Bem, se o flaviense, Alpoim Calvão, tivesse nascido a Sul de Rio Maior
haveria uma forma de o elevar.
A sorte dos trasmontanos não é igual aos demais. Ninguém os defende. Então
as condecorações? Os relevantes serviços à Pátria?
Goste-se ou não de Alpoim Calvão a sua vida teve aspectos lendários.
Mas a sua biografia é extensa e está escrita.
Mediocridade e espinha de cobra não tinha.
Nunca o vi, que me lembre, embora ambos tivéssemos um grande amigo comum.
A diferença ideológica nunca deve ser motivo para não reconhecermos o
mérito ao adversário e, até, ao inimigo.
Se não defendermos nós os trasmontanos, quem os vai defender?
Temos tantos heróis e génios vivos a governar-nos que nos atiraram e vão
continuar a atirar para a miséria. Aguardam-se cenas dos próximos capítulos
dentro de de um ano.
Tributo ao Comandante Alpoim Calvão
A leitura do texto seguinte, só me suscita, assim de repente, o seguinte
comentário: o mínimo que qualquer pessoa de bem pode exigir a quem deveria
mandar no buraco (RTP) será a mais rigorosa responsabilidade (despedimento com
justa causa) à dupla de canalhas: o que redigiu a notícia e o que chefia o
departamento.
Por mim, tive o privilégio de, na absoluta impossibilidade de ter estado
presente no funeral, não ter faltado à Missa do Sétimo Dia, na última 2ª feira,
na Igreja Paroquial de Cascais, e
contribuído - assaz modestamente - no final da Cerimónia, para uma singelíssima
homenagem que o nosso Comandante - porventura, com o Coronel Marcelino da Mata,
o último Herói da História de Portugal - lá do Alto terá, seguramente escutado
com enlevo.
NT
Hoje fiquei na dúvida entre vir para o escritório ou ir directo ao
Aeroporto comprar um bilhete de avião só de ida para um destino qualquer, não importa qual, mas longe daqui, e não mais voltar.
É o que me apetece de há uns tempos largos a esta parte.
Confesso que fiquei arrasado, embora não me deixe abater facilmente, quando
tomava o meu pequeno-almoço,
com a TV no Canal 1 para ouvir, como sempre, se alguma coisa de novo tinha
acontecido, e dou com esta notícia:
- "Morreu Alpoim Galvão. Alpoim Calvão foi o fundador do MDLP e o
responsável pela destruição e incêndio de várias sedes do PCP pelo
País fora no Verão Quente de 75 e o coordenador da tentativa fracassada de
invasão da Guiné Conacri para resgatar prisioneiros de guerra".
Todas as nações têm direito aos seus heróis nacionais, menos Portugal.
Os novel países de África têm os seus heróis da Guerra Colonial: Angola
tem, Moçambique tem, a Guiné tem.
Todos eles são respeitados, até por Portugal, e quando um qualquer alto
dirigente de Estado se desloca a esses países presta-lhes homenagem. Menos Portugal em relação aos seus ? já nem digo heróis ?
ex-combatentes, vivos ou mortos.
Ou seja: a única coisa que a redacção da RTP 1, de onde saem as notícias
lidas por um pivot qualquer, neste caso uma pivot, teve para dizer sobre o Alpoim Galvão foi aquilo, para mais com um erro gravíssimo de
propaganda político-ideológica, que foi o de dizer:
- primeiro, que o resgate de 20 e tal prisioneiros de guerra em Conacri foi
uma tentativa de invasão desse país, quando não foi e só a propaganda complexada de esquerda a que temos de assistir diariamente nas
TV e a ignorância inaceitável generalizada que este "lugar, ainda por cima
mal frequentado" alimenta, justifica uma bestialidade destas;
- segundo, que foi fracassada, como se a chamada Operação Mar Verde em
finais de 70 não tivesse sido um êxito total e, pode dizer-se, como já alguém
que lida com estes temas a sério mo disse, um 'case study' internacional de
operações e estratégia militar.
O maior erro em que uma análise crítica da história pode incorrer é tentar
dar uma visão das coisas e dos factos segundo critérios actuais do momento em que é feita e não segundo os critérios que na altura da
verificação desses factos e situações históricas existiam e construíam os
padrões de comportamento, os momentos históricos dominantes de regime, de
sistema e ideológicos; em suma, fora do espaço e do tempo em que existiram.
Desse erro, que é claramente intencional, nascem as bestialidades como a
que a pivot do noticiário transmitiu.
O Alpoim Galvão foi, seguramente, um dos militares mais condecorados da
história militar Portuguesa e, em particular, da Guerra Colonial e por actos em
combate, tal como os outros heróis de outras nações com direito a serem
respeitados e aclamados. E acreditava no que fazia e regia-se pelas regras,
normas, princípios e sistema político e de organização Político-Administrativa
do País, que na altura o orientavam.
E é na base desses princípios e regras do Sistema que ele pode e deve ser
olhado, como herói, grande combatente, como outros, de que nos devemos orgulhar
e não envergonhar.
Portugal tem vergonha da parte da sua História contemporânea que passou
pela Guerra Colonial.
O Sistema actual, por complexo, por submissão complexada, por estupidez,
por ignorância e má-formação colectiva, por manipulação política e ideológica inaceitável, evita e ignora quem por lá passou e deu
a sua juventude por ela sem grande contra-partida, como se vê, e, alguns, a sua
vida, por esses valores.
Conheci alguns e até tenho um grande amigo, mais novo, AA, cujo pai foi
barbaramente morto em combate e que o MFA e o Governo da altura tudo fizeram
para não darem a pensão de sangue à mãe e assim esteve e a isso se sujeitou por
uns largos anos, até o Ramalho Eanes ter posto os pés à parede e ter exigido
justiça.
Pobre país este!
O Alpoim Calvão foi muito mais do que o que aquela ignorante disse hoje no
telejornal.
A única coisa que lamento na minha vida é o tempo, pois quanto ao resto
voltava a fazer tudo rigorosamente como fiz; é o tempo passado que não me traz de volta os meus pais e os meus irmãos; é o tempo que não
me traz de volta os meus 20/30/40 anos.
Ah, se eu tivesse esses 20/30 ou 40 anos e estivesse nessas idades a viver
este triste vendaval em que esta terra está mergulhada, o que eu não era capaz
de fazer...
(Lupi Fialho, ex-aluno do Colégio Militar)
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Cemitério dos Olivais: Última homenagem ao comandante Alpoim Calvão
(1937-2014), por uma Companhia a três pelotões de Fuzileiros, com ternos de
clarins.
Aproximação do Estandarte Nacional, à Guarda do Corpo de Fuzileiros
Continência à Bandeira
Estandarte Nacional integrado na Guarda de Honra A força em posição de
"Funeral Armas" à aproximação do féretro (1)
A força em posição de "Funeral Armas" à aproximação do féretro
(2)
Cortejo fúnebre - o carro que antecede o carro fúnebre, transporta as
insígnias do falecido
Um pelotão procede às Salvas da Ordenança - 3 Descargas (1)
Um pelotão procede às Salvas da Ordenança - 3 Descargas (2)
Um pelotão procede às Salvas da Ordenança - 3 Descargas (3)
Transportadas por dois Oficiais Subalternos, as Condecorações, o Bicórneo, a
Espada e a Boina de Fuzileiro
Urna transportada por Fuzileiros, à entrada para o crematório
Destroçar da Força
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