Guernica - Picasso |
O
dr. Soares não é uma pessoa qualquer. Para além de nunca ter lido O Capital (obra fundamental de Marx), como ele próprio afirmou recentemente[1],
(embora em 1943 se tenha filiado no Partido Comunista), é um político com um
curriculum notável, para além de ser apreciado por um bom punhado de
portugueses. E por essa razão tem direitos acrescentados, mas também deveres.
Não precisando de incitar à violência
para se fazer notado. Bem pelo contrário. Pelos deveres de um dos “pais da
pátria”, devia ser comedido e ponderado.
Há
uns meses largos a esta parte, tem-nos parecido ressabiado com qualquer coisa.
Porque nos seus escritos, tem instigado os portugueses à indignação, ou mesmo à
“revolta”. Ultrapassada essa fronteira, tornar-se-á o recuo “irrevogável”?
Ainda
ontem (9 de Setembro), por exemplo, no seu escrito de opinião no Diário de Noticias, na rubrica “O tempo
e a Memória”, escrevia: “ Esperem pelo que aí vem”. Para logo acrescentar:
“Porque os portugueses estão fartos e começam a pensar que sem alguma violência[2] as coisas irão
sempre de mal a pior”.
Na
História recente lembramo-nos de Hitler
e Estaline a incitarem os povos à
violência. Como o fizeram os republicanos
portugueses nos finais do século XIX e princípios do de XX, ou os revolucionários franceses. O que é que
tudo isso deu? Uma mortandade sem precedentes que é conhecida de todos. No caso
português houve um primeiro-ministro[3]
(António Granjo) e um presidente da Republica (Sidónio Pais) assassinados.
O
dr. Soares até é castiço. E não é isto, estamos certos, que pretende.
Presumimos até que foi a maquinaria (computador) que trocou o termo. A nós já
nos aconteceu várias vezes.
Winston
Churchill, aquele gigante que conduziu o mundo à liberdade entre 40 e 45 do
século passado e teve dificuldades nos estudos, não deixando porém, de ter
recebido o Prémio Nobel da Literatura, escreveu o seu único romance em 1900,
intitulado Savrola. Tinha 26 anos.
Nele expôs as suas convicções politicas iniciais, através do protagonista. No
fundo, trata-se de um depoimento (quase) didáctico sobre o darwinismo social. A
dada altura o protagonista diz: “ … Não podemos dizer que o homem bom dominará
sempre o patife; mas um evolucionista não hesitará em afirmar que a nação com
ideais superiores será bem sucedida …”. Adiante acrescenta: “A evolução não diz
“sempre”, mas “em última análise”. E finaliza com grandeza de alma:”Bom, em
última análise, a civilização elevou-se para além da barbárie”.
Armando Palavras
[1] Numa das suas últimas entrevistas que não temos à mão.
Por essa razão não indicamos o jornal (Público
ou i)
[2] O negrito é nosso.
[3] Na época exercia um cargo equivalente.
Sem comentários:
Enviar um comentário