sexta-feira, 14 de novembro de 2014

ABADIM CHOROU A PASTORA -Poema inédito de Abílio Bastos




ABADIM CHOROU A PASTORA

Há sempre uma Primavera,
Onde existe uma pastora...
De voz doce e sedutora,
Guia um rebanho bailando…
Qual mancha branca ondulando,
Há sempre uma flor que cresce,
Que o sol de mansinho aquece. 
Onde existe uma pastora...
E é tão linda, a Primavera...
Quando existe uma pastora...

Pelas nuvens, a pastora escolhe o tempo
E o som prás palavras que desenha
Nas cores de um arco-ires uma ribeira
Num bailado de cigana, uma montanha.
E é mais linda a Primavera...
Quando existe uma pastora...

Poema inédito de Abílio Bastos, 1959

Nota: Eram duas pastoras, as irmãs,
 Piedade e Celeste, que com outras 
crianças pastoreavam o gado pelos montes. 
Os avós, 
Francisco e Joaquina donos da Adega do
 Carvoeiro, no Porto, chamaram as netas para
 junto deles. As duas irmãs deixaram 
os montes de Abadim, em 1959. A falta da loira
 beleza da Piedade deixou um vazio. Daí o poema
 do Abílio. Passou a fazer 
petiscos para os ferroviários da Estação da
 Trindade que eram dos lados do Alto Douro e 
Vale do Tua. Era na Travessa das
 Liceiras, do lado direito da rua Fernandes Tomás à Trindade, para quem
 vem da rua do Bonjardim... Já nada existe e mesmo
 a Piedade partiu para sempre.

Jorge Lage – jorgelage@portugalmail.com – 25OUT2014
jorgelage@portugalmail.com

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