quarta-feira, 10 de julho de 2013

Savrola

Guernica - Picasso
 
O dr. Soares não é uma pessoa qualquer. Para além de nunca ter lido O Capital (obra fundamental de Marx), como ele próprio afirmou recentemente[1], (embora em 1943 se tenha filiado no Partido Comunista), é um político com um curriculum notável, para além de ser apreciado por um bom punhado de portugueses. E por essa razão tem direitos acrescentados, mas também deveres. Não precisando de incitar à violência para se fazer notado. Bem pelo contrário. Pelos deveres de um dos “pais da pátria”, devia ser comedido e ponderado.
Há uns meses largos a esta parte, tem-nos parecido ressabiado com qualquer coisa. Porque nos seus escritos, tem instigado os portugueses à indignação, ou mesmo à “revolta”. Ultrapassada essa fronteira, tornar-se-á o recuo “irrevogável”?
Ainda ontem (9 de Setembro), por exemplo, no seu escrito de opinião no Diário de Noticias, na rubrica “O tempo e a Memória”, escrevia: “ Esperem pelo que aí vem”. Para logo acrescentar: “Porque os portugueses estão fartos e começam a pensar que sem alguma violência[2] as coisas irão sempre de mal a pior”.
Na História recente lembramo-nos de Hitler e Estaline a incitarem os povos à violência. Como o fizeram os republicanos portugueses nos finais do século XIX e princípios do de XX, ou os revolucionários franceses. O que é que tudo isso deu? Uma mortandade sem precedentes que é conhecida de todos. No caso português houve um primeiro-ministro[3] (António Granjo) e um presidente da Republica (Sidónio Pais) assassinados.
O dr. Soares até é castiço. E não é isto, estamos certos, que pretende. Presumimos até que foi a maquinaria (computador) que trocou o termo. A nós já nos aconteceu várias vezes.

 
Winston Churchill, aquele gigante que conduziu o mundo à liberdade entre 40 e 45 do século passado e teve dificuldades nos estudos, não deixando porém, de ter recebido o Prémio Nobel da Literatura, escreveu o seu único romance em 1900, intitulado Savrola. Tinha 26 anos. Nele expôs as suas convicções politicas iniciais, através do protagonista. No fundo, trata-se de um depoimento (quase) didáctico sobre o darwinismo social. A dada altura o protagonista diz: “ … Não podemos dizer que o homem bom dominará sempre o patife; mas um evolucionista não hesitará em afirmar que a nação com ideais superiores será bem sucedida …”. Adiante acrescenta: “A evolução não diz “sempre”, mas “em última análise”. E finaliza com grandeza de alma:”Bom, em última análise, a civilização elevou-se para além da barbárie”.
Armando Palavras



[1] Numa das suas últimas entrevistas que não temos à mão. Por essa razão não indicamos o jornal (Público ou i)
[2] O negrito é nosso.
[3] Na época exercia um cargo equivalente.



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