segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Nossa Senhora do Amparo - Mirandela


Jorge Lage

 1- As Festas da Senhora do Amparo de Mirandela, em 2014, definharam? – Dizem que, este ano, a Marcha Luminosa não tinha tanta luz e terá havido menos entusiasmo dos figurantes. Onde estão os grupos garbosos das Terras de Isaltino, perdão, de Oeiras, que abrilhantavam a Festa? Dizem que foi a chuva que afastou a gente? Mas, já houve anos que a chuva ameaçava e todo o concelho e os vizinhos cumpriam a promessa, feita logo ao desfazer da Festa anterior: Oh! Senhora do Amparo// Eu p’ró ano lá hei-de ir,... E voltavam! A pé, em pequenos ranchos de vizinhos, «camboios» e mais «camboios» a abarrotar de gente, da corda de Macedo e de Bragança e do vale do Douro e do Tua, para partirem à noitinha, até de madrugada. Outros chegavam nas «caminhetas» da corda de Valpaços, de Chaves, de Murça, do Vale da Vilariça, de Alfândega ou Vinhais. Outros, ainda, apareciam a cavalo em burras, machos e cavalos, conforme as posses e a agilidade. Depois, havia sempre um curral, um cortelho, um eirado e até no mítico areal das lavadeiras de Mirandela, onde guardar as bestas bem arreadas e o farnel por perto. Tempos da nossa história monográfica recente e que a maioria já esqueceu. Voltando às Festas da Senhora do Amparo de 2014, alguns chegam a atirar que não havia mais 30% ou 40% da gente das boas romarias de anos recentes. Terá a «orquestra dos Bombos» esmorecido um pouco? As festas são como a vida têm que evoluir na continuidade, o que pressupõem criatividade e respeito pela tradição. Se as pessoas pensam que com uns foguetes, duas ou quatro bandas de música e um conjunto de espanta gente pela barulheira infernal, têm as ruas da cidade cheias, desenganem-se é preciso muito mais. Aliás, as festas são cada vez mais e a gente cada vez menos. Dizem que o fogo-de-artifício foi o habitual, o que é um bom sinal do Município e da Festa. O foguetório foi sempre uma das boas imagens de marca das Festas. Eu não fui à Festa, até podia dizer que «a festas, bodas e baptizados só vão os convidados». Contudo, faltaria à verdade, porque o Jerónimo Pinto convida-me sempre, sempre e este ano também. Acredito que a Comissão de Festas deu o seu melhor e a minha crítica deve ser vista, apenas, como uma reflexão. Porque, dizem, mirandelenses atentos, que as festas perderam muito romeiro e forasteiro, talvez sejam os tempos da crise a «ajudar ao pálio».


2- Uma bela oração poemada à Senhora do Amparo, de Maria Augusta Ribeiro – Para se escrever com tanta profundidade, com tantos sentimentos, emoção e imaginação tem que se estar de bem com a vida e ser-se mestre na arte de poetar. A nossa poetisa continua a saborear a vida com o que tem de belo na dança das letras. Depois lá longe, no seu reduto solitário tem sempre uma palavra amiga, de conforto com quem não vê a vida fácil. O poema inédito que fez à Senhora de Mirandela, «Nossa Senhora do Amparo», que saiu na edição do jornal das festas, foi do melhor que tem produzido. Por isso, lhe mando um sentido e grato abraço de parabéns, esperando que a sua musa e engenho poético nunca a abandonem por muitos e muitos anos. Mirandela deve orgulhar-se da talentosa poetisa, pena é que as Escolas e outras instituições se tenham esquecido de a chamar para momentos especiais. O poema à «Nossa Senhora do Amparo» até tinha ficado bem na «Missa Solene da Festa», seria uma bela oração à Mãe de Jesus e, para muitos, valeria muito mais que alguns sermões gongóricos. Os seus belos poemas são sempre da primeira leitura, que releio por prazer e por querer voar nas asas da imaginação. Parabéns a Maria Augusta Ribeiro! Parabéns ao Notícias de Mirandela por dar sempre aos seus poemas um toque de distinção e de cor, que bem merece!



Sem comentários:

Enviar um comentário

Uma ideia peregrina