COSTA PEREIRA Portugal, minha terra. |
Feita a visita vale a pena voltar pala Rua do Palácio
e Rua da Sé, em busca da Rua Direita, para aqui, entre as portas 111 e 113,
além da "Loja dos Linhos" apreciarmos a fachada da Casa do Conde de
Vila Flor, neste caso daquele que foi: "António José de Sousa Manuel e Meneses Severim de Noronha,11º Capitão
General dos Açores, 7º Conde de Vilaflor, depois Duque da Terceira. Foi
Comandante dos exércitos liberais e membro da regência de D. Maria II. Chefiou
o exército liberal na batalha de 11 de Agosto de 1829, na Praia, depois chamada
"da Vitória". Depois de termo-nos aqui, com vagar e desejo de
ver, a reparar na harmoniosa estrutura arquitectónica da malha urbana que
caracteriza a cidade e que a antiga Rua Direita, com "uma largura de 10 metros (45 palmos), excepcional para a
época", se presta a servir como modelo do que "ultrapassado o tempo da génese" deu origem a uma Angra
moderna e nos alegra sobretudo por ser "com
uma identidade formal e estrutural claramente portuguesa". Tirando
partido desta ronda cultural, vamos agora repousar num destes 16 bancos da já
conhecida Praça Velha e deixar que a nossa mente percorra a distância que vai
daqui à Fortaleza de São Sebastião e
nos recorde que foi "Por sugestão de
Isidoro de Almeida, o arquitecto Tomaz Benedito de Pasaro quem desenhou, ao
gosto italiano, esta fortaleza. Foi terminada no tempo de El-Rei D. Sebastião
donde retira a invocação. Demonstra uma nova ideia de defesa costeira já
sensível e consciente das novas funções de apoio portuários ao contrário do
Castelo de São Luís, Memória - interior e desajustado à realidade das
ilhas".
Aproveitando este ambiente típico de Angra e que se
celebrizou na máxima "De vagar, de
vagarinho ou parado" é altura de fazermos o ponto da situação e também
calmamente nos concentrarmos no tempo e no espaço que deram acolhimento aos
eventos que têm servido de assunto à nossa descrição, para assim, melhor se
perceber toda a história desta porção de terra portuguesa que primeiro foi
chamada "Ilha de Jesus Cristo". E para isso nada como ter presente o
que muito bem documenta Artur Teodoro de Matos: "o infante D. Henrique recebe o senhorio das ilhas dos Açores em data
muito próxima do seu povoamento e as condições dessa doação devem,
naturalmente, inspira-se nas que lhe haviam sido dadas em 1433 para o
arquipélago da Madeira. Assim, ao infante, como seu donatário vitalício, eram
devidos todos os seus direitos e rendas delas, como lhe pertencia a jurisdição
civil e crime, excepto casos de morte ou mutilação, que eram julgados na Casa
do Civil de Lisboa. Poderia dar terras a quem entendesse, embora sem prejuízo
do foro do rei. A cunhagem da moeda não era permitida na ilha. D. Henrique foi,
assim, o primeiro donatário dos Açores até à sua morte, ocorrida em 1460.
Todavia, em data que não podemos precisar, o infante fez doações das ilhas de
Santa Maria e São Miguel à Ordem de Cristo, "com sua jurisdição civil e
crime, mero misto império, e com toda a espiritualidade". A Ordem de
Cristo, da qual o infante era administrador, ficaria apenas com a jurisdição
espiritual, cedendo a temporal aos donatários. Depois da morte do infante D.
Henrique, sucedeu-lhe D. Fernando (1460-1470) e, após este seus filhos, os
duques de Viseu e Beja, tendo exercido o cargo, na sua menoridade, a mãe, Dona
Beatriz (1470-1483), cuja acção na organização das capitanias açorianas foi
relevante".
A tarde já vai adiantada, e a hora do jantar
aproxima-se. No Angra Hotel, aqui na Praça Velha, ao fundo da Ladeira de São
Francisco, já nos espera, para bem nutrir, o chefe de cozinha, um minhoto de
Vieira, que nos sabendo de Basto não se cansa de elogiar o Monte Farinha;
enquanto nós, por deferência para com Angra, exaltemos o Monte Brasil.
Costa Pereira
Sem comentários:
Enviar um comentário