O
Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) encerrou neste mês o estudo
“Análises e percepções para o desenvolvimento de uma Política de CT&I no
fomento da energia eólica no Brasil”. O projeto buscou elaborar recomendações
para fomentar um plano de ação para o avanço da Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação
(PD&I) em energia eólica. As ações propostas abrangem as áreas do
conhecimento de C&T, formação de recursos humanos e capacitação de
infraestrutura laboratorial para o estabelecimento de tecnologias nacionais na
produção da energia eólica e dar suporte à produção nacional de equipamentos.
Situação
atual -A
maturidade da energia eólica como fonte de produção de energia elétrica é uma
realidade mundial. No final de 2011, a potência instalada de turbinas eólicas
era de 240 gigawatt (GW), o que representa cerca de 3% da geração de energia
elétrica no mundo. A previsão para o setor é que no período de cinco anos o
mundo receberá 269,8 GW em novas turbinas eólicas. A China é o país com a maior
potência instalada.
O
Brasil não está sequer entre os 10 países com maiores potências, porém é líder
na América Latina, com 1,5 GW de capacidade instalada. No ano passado, o país
atingiu no total 1477 megawatts (MW) e este ano ultrapassa os 2GW. Segundo a
Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), este valor representa 1,22% da
matriz de produção de energia elétrica nacional. Até 2016, o Brasil prevê a
instalação de 7000 MW.
Ceres
Cavalcanti, líder o estudo no CGEE, explica que o investimento realizado em
P&D no tema energia eólica no país é muito tímido e o que foi feito veio
com a colaboração de vários órgãos, como o Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq), a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP),
e o Programa de Pesquisa e Desenvolvimento, coordenado pela ANEEL.
Outros
países têm políticas internacionais de incentivo ao setor eólico, convergindo
sempre para estimular a tecnologia e o mercado. O sistema feed-in, por exemplo,
consiste no pagamento de uma tarifa mais vantajosa para as centrais geradoras
que utilizam fontes renováveis de energia, quando comparada com as fontes
convencionais.
Ceres
explica que o objetivo é viabilizar a implantação de tais empreendimentos,
embora apresentem custos elevados de produção. Existe também o sistema de
leilão, no qual o órgão regulador estipula uma quantidade de energia de geração
de fontes renováveis, ou de uma única fonte específica que o governo queira
estimular por estratégia, para ser comprada e organiza um leilão para sua
venda, de modo a gerar uma competição entre os produtores. Dessa forma, o
sistema internacional propõe várias formas de adquirir políticas de incentivo.
Já no
mercado nacional, iniciou-se como um tipo de tarifa feed-in com o Programa de
Incentivo às Fontes Alternativas
de Energia Elétrica (Proinfa) e atualmente o modelo adotado é o leilão de
energia (onde todas as fontes concorrem igualmente). A iniciativa do Proinfa
colaborou muito com o aumento de MW para o crescimento da competitividade,
estabelecendo o desafio de um índice de 60% de nacionalização dos
empreendimentos energéticos. Hoje ainda existe alguns incentivos, menores que o
Proinfa, mas que garantem a inserção desta fonte no leilão de energia,
concorrendo com outras fontes. O cenário nacional aponta ainda um forte
desenvolvimento da energia eólica na região Nordeste e perspectivas medianas na
região Sul e baixa no Sudeste.
Em 13
anos, foram efetuados 22 projetos no tema de energia eólica pelo programa de
P&D coordenado pela ANEEL, no entanto este número é baixo levando em
consideração ao desenvolvimento que o tema vem apresentando no país. Isso se
reflete em números pequenos de especialistas e na baixa participação de
tecnologia nacional nas áreas de maior complexidade ou valor agregado na cadeia
produtiva energética. Com base no estudo do CGEE será realizado um plano de Ciência,
Tecnologia e Inovação no tema, com destaque para as regiões Nordeste e Sul,
devido a proximidade com as empresas fornecedoras e com as usinas eólicas com
infraestrutura existente.
Conclusões
-Diferentes
políticas de fomento têm sido implementadas, sejam elas de incentivos, como é o
caso de alguns países europeus, ou protecionistas, como as adotadas pela China.
A partir de 2013, estima-se no Brasil um acréscimo de cerca de 2 GW por ano, e
projeta-se que o país ocupe a 4ª ou a 5ª posição em capacidade instalada no
ranking mundial em 2016. No entanto, se por um lado existe aqui um alto
potencial de mercado, por outro, praticamente não existe tecnologia
desenvolvida e mão de obra qualificada que atenda a demanda.
As
recomendações sugeridas no estudo foram divididas em oito áreas temáticas:
tecnologias de aerogeradores; recursos eólicos; materiais; política, economia e
análises socioambientais; conexão e integração à rede; engenharia e centrais
eólicas; planejamento e operação; normatização, certificação e padronização.
Entre as recomendações se encontram ações de capacitação e novos cursos de
pós-graduação; investimento em infraestrutura e em CT&I; regulamentação;
parcerias internacionais, aperfeiçoamento da difusão de
informações e estruturação de rede de pesquisa.
informações e estruturação de rede de pesquisa.
O
estudo “Análises e percepções para o desenvolvimento de uma Política de
CT&I no fomento da energia eólica no Brasil” estará em breve no site do
CGEE para download.
Fonte:
CGEE
De "Jornal do Norte" para "Tempo Caminhado"
Sem comentários:
Enviar um comentário