A
atitude do Primeiro-ministro, Dr. Pedro Passos Coelho, ao recusar a demissão do
então ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, deixou boquiabertos
todos os comentadores. Porque não havia memória de tal. Não havia memória para
os que não conhecem a História (que é o que acontece com 90% dessa gente. E
alguns são “historiadores”!). O que o Primeiro-ministro fez foi uma manobra de
alta politica que só está à altura de grandes governantes[1].
E
foi por essa razão que deixou estupefacta toda a gente (a nós não, sabíamos que
o iria fazer porque um dos seus ministros, o da Educação, já o havia feito com
outras nuances). Porque a “manobra” é de Alta politica. E essa gente, mesmo a
mais avisada, estava habituada a manobras de baixa politica. É que as manobras
de Alta Politica só estão ao alcance de quem tem carácter, de quem tem
princípios éticos![2]
E
mesmo passados alguns dias, ainda a não perceberam, por isso a ridicularizaram
(!), continuando a associar a crise a quem a provocou (Paulo Portas e
instigadores) e a quem, de facto, a reteve e lhe arranjou solução. E por essa
razão insistem no comentário da intriga (pequena) politica – vitoriazinhas
deste e daquele, evitar eleiçõezinhas, agarrado ao poderzinho, e por aí
adiante…
Razões?
A mediocridade costumeira de uma burguesia urbana que despreza os outros,
distribuída por todos os partidos, desde o PC ao PS, e alguma do PSD! Contam-se
pelos dedos de uma mão os comentadores sérios. Infelizmente, nesta crise, não
pudemos contar com a opinião do Vasco. Sabemos que é amigo de peito de Sacadura
Cabral. Dos “senadores” aos “barões”, a mediocridade não teve limites, e por os
não ter, não merecem comentário.
Posto
isto, convém reflectir sobre as origens desta crise. Que tem barbas, mas
situemo-nos nas razões recentes. E essas começam em 2004/2005.
Pedro
Santana Lopes depois de substituir Durão Barroso (como estava na Constituição),
sem razões aparentes e justificadas, foi demitido. Aceitou a demissão com
dignidade suprema, tendo sido enxovalhado, principalmente por alguns
companheiros do partido. Aliás, figuras gradas dos sociais-democratas têm tanta
ou mais responsabilidade nas patifarias “socráticas”, como os próprios
socráticos.
O
que aconteceu a seguir? Um governo socialista que levou o País à bancarrota!
Quem
pediu a demissão do Primeiro – ministro, nesta crise? Os que estão associados à
bancarrota. Para eles era óptimo que a sociedade portuguesa passasse por um
período de Barbárie. Era uma oportunidade única! Branqueavam-se as
responsabilidades dos verdadeiros culpados, ocultando as patifarias. Não
contaram (por estupidez tácita) com outros factores: o carácter do
Primeiro-ministro e do Presidente da República, e com a reacção dos mercados e
dos credores.
A
Troika, está, no fundo, a obrigar-nos a fazer, o que nós devíamos ter feito,
mas não fizemos pela irresponsabilidade (interesses) dessa gente. E gente do
próprio PSD, sem vergonha, tem-se associado a estas manobras. Gente que nos
habituamos a admirar! Mas que desceram muito baixo na nossa consideração. Desde
logo o “patriarca do Velho Testamento” que como historiador, teria feito um
favor à Pátria investigando as patifarias “socráticas”, mas preferiu escrever
atoardas sobre o Primeiro-ministro.
Passos
Coelho, demonstrou com esta crise, ao contrário do que se tenta fazer passar,
que estava preparado para o lugar que exerce. E o povo já o percebeu. O
problema de Passos é que tem que “recauchutar” as patifarias que outros fizeram.
E para isso, o povo tem de sofrer. É esta a realidade de vivermos sob protectorado
(como no tempo filipino, do qual nos livramos em 1640) que nos foi imposto pelo
memorando assinado pelos socialistas de Sócrates e pela “bomba atómica” de
2005!
No
dia em que escrevemos este escrito ainda não se sabe a decisão do Presidente da
República. Caso aceite a proposta da coligação deixamos aqui um conselho (se é
que estamos à altura de o dar) ao Primeiro-ministro. É a hora de manter a
firmeza, doa a quem doer. Mas que doa
menos aos mais desfavorecidos.
O
povo percebeu agora de que massa é feito (o que dizem os comentadores de nada
lhe interessa agora), e o Primeiro-ministro precisa de conhecer a natureza do
povo. Ao mesmo tempo da reforma do Estado deve fazer o seguinte:
1- Às Fundações que retirou 30%, retire 100%. Porque uma
fundação deve sobreviver com os fundos do fundador. É este o princípio –
respeitando sempre fundações como a Gulbenkian e Champalimoud.
2- Às PPP ataque no que puder e chame à responsabilidade
os que elaboraram esses contratos criminosos para o Estado (vulgo, contribuinte),
como é denunciado no Relatório da Comissão. Mas com justiça, ou seja, com o
parecer do Tribunal de Contas, presidido por Guilherme de Oliveira Martins;
3- Retire privilégios absurdos a ex- Presidentes da
República, ex-ministros, ex-secretários de estado, ex-administradores, e por aí
fora;
4- Obrigue os candidatos do PSD às Autárquicas, a
inserirem o símbolo do partido nos cartazes.
Faça isto e agarra o povo. Agarrando o povo faz as
reformas que quiser.
Armando
Palavras
Post-Scriptum
Será
que essa gente sabe o que é Alta Politica? É ter sentido de Estado, pugnar pelo
bem geral; pelo bem comum. Foi o que fez Passos Coelho. Expliquemo-nos.
Percebe-se
agora que há bom tempo tem segurado alguns ministros, como se pede a um
politico experiente. Mas isto tem limites, e depois de dois pedidos de demissão
de Vítor Gaspar, não teria condições para suster um terceiro. Mas o que fez
Passos Coelho? Como economista (para além de toda a informação que possui)
sabia muito bem qual seria a reacção dos mercados. Assim sendo, preparou a
demissão do Ministro das Finanças (durante um mês) para que esta provocasse o
mínimo de danos ao país. E assim foi. Após essa demissão os mercados não
reagiram, mantiveram-se estáveis. Porquê? Porque Passos Coelho lhes havia
mandado um sinal inteligente: Vítor Gaspar seria substituído por Maria Luís
Albuquerque que tinha dirigido com alta competência o processo de privatizações
e era, por assim dizer, o braço direito do ministro demissionário. Passo Coelho
conseguia assim, com grande inteligência que o país não tivesse danos.
Não
contava, porém, com a tontaria de Sacadura Cabral. Como ninguém neste país (de
alguns tontos). Essa tontaria implicaria a inevitável queda do Governo (que
muitos há muito desenham) e um prejuízo enorme para o país (como se viu na
Quarta-feira). O que faz o Primeiro-ministro? O que era impensável para a baixa
politica e para o comentário medíocre: segura Portas (na minha terra diz-se de
outra forma), mantém-se sereno, imune à histeria, dando o tempo necessário ao
CDS e ao Presidente da República. Isto é Alta Politica, senhores. Aprendam!
Entretanto,
faz aquela declaração imprevisível (para a mediocridade) mas sensata, mandando
um sinal à Europa, aos credores e aos mercados. E no dia seguinte apresenta-se em Berlim. Tinha de ser
rápido e assertivo. Em vez de apoio que era o que uma imprensa decente faria,
foi ridicularizado. Os próprios “barões” e “baronetes” da treta, diga-se, o
tentaram humilhar em
entrevistas. Apesar desta atitude de Alta Politica o
resultado de Quarta-feira foi o que foi. Oito meses de sacrifício que foram ao
charco! O que faz o Primeiro-ministro, perante este resultado. Outra manobra de
Alta Politica. Manda novo recado aos mercados. Tudo faria para que a coligação
se mantivesse, e nesse mesmo dia reúne-se com o ministro demissionário. No dia
seguinte estava a bolsa estabilizada! Aprendam, senhores. Aprendam o que é Alta
Politica e comecem a comentá-la.
A
Quarta-feira negra decapitou a baixa politica, mas mesmo assim ainda há por aí
alguns resquícios das eleições antecipadas. Estes coitados ainda vivem em
Macondo, a aldeia inventada por Gabriel Garcia Marquez em “Cem anos de
solidão”, junto de José Arcádio Buendia, a sua esposa Úrsula e o cigano
Melquíades, o arauto do progresso.
Quer
dizer que não aprenderam. Mas vão aprender. Basta para isso que o
Primeiro-ministro se mantenha firme, caso o Presidente da República aceite a
sua proposta, segundo os critérios que delineou.
[1]
Tivesse o Sr. Winston, neto do sétimo duque de Marlborough, sucumbido à histeria
da classe politica e de alguma imprensa inglesa, e ao mesmo tempo de algumas
pressões externas, e não teria levado de vencida uma Alemanha Nazi poderosa,
embora para isso tivesse o apoio de Roosevelt e de pedir grandes sacrifícios ao
povo inglês. E para exemplo, cite-se apenas a batalha de Inglaterra!
[2] As eleições é o último recurso das democracias, não é
único! Lembramos que a maioria das cooperativas em Portugal não deram
resultado, porque para plantar uma couve era preciso que fosse aprovado em
Assembleia-geral!
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