segunda-feira, 15 de setembro de 2014

O 28º congresso de bruxas, na «universidade de Verão» em Vilar de Perdizes



Por:  Barroso da Fonte
Parodiando os cursilhos partidários que se realizam um pouco por todo o país e a que chamam «universidades de verão» desta ou daquela formação partidária, também em Vilar de Perdizes decorreu o 28º congresso de medicina popular, entre 4 e 7 do corrente.
Padre Fontes
Esta última edição foi diferente das anteriores, nalguns aspectos: o mediático padre Fontes delegou na Presidente da Direcção da Associação da Defesa do Património de Vilar de Perdizes, Deolinda Silva, e num grupo de trabalho da mesma colectividade, constituído por um alargado leque de pessoas das diferentes sensibilidades locais. Por outro lado, o Padre Fontes, que foi criador desse congresso e que desde 1983 não mais aceitou que terceiros se intrometessem na sua organização, incluindo a Câmara Municipal de Montalegre, solicitou ao actual bispo da diocese D. Amândio Tomás que fosse substituído nas suas paróquias, quando completou meio século de actividade religiosa. O prelado aceitou a resignação e colocou nas mesmas paróquias (Vilar de Perdizes e Meixide), o Padre António Joaquim Dias, mais conhecido por Padre Tó Quim que é, simultaneamente, o capelão da Unidade Militar de Chaves. Com esta renovação organizativa e com o habitual apoio logístico da Câmara Municipal, nomeadamente com a cedência de vários e apropriados quiosques, o congresso respirou outra fluidez. O cartaz do programa, a repercussão sonora das comunicações e a escolha dos moderadores foram aspectos louváveis. Quatro dias bem preenchidos com cerca de três dezenas de comunicações, acerca de temas recorrentes mas sempre actualizados e expostos, alguns com recurso às novas tecnologias.
Abriu o Congresso o Presidente da Câmara, Prof. Orlando Alves, que teve palavras de circunstância para com os responsáveis e saudações de boas vindas aos congressistas. Ali marcaram presença representantes das mais exóticas áreas do oculto, do psiquismo, do paganismo e da parapsicologia. Falou-se da romanização deste vale fronteiriço do sopé do Larouco, dos vestígios dos povos iberos e célticos, das vias romanas e das batalhas decisivas, desde o reino da Galiza (411), à de Aljubarrota (1385); da importância das termas de Chaves; das implicações luso-galaicas, das trocas do contrabando, e do bom acolhimento aos refugiados durante a guerra civil de Espanha.
Num congresso onde tanto se falou do oculto, relembrou-se a decisão do papa Francisco que em Junho último autorizou o exercício do exorcismo. Introduziu-se o desporto como factor integrante na medicina desportiva («free trail running»), através da presença de um animado grupo de jovens atletas, que no penúltimo dia promoveram provas demonstrativas com cerca de 400 aderentes, usando as rotas do contrabando. Finalmente, clarificou-se a recente reedição do Aparato Histórico sobre a santidade de Afonso Henriques, da autoria de José Pinto Pereira, em 1728. Em 2013, no 27º congresso, foi ali anunciada a redescoberta dessa tese de doutoramento que chegou até nós em latim erudito e que o autor desta nota deu a conhecer em artigo inserto no jornal Notícias de Guimarães em 7/10/2011.


O juiz desembargador Narciso Machado publicou, em Maio último, um opúsculo onde explica, antes que mais alguém o fizesse, e faz uma síntese historiográfica desse «achado bibliográfico», de que resultou a tradução para Português. Tivemos o gosto de mostrar aos participantes deste 28º congresso, as «provas do crime».
Desta última edição do Congresso de Medicina Popular não podemos deixar de referir a apresentação do livro autobiográfico de Sónia Guerreiro, pseudónimo literário de Deolinda Silva, a que chamou Pegadas que ficam. Natural de Vilar de Perdizes, estudou em Chaves, trabalhou em Angola e aposentou-se como chefe dos Serviços Administrativos da Escola Secundária de Ribeirão (V. N. de Famalicão). Ligada, como dirigente, a diversos serviços, como a Cruz Vermelha de Montalegre, Sónia Guerreiro, aliás Deolinda Silva, reapareceu em grande plano com este seu terceiro livro e prepara já numa monografia da freguesia que o Padre Fontes transformou na capital da medicina popular. O mau tempo que se fez sentir prejudicou, substancialmente, os dois últimos dias. A compensar alguma falta de público, avultou a qualidade organizativa. E lamenta-se o desinteresse dos canais generalistas de televisão, em contraste com o destaque mediático de outros tempos.

Barroso da Fonte



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