quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Na República Portuguesa não houve Presidente como o Primeiro


Barroso da Fonte
O primeiro Presidente da República Portuguesa,constitucionalmente eleito, foi Manuel de Arriaga (1840-1917).
Dos oito titulares da I República (Teófilo Braga, Bernardino Machado, Sidónio Pais, Canto e Castro, António José de Almeida, Manuel Teixeira Gomes e Bernardino Machado), distinguiu-se  Manuel Arriaga que exerceu o cargo entre 24 de Agosto de 1911 e 26 de Maio de 1915. Era oriundo de famílias aristocráticas e descendente de flamengos. O pai deixou de lhe pagar os estudos e deserdou-o. Trabalhou, dando lições de inglês para poder continuar o curso. Formou-se em Direito;advogado,professor,escritor,político e deputado;Também foi vereador da Câmara Municipal de Lisboa;  Reitor da Universidade de Coimbra;Procurador-Geral da República.
Passou cinquenta anos da sua vida a defender uma sociedade mais justa. Com 71 anos foi eleito Presidente da República. Disse na tomada de posse: "Estou aqui para servir o país. Seria incapaz de alguma vez me servir dele..."
Recusou viver no Palácio de Belém, tendo escolhido uma modesta casa anexa a este. Pagou a renda da residência oficial e todo mobiliário do seu bolso. Recusou ajudas de custo, prescindiu do dinheiro para transportes,não quis secretário, nem protocolo e nem sequer Conselho de Estado. Foi aconselhado a comprar um automóvel para as deslocações, mas fez questão de o pagar também do seu bolso. Chamava-se Manuel de Arriaga e foi o primeiro Presidente da República Portuguesa.
 A segunda República viveu-se entre 1926 e 1974 com cinco titulares(Mendes Cabeçadas,Gomes da Costa, Óscar Carmona, Craveiro Lopes e Américo Tomás). Carmona foi aquele que mais tempo permaneceu no cargo de chefe de Estado; entre 1926 e 1951: 25 anos. Ele e Salazar, conseguiram fazer o jogo do «Roque e da Amiga».Isolaram-se no casulo da férrea submissão popular, reprimiram a libertinagem pela redução da liberdade e,impuseram um clima de vigilância serrada contra a corrupção.
 Os 48 anos de republicanismo exacerbado, não permitiram ao Povo português uma abertura expansionista como seria desejável,antes mantiveram uma situação social controlada que evitou indisciplina laboral,fidelidade no respeito pelos valores morais e ausência de escândalos que são hoje o pão nosso de cada dia.
 Infelizmente a terceira República nos quarenta anos que leva de liderança constitucional não tem primado pela transparência política. Se Spínola e Costa Gomes não tiveram tempo para aquecer os lugares e nada tenham que se lhes aponte, a não ser de ordem política, já o mesmo não aconteceu com os três seguintes que já terminaram os seus mandatos: enquanto Ramalho Eanes passou incólume à corrupção e a aproveitamentos ilícitos, Mário Soares não soube ser «o pai da democracia portuguesa». Deu várias voltas ao mundo à custa do erário público, fez vista grossa a excessos perdulários e, nem pouco mais ou menos prescindiu de mordomias, como fez Arriaga. O Estatuto que promulgou a seu favor (e contra o seu antecessor) e os rancores que ainda agora saem da sua boca, não abonam, em nada, o epíteto que aceita e reclama de pai da democracia. Jorge Sampaio também aceitou aquele estatuto e ainda   recebe uns «gratificados», como por exemplo na Capital Europeia da Cultura. Para esses não houve crise. E Cavaco Silva não se livra das críticas à falange de «amigos do alheio» de que se rodeou quando foi primeiro ministro.
                                              Barroso da Fonte

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