,
me apague esta sede tamanha
de quase pedir tudo,
para deleitar e possuir
e ficar quieto e mudo,
Que o poema se engrandeça
pelo fervor que me inspira,
para vos louvar.
E meu Deus, que mais quereis,
se sabeis
que só os acordes desta lira
ESTRELA ANTIGA, vem de novo,
que este Mago,
de fé menos viva,
deixa a mente presa
e cativa
de qualquer falso adivinho
e um qualquer Herodes
basta,
para o desvio do caminho.
Indica-me o presépio,
de novo e Novo
como em criança:
chorando e sorrindo,
mostrando à gente
como se ganha a esperança.
Já sei que a vossa crendice,
que é uma fé,
infundada e infinda,
me questiona e interpreta mal:
"se assim é,
onde está o meu natal?
Mal valeu a tua vinda!..."
Ó homens de pouca fé,
lede bem, neste tempo,
os sinais novos do Profecta do Senhor!
Eu continuo a nascer,
mas não me procureis
em Presépios perfumados
mas nos braços nus e cansados
de qualquer mãe de Angola ou de Timor.
Toda a pessoa tem uma Estrela:
Oculta, à vista, seja como for.
O que mais interessa é crer vê-la,
a dobar-nos a vida, em paz e amor.
in Livro de Horas
Nelson Vilela
Jorge Lage |
É um trasmontano muito, muito discreto e simples e até os
vários livros que foi publicando nem aos amigos avisava da edição.
Era grande amigo do Poeta duriense António Cabral, que tive
como Professor e conselheiro. Ambos se cruzaram na juventude com Miguel Torga.
Se me for permitido, envio do «Tempo Caminhado» um abraço de
melhoras ao amigo Nelson Vilela com votos de Santo Natal,
Saudações,
Jorge Lage
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