Em 1893,
o banqueiro J.P.Morgan, de Wall Street,
emprestou ao presidente americano Grover Cleveland, 65 milhões de
dólares em ouro para que o país pudesse manter o padrão-ouro, e evitasse uma
depressão económica.
Essa
intervenção, permitiu que o país alcançasse um período de crescimento que
durou até ao Pânico de 1907, provocado por F. Augusto Heinze, um investidor sem
escrúpulos que havia captado as graças dos banqueiros e teria provocado um
colapso total do sector bancário quando
a sua tentativa de monopolizar o mercado do cobre falhou. Um só homem colocara
em risco as poupanças de centenas de milhares de depositantes e empurrara o
país para a bancarrota
Quem chamaram
para resolver a crise? J.P.Morgan! Que nesta altura tinha setenta anos. Em doze
minutos conseguiu mobilizar o dinheiro suficiente para evitar que o mercado de
acções se afundasse num crash que seria catastrófico. Do seu bolso,
desta vez, avançou com 30 milhões!
Esta
história foi bem contada por Bill Fawcett, por essa razão a não repetimos. O
que aqui nos interessa ressaltar é o papel deste banqueiro enorme, hoje uma
lenda no mundo financeiro. Porque é que Morgan actuou dessa forma? Porque olhou
para o bem geral, para o bem comum. E para isso obrigou os que tinham dinheiro
a fazer reverter a sua riqueza para a economia em geral. Dessa forma todos
ganharam: o país que não entrou em colapso, e com o regresso à prosperidade,
quem investiu acabou por lucrar.
E porque
é que Morgan olhou para o interesse geral? Porque foi um financeiro de mérito,
não recebeu de mão beijada a fortuna por tradição familiar. Trabalhou-a,
conquistou-a. Como conquistou um enorme respeito dos seus pares. Todos, sem
excepção, ouviam os seus conselhos.
Com as
devidas distâncias e diferenças, o Governador do Banco de Portugal (Carlos
Costa) e o Governo, no caso BES estão a repetir o processo Morgan. Esperamos,
sinceramente, que se obtenham os mesmos resultados.
Mas
dizem certas vozes que esta solução tem um senão. Coloca no mesmo saco pequenos
e grandes accionistas. J.P.Morgan, para salvar o país, não salvou todos os
bancos. Optou. Salvou os que lhe davam garantias, os outros deixou-os afundar.
Armando
Palavras
Post-scriptum
Podem
agora, depois da derrocada do Grupo em questão, aventarem-se as hipóteses mais
sérias (ou as mais delirantes) para acabar com estas tramoias. Separar bancos
de investimento de bancos tradicionais; fazer com que todos os bancos (da
Europa) revelem tudo o que fazem as suas
subsidiárias, obrigá-los a declarar os activos que detêm fora da sua jurisdição
de origem; criar até unidades especiais de investigação ao crime financeiro e
económico, liderada pelo Banco Central Europeu.
Tudo
isto se deve fazer, mas o mal está, fundamentalmente, nas “más leis”, ou seja,
nas leis danosas.
É sabido
que nos escritórios deste Grupo (quando se deu o caso Portucale),
chegaram a ser encontradas minutas de lei. O que indiciava a
proximidade entre os responsáveis do Grupo e elementos do Governo. Que, à
época, era liderado por José Sócrates (Revista Tabu, Sol, nº 408,
27 de Junho, 2014, p. 38).
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