quarta-feira, 2 de julho de 2014

Notas de Rodapé (109) - III -Associação Cultural e Festiva «Os Sinos da Sé»

Fotografia - Jorge Lage
Jorge Lage
5- Associação Cultural e Festiva «Os Sinos da Sé» (de Braga) – Não vos vou falar dos sinos de bronze que tangem ou repicam em momentos de alegria, de tristeza e de revolta. Outrora marcavam o tempo e anunciavam ou informavam o que se passava nos povoados. A Associação Cultural e Festiva «Os Sinos da Sé» é um grupo a que me prendem fortes e inquebráveis laços de gratidão. Sempre que eu (sócio n.º 1) apresento um livro na Casa de Trás-os-Montes e Alto Douro em Braga, eles aparecem de surpresa, sem se fazerem anunciar, cantam quadras alusivas à castanha e ao S. Martinho, contagiam. Fazem-me viver momentos mágicos e de sonho, ou seja, por minutos tenho o privilégio de viver o Céu na Terra. Ouvi-los soa sempre a novidade e a alegria. O Director e principal animador deste grupo é o Mestre (em quase tudo) José Hermínio Machado, de Terras de Jales e radicado em Braga. O grupo é heterogéneo desde professores catedráticos a médicos, gestores,… Tanto são capazes de actuar ao ar livre como em salão ou animar uma missa. O José Machado, um dos maiores folcloristas nacionais, pouco antes da comemoração dos quinhentos anos da chegada dos navegadores portugueses a Malaca, teve uma bolsa de um mês para estudar e contactar o bairro português de Malaca, de onde trouxe algumas canções e danças que foram cantadas e dançadas em Portugal pela primeira vez. Agora, adoptou para o final das suas mensagens um excerto da conversa tida com o malaio (de Malaca), Noel Félix, descendente  dos primeiros portugueses por aquelas longínquas paragens, em dialecto dos portugueses de Malaca: «Nussa linggu kum alma nang podi kompra kum pataca. Nus papia mutu tantu antigu, linguasa di cinkocentu anu». Traduzindo, «A nossa língua e alma ninguém pode comprar com pataca (dinheiro). Nós falamos à antiga, linguagem de 500 anos». Os Sinos da Sé não se deixam comprar, mas gostam de levar a cultura, a alegria e alma do povo a onde os convidam para actuar, desde que seja feito o convite com bastante antecedência. Contacto (969059230 ou zecostamachado@gmail.com ).

Jorge Lage – jorgelage@portugalmail.com
 – 23MAI2014
Provérbios ou ditos:

             Feno alto ou baixo, em Junho é segado.
             Uma vima na segada vale por uma estrecada.
             Quem a bodas bai, deixa mais que trai.

Vira Alegre de Palmeira *

Quantas vezes o sol nos beija o pão!
Quantas vezes a fé nos abre o mar!
Assim olhamos a flor no chão,
Assim ouvimos as aves pelo céu cantar!

Quanta alegria vai
Correndo pelos campos além:
São os dias para semear
Com as mãos de toda a gente de bem.

Quantas vezes o céu nos marca a voz!
Quantas vezes a dor nos dobra a luz!
Assim buscamos saber de nós,
Assim guardamos os sons que a tradição conduz!

Quanta saudade sai
Dos olhos que nos falam de amor:
São a água pura que nos cai
Dos lábios de toda a gente em redor!

*José H. Machado – «Vira alegre de Palmeira» uma simbiose de popular com erudito, musicado por António da Costa Gomes. Porque entrou para o grupo a renomeada cantora lírica soprano e Professora Teresa Couto, na sua estreia folclórica inovou-se.


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