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Jorge Lage
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1- A
Tia Maria, «a criminosa» do mundo rural – Não tenho sido simpático com os
grupos europeus, secundados pelos «podengos portugueses», cujo «braço armado
avançado» parece ser a ASAE,que querem destruir, «criminosamente», a nossa
pequena economia rural familiar. Lembro-me de há 50 anos os nossos agricultores
para escoarem os pequenos excedentes, pegarem em meio rasão de chicharros, um
frango ou meia dúzia de ovos para fazerem uns magros escudos, para ajudarem a
comprar um retalho de cotim ou de chita, ou um cartucho de mercearia que tanta
falta lhes fazia. Com a entrada na União Europeia foram apertando o cerco a
esta nossa economia rural para a liquidar sem dó nem piedade. Pagaram, com o
«Cavaco» a ajudar ao palio, para não produzirmos os bens de sobrevivência e o
caminho foi a miséria e a humilhação internacional. Quando Paulo Portas estava
na oposição levou para o Parlamento estes desmandos, simbolizados no último
pacote de amêndoas de Portalegre confitadas, artesanalmente. Com a entrada
deste «defensor do mundo rural» o quadro negro ia mudar, pensei eu. Mas, agora
no poder, a estes «maus costumes, disse nada» e continuamos a ser tratados por
criminosos. A Tia Maria, de 83 anos, (assim circula na net) é criminosa se
vende na feira um ou dois queijos que lhe sobejam. Se cozer uma fornada de pão
no forno comunitário e um vizinho lhe quiser ficar com um é criminosa. Se fizer
um bolo saudável e sem os «venenos» que lhe adicionam nas padarias, é
criminosa. Dizem-me, em Mirandela, que se o agricultor levar dois cestos das
suas uvas para pisar na sua casa passa a ser criminoso. E se colher uma cesta
de azeitona para quartilhar ou fazer alcaparras tem de levar uma guia para
chegar a casa, se não é mais um criminoso. Na Espanha acautelaram a pequena
economia rural de subsistência dos desmandos da União Europeia. Por cá os
nossos políticos e os mangas-de-alpaca são galgos adestrados na caça e
destruição da nossa pequena economia de subsistência e da nossa
cultura-sociológica tradicional. Na cidade de Bruxelas, sugerido pelo posto de
turismo oficial, bebi vinho doce quente a copo numa barraca de um largo e numa
grande avenida, montaram num passeio, exíguas barracas de madeira, onde comi
por 15 euros um prato de cogumelos silvestres. Se fosse por cá, vinha a ASAE e
fechava o negócio ocasional porque os cogumelos não tinham factura, não havia
água canalizada e o vinho a copo não tinha marca registada. Por cá, os
políticos preferem destruir a nossa pequena economia rural e importar produtos
contaminados com químicos, sejam com fertilizantes, corantes ou conservantes.
Por isso, além de pobres ficamos menos imunes às doenças, principalmente às
malignas. Quando comprar algum produto agrícola ou artesanal vou considerá-lo
uma oferta e eu posso retribuir com dinheiro ou outro produto.
2-
Vespa do Castanheiro, a praga já chegou a Portugal – Infelizmente, já chegou a
praga, «Vespa do Castanheiro», ao nosso país e, nesta Primavera, foi
fotografada no seu estado larvar na região de Barcelos por técnicos dos
serviços agrários do Ministério da Agricultura e do Mar. Esta praga veio,
possivelmente, à boleia de algum viveirista, porque a comercialização de
árvores no espaço europeu é incontrolável e as doenças vão-se propagando nas
próprias árvores para plantação. Aliás, quase tudo, no que concerne às
fitopatologias (doenças das árvores e arbustos), parece vir da China ou
Oriente, como aconteceu há cerca de 200 anos com a «doença da tinta» do
castanheiro e, há uns vinte anos com o «cancro do castanheiro». Ainda não temos
as outras duas pragas dominadas e a «Vespa do castanheiro» ou «Vespa dos galhos
do castanheiro», com o nome universal «Dryocosmus kuriphilus Yasumatsu», já
começou a causar estragos no souto lusitano. Tínhamos dito, em texto anterior,
que era responsável pela subida do preço da castanha na safra nacional de 2013,
porque foi a causadora da diminuição de produção em Itália e França, vindo
estes dois mercados a abastecerem-se no nosso país. Esta dendropatologia
apareceu no Japão em 1941 e foi referenciada, sucessivamente, na Coreia em
1961, na América do Norte (Geórgia) em 1974, na Itália em 2002, na França em
2005 e em 2013 na Espanha (Catalunha). Sendo assim, estamos em crer, que em
2015 se irá já fazer sentir alguma quebra na nossa produção, se o mal não for
atacado de uma forma eficaz, servindo-se, para tal, dos conhecimentos de
fitopatologistas europeus para combaterem esta nova praga.
3-
Poupar e educar para a sustentabilidade em Montalegre – Numa visita que fiz à
abertura Feira do Livro de Montalegre, num espaço amplo e agradável, entre os
vários projectos associativos e educacionais, chamou-me especial atenção um de
troca de livros escolares, promovido pela Biblioteca Municipal e sua Directora,
Gorete Afonso, para se evitarem gastos supérfluos. Mas, para além da criação de
bons hábitos na economia familiar, reutilizar manuais é uma boa prática de
educação para a sustentabilidade e qualidade de vida. Afinal, em países mais
ricos, como a Holanda, a compra de materiais em segunda mão é uma prática
estimulada e praticada pela população, passando os materiais escolares de uns
para outros (sem recibos doentios dos nossos políticos e mangas-de-alpaca). Um
meu amigo de colégio (e homónimo no apelido), pai de uma das alunas com quem
conversei, confessou-me que a filha, aluna do 1.º ciclo, lembra à mãe que não
precisa do que ela lhe quer comprar, dizendo: - óh mãe, eu não preciso disso,
tenho roupa suficiente! Pareceu-me que a Professora Lúcia, será responsável
pelo muito saber tradicional dos alunos e pela educação para a poupança, rejeitando
o que não lhes faz falta. Os Alunos do 1.º ciclo estavam motivados e
participativos, alavancas importantes da aprendizagem.
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