Como estava o tempo quando chegamos a Sobral, à praça do "Tempo |
Sexta, 08 Março 2013 10:18
Depois de uma noite bem dormida em Tianguá,
sentindo ainda os prazeres gulosos da véspera, seguimos para Sobral. Sobral era
o grande objetivo para esta expedição. A notícia de que nesta cidade ainda se
confecionam os famosos “Fartes”, e os “Alfenins”, levaram-me a querer ver como
se preparavam. Quanto aos Alfenins eu já os tinha encontrado em Aquiraz e em
Fortaleza. Só que estes, e que se encontram à venda, são confecionados com rapadura,
todos apresentados da mesma forma, entrançados, conforme se pode ver na foto.
Fartes a sair do forno |
Sem ser viciado, a maior saudade que senti nesta
viagem foi do café expresso. Confirmado mais um dia sem este prazer, lá fomos à
procura de Roberto Pires, herdeiro de sua Mãe da tradição de confecionar Fartes
e Queijadas. Os Fartes são os famosos doces que embarcaram nas caravelas de
Pedro Álvares Cabral e que chegaram ao que depois se chamou Brasil. Também se
chamam Fartéis ou Fartens.
(Alfenim de rapadura) |
Admitamos que estes Fartes não são iguais aos que
embarcaram pois os ingredientes originais. Digamos que são fruto do que se
chama agora de “doçaria de fusão”. Troca-se a farinha triga por farinha de
mandioca, a amêndoa por castanha de caju, o cravinho por mais gengibre e,
possivelmente, água ou leite de vaca por leite de coco. Os Fartes fazem parte
das primeiras receitas escritas portuguesas e coligidas no caderno de receitas
da Infanta Dona Maria (1538-1577), escritas bem depois da descoberta do Brasil.
Nesta receita, confecionada com mel e sugestão adicional para o açúcar, também
entra erva-doce, cravinho, gengibre, pimenta, amêndoas e pinhões. Na conversa
com o dono da casa, a quem cheguei pela sábia experiência de Gilmar de
Carvalho, discutíamos sobre os ingredientes e forma de confeção, ao mesmo tempo
que finalizava os Fartes antes de irem para o forno.
O
Passeio lambareiro ainda não acabou: http://www.virgiliogomes.com/cronicas/513-expedicao-gulosa-sobral
As 20 personalidades mais influentes na gastronomia Portuguesa (segundo opinião de um (a) articulista do jornal Público)
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