Gostaríamos
de os convidar para a inauguração da Exposição
Fotográfica “O México Fotografado por
Luis Buñuel”, que integra a programação do CINECOA 2013 - 3º Festival Internacional de
Cinema de Vila Nova de Foz Côa.
Na
edição deste ano, o CINECOA presta homenagem a Luis Buñuel (1900-1983), um dos grandes nomes da história do
cinema, e o Museu do Douro associa-se a este grande evento com a apresentação
ao público da Exposição Fotográfica “O
México Fotografado por Luis Buñuel” e a apresentação de cinco
dos seus filmes.
Luis Buñuel teve
uma carreira extremamente peculiar. Estreou-se como membro da vanguarda
parisiense em 1928, com Le Chien Andalou,
realizado em colaboração com Salvador Dali,
seguido de L’Âge D’Or.
Neste período foi membro do grupo Surrealista. Em 1930, passou seis meses em
Hollywood, contratado para a Metro Goldwyn
Mayer, onde se limitou a observar como eram feitos os filmes.
Regressa à Europa e em 1932 realiza um documentário em Espanha, onde permaneceu
algum tempo, colaborando em inícios dos anos 30 em várias produções comerciais,
a título de produtor, sem ser no entanto mencionado no genérico. Em 1939,
regressa a Hollywood, onde não consegue trabalhar, mas é contratado pelo
departamento de cinema do Museum of Modern
Art, de Nova Iorque, onde permanece até fins de 1941. Depois de um
período de desemprego, chega ao México em 1946, onde realiza de imediato El Gran Casino, com duas grandes vedetas
musicais. Esta foi a sua estreia nas longas-metragens de ficção, aos quarenta e
seis anos de idade. Instala-se então no México, onde viverá até à morte e onde
realizará vinte filmes. Mas apesar do impacto causado por Los Olvidados no
Festival de Cannes em 1951, Buñuel continuará
a trabalhar em produções modestas no México durante toda a década de 50, sem
obter reconhecimento crítico, embora alguns dos seus melhores filmes datem
deste período, como Él e Ensayo De Un Crímen. Em 1961 regressa
temporariamente a Espanha, onde realiza Viridiana, que causa um escândalo político
no seu país natal e o consagra definitivamente a nível internacional, quando já
passava dos sessenta anos. A partir de então, passa a trabalhar em França. Buñuel passou da vanguarda parisiense dos
anos 20 ao cinema comercial de um país subdesenvolvido, antes de adquirir o
estatuto de consagrado autor. Durante todo este tempo manteve-se fiel às suas
ideias e aos seus princípios, conseguindo o prodígio de subverter muitos dos
argumentos absurdos que filmava no México, sem os alterar. Realizou trinta e três
filmes, ao longo de quase cinquenta anos. Os cinco que apresentamos cobrem os
três grandes períodos da sua carreira, o da vanguarda, o mexicano e o período
final.
Neste
link encontram toda a informação disponível e os materiais promocionais
[Programação Filmes Luis Buñuel,
Fotos Filmes, Fotos da Exposição, Clips dos Filmes, Convite Inauguração],
relacionados com os eventos que vão decorrer no Museu do Douro: https://www.dropbox.com/sh/ cyp1m5m5nt55s6v/PiwUVsY8sF.
Segue em anexo, texto sobre a Exposição Fotográfica.
Neste
link encontram mais informação sobre o CINECOA 2013: www.cinecoa.com
Caso
desejem falar com o Diretor Artístico, João Trabulo, entre os dias 2 e 7 de
setembro, o seu contacto de telemóvel é o seguinte: 917 802 431.
Agradecendo
a vossa colaboração na divulgação deste evento, apresentamos os nossos melhores
cumprimentos.
Museu do Douro
O México Fotografado por
Luis Buñuel
Exposição Fotográfica | 7
Setembro - 30 Novembro
Nos arquivos da Filmoteca Espanhola, está disponível uma coleção
de fotografias realizadas por Buñuel para a localização dos exteriores dos seus
filmes mexicanos, e decidimos divulgar este material que ilustra o trabalho que
antecede a realização dos seus filmes. Para mostrar a minúcia com que escolhia
as localizações, colocamos ao lado da fotografia o fotograma correspondente à
cena rodada nesse local.
Ao estudar esta coleção, existem vários aspetos que se destacam.
Trata-se de um material bastante ilustrativo que ajuda a completar a visão
sobre este realizador.
Buñuel chegou ao México em 1946, quase por acaso, depois de
passar por uma série de atribulações. Num momento em que se encontrava sem
trabalho e sem pátria, este país acolheu-o e ofereceu-lhe trabalho, o que lhe
permitiu realizar os filmes que todos conhecemos. Foi lá que se estabeleceu e
residiu até à sua morte em 1983. Também foi no México que entre 1947 e 1965
realizou vinte filmes. Desses vinte filmes, encontramos nos referidos arquivos
fotografias dos locais de rodagem de doze deles. Obviamente, não há fotografias
de alguns locais filmados, ou porque as filmagens foram realizadas praticamente
na sua íntegra em interiores de estúdios ou porque em outros casos se tratava
de exteriores que lhe eram muito familiares e que não precisava de fotografar.
No entanto, há alguns casos em que ficamos surpreendidos por não encontrar
nenhuma imagem pelo que é a nossa convicção que essas fotografias se tenham
perdido.
Apesar de não se tratar de fotografias artísticas, podemos dizer
que têm uma qualidade suficiente para que constituam por si próprias um elemento
estético digno de admiração. No entanto, o seu valor mais significativo não é
este, mas sim o facto de fornecerem importantes chaves para conhecer melhor a
obra de Luis Buñuel e de nos mostrarem aspetos pouco conhecidos do seu
trabalho. Através das fotografias podemos constatar a sua forma de ver o mundo
e é possível ficar a conhecer algumas das suas obsessões.
Estas fotografias nunca tiveram uma entidade por si próprias,
fazem parte de um todo, são apenas mais um elemento do trabalho necessário para
a realização de um filme, como o pode ser a redação de um guião ou a seleção
dos atores; são fatores que, apesar de não serem percetíveis no resultado
final, fazem parte do mesmo e contribuem para que o seu cinema tenha a sua
reconhecida qualidade.
Importa destacar que em muitas ocasiões, o enquadramento da
fotografia do local coincide milimetricamente com o que foi utilizado
posteriormente no filme, o que demonstra que antes de filmar já tinha definido
a estética que procurava e a forma de a conseguir passar para o filme.
Ao contrário da imagem descuidada que temos de Buñuel ao
realizar um filme, o diretor preparava meticulosamente as suas filmagens. O seu
cinema é muito preciso, sem utilizar material nem tempo excessivo: na montagem
limitava-se praticamente a juntar o material filmado, uma vez que havia muito
pouco por onde escolher. Da mesma forma, as fotografias mostram que os locais
eram preparados minuciosamente. Muitas têm anotações manuscritas no verso, e a
maior parte delas indica o respetivo local, mas havendo também algumas que
indicam o nome do filme e inclusivamente a cena. Também há um grupo mais
pequeno de fotografias com indicações para a rodagem.
As fotografias também nos mostram uma perceção do México longe
dos roteiros turísticos e com uma sensibilidade frequentemente patente em
pequenos detalhes, na perceção da paisagem, no silêncio respeitador que evocam,
perturbado apenas por pessoas alheias a uma câmara que, como o próprio Buñuel,
passavam desapercebidos.
Podemos ver a Cidade do México do filme Los olvidados com os
seus bairros pobres, como Tacubaya, bem como as redondezas localizadas em
Nonoalco ou o cinema Teresa que se encontra no eixo central. Em El Bruto vemos
as casas humildes em que Buñuel situou as manobras especuladoras de um proprietário
sem escrúpulos. É numa casa semelhante que tem início a ação de Nazarin, que
podia muito bem passar-se na rua Héroes, próxima portanto da "cidade
perdida" de Los Olvidados . No ex-convento de Churubusco, próximo do
centro de Coyoacán, encontra-se o pátio onde Francisco, o protagonista de Él,
passou a sua reclusão. Para além disso, os seus muros servem para demarcar a
estranha casa onde vive. Num outro ex-convento, o de Carmen de San Ángel
voltarão a ficar fechados as personagens de O Anjo Exterminador depois de
conseguirem sair da mansão situada entre as ruas Horacio e Calderón da Barca no
bairro de Polanco.
O parque de Chapultepec foi o cenário pelo qual deambularam
Archibaldo de la Cruz ou Robinson Crusoe, filme este em que, segundo Jean Claude
Carrière, se filmou uma cena no balneário de San José Purúa.
Os filmes realizados fora da capital do México também resultam
interessantes. Por exemplo as cenas filmadas junto do mar de Acapulco, um local
bastante adequado para vários tipos de filmes, como afirma Juan Luis Buñuel, e
nas quais vemos retratado o seu mangal, o pequeno cemitério de Pie de la
Cuesta; ou espaços de grande valor ecológico para além de paisagístico, ideais
para as filmagens na água, como a lagoa de Pie de la Cuesta ou de Coyuca, a de
Puerto Marqués ou a de Tres Palos nas proximidades do Aeroporto de Acapulco,
locais utilizados para rodar filmes como Subida al cielo, El río y la muerte,
Los ambiciosos ou La Joven.
Os exteriores de Abismos de pasión foram filmados na Quinta de
San Francisco Cuadra em Taxco, Guerrero.
As fotografias das pequenas povoações retratadas por Buñuel
fornecem uma perspetiva do México muito aquém de qualquer pretensão estética.
Constituem um olhar afastado que enquadra uma paisagem onde se destacam as
ruínas, as igrejas, povoações com ruas de barro muito simples, árvores
magníficas, como aquelas pelas quais passou posteriormente Paco Rabal em
Nazain, filme que também foi rodado em Yecapixtla e noutras povoações do Estado
de Morelos: Atlatlahucan, Jonacatepec e Tlayacapan. Foi neste último que se
filmou a cena de uma criança a arrastar um lençol por uma rua deserta.
Percebe-se um certo fascínio pelos seus conventos remotos, construídos no
século XVI por monges augustinos e, talvez também, a lembrança do distante
mosteiro do Deserto de Calanda, a sua terra natal.
Ruínas como a do Moinho de Flores onde se desenrola uma cena de
La muerte en este jardín e locais desérticos como o Valle del Mezquital, onde
Simón del desierto fez a sua penitência empoleirado na sua coluna, acompanhado
pelo som dos tambores de Calanda, no último filme rodado por Buñuel no México
em 1965.
Esta exposição evidencia o trabalho escrupuloso levado a cabo
por Buñuel antes das filmagens. Estas fotografias, tiradas para encontrar os
locais onde filmar os exteriores dos seus filmes, complementam o trabalho
minucioso levado a cabo aquando da redação dos guiões, e demonstram o método
preciso com o qual filmava, método que lhe permitia filmar as cenas rapidamente
(sempre sem ultrapassar o tempo previsto), contribuindo para o baixo custo das
produções que dirigia, e que constituiu o requisito fundamental para poder
realizar uma obra pessoal, um cinema de autor que conseguiu manter as
limitações impostas pela indústria cinematográfica, capaz de trabalhar com uma
liberdade relativa para filmar filmes que se tornaram clássicos.
A exposição inaugura dia 7
de setembro, pelas 17h30, no Museu do Douro.
De "Jornal do Norte" para "Tempo Caminhado"
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