“Há males que vêm por bem”, diz o
povo. E, na verdade, esta crise politica, se por um lado foi prejudicial para o
país (que voltará a recuperar), deu-nos a observar um episódio de alta
inteligência politica, há muito desaparecida da sociedade portuguesa, mas agora
ressuscitada por dois protagonistas: Aníbal Cavaco Silva e Pedro Passos Coelho.
Representam os mais dois altos
cargos políticos (a de Presidente da república e a de Primeiro-ministro) da
Nação, e de há dois anos a esta parte, têm sido injustamente enxovalhados de
forma execrável por determinados sectores da sociedade portuguesa que, por via
de arquétipos hereditários, manipulam, instigam … “Fazem trinta por uma linha”.
Sejam grupelhos devidamente identificados, líderes de partidos da oposição,
“senadores”, “barões” e “baronetes”, “pais da pátria”, “patriarcas do Velho
Testamento”, comentadores irresponsáveis que comentam o que não sabem,
“camaleões” e “orelhudos”, responsáveis pela bancarrota e afins.
Num momento como há muito
Portugal não assistia, quiseram as leis cósmicas que o país fosse governado por
estes dois príncipes. Não estivessem eles no lugar certo e na hora certa e a
esta hora estávamos a caminho da mortandade do século XIX e da bordoada,
traulitada e chacina da Primeira Republica. Os instigadores bem o tentaram, mas
o Primeiro-ministro, imune à mediocridade costumeira, manteve-se firme e não
exonerou o ministro dos negócios estrangeiros. E na sua declaração ao país (que
muitos daqueles que no nosso crescimento nos habituámos a respeitar[1],
ridicularizaram) disse que o não abandonaria. Assim o disse, assim o fez. Por
sua vez, o Presidente da República, manteve a serenidade necessária para que a
coligação apresentasse uma proposta sustentável de governação até Outubro de
2015, e não convocou eleições antecipadas, como era pedido pela baixa política.
É que aquela quarta-feira deu que pensar. E o povo agora não vai em futebóis.
No momento em que escrevemos este
artigo, o Presidente da República já recebeu a proposta do PSD e do CDS, mas
ainda vai ouvir as outras forças politicas. Estamos certos que tomará a decisão
acertada. A baixa política foi decapitada na quarta-feira.
Armando
Palavras
[1] Que agora desceram na
nossa consideração.
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