Janeiro
Abandono-me ao tempo.
Num sorriso de palavras deixo escoar o tempo
Que agarro, que me foge, que não tenho.
Passa num ai, como a pétala da flor inda ontem primavera.
Continua o tempo frio, cinzento, pintado de inverno.
Tento colori-lo com as laranjas pingos de sol
Arvoradas em bandeiras no verde do meu quintal.
Com o frio, mal adoçam! São ácidas, como os dias de Janeiro.
Ao fundo, a névoa continua a cobrir com seu véu o rio.
Hoje nem pássaros, nem pombas se atrevem a voar ao frio
Dormem nas esquinas da vida gorgolejando arrulhos de
silêncios
Até chegar o calor.
Eu, na morrinha da manhã tento fazer versos, dispersos, de
amor,
De palavras que não tenho, de olhares que pouco brilham,
De mãos que pendem cansadas em azulinas veias.
Traço espaços, pinto de azul o céu, teço teias,
Embrulho nelas cada passo do meu dia.
Há vestígios de luar nos meus cabelos a contar as horas!
Vertidas nas palavras vou dedilhando poemas de amor
Em pautas de nostalgia que o tempo vai soletrando.
É janeiro! Mais um janeiro na minha vida!
Deixo o tempo cair. Lento! Compassado.
Não quero que ande depressa. Até quando?!
15/01/013 Donzilia Martins (Facebook)
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