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Virgilio Gomes |
Trata-se de um prato que se identifica com a
região de Lisboa, e muitas vezes assumido como petisco. Algumas casas também
o servem a rechear um pão, como sendo uma sanduíche, a exemplo das famosas
bifanas. Infelizmente é, por vezes, este prato associado a uma comida mais
pobre não constituindo elemento da chamada gastronomia de elite. Que erro!
Não se sabe bem a data de nascimento deste parto
nem quem o pariu. Sabe-se que era muito popular nos inícios do século
XX na cidade de Lisboa. Parece que também era tradição ser vendido pelas
ruas, mas ao qual se juntava também o bofe e a fressura. Eram conhecidos na
gíria popular como “bifes de cabeça chata”, pelo facto de serem cortados
muito fininhos e também por serem de preço muito acessível. Eram presença
constante em tasca e tabernas e nalguns botequins.
Com a utilização versátil que tinham, as “iscas”
eram servidas com batatas, prato de refeição que se chamava “Iscas com Elas”,
ou então sem batatas, habitualmente como petisco, “Iscas sem Elas”. Eis então
a batata, já em plena ascensão e tradição de consumo, a determinar a
designação curiosa do acompanhamento preferencial das “iscas”. Consta que nas
casas de maior consumo, a frigideira onde eram confecionadas as “iscas”,
mantinha a gordura de fritura, sendo acrescentada quando necessário, e apenas
se lavava quando havia encerramento temporário do estabelecimento.
Acreditava-se que isso seria o segredo para a boa execução, também se fazendo
o mesmo para as bifanas. Não, hoje, em restaurantes que eu conheço, essa
prática já não existe. Há, felizmente, uma nova geração de restaurantes
preocupados em servir tradições locais que estão a reabilitar certos pratos
nos quais se incluem as “iscas”.
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