sábado, 27 de outubro de 2012

Energia eólica e inovação


 
O Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) encerrou neste mês o estudo “Análises e percepções para o desenvolvimento de uma Política de CT&I no fomento da energia eólica no Brasil”. O projeto buscou elaborar recomendações para fomentar um plano de ação para o avanço da Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) em energia eólica. As ações propostas abrangem as áreas do conhecimento de C&T, formação de recursos humanos e capacitação de infraestrutura laboratorial para o estabelecimento de tecnologias nacionais na produção da energia eólica e dar suporte à produção nacional de equipamentos.
Situação atual -A maturidade da energia eólica como fonte de produção de energia elétrica é uma realidade mundial. No final de 2011, a potência instalada de turbinas eólicas era de 240 gigawatt (GW), o que representa cerca de 3% da geração de energia elétrica no mundo. A previsão para o setor é que no período de cinco anos o mundo receberá 269,8 GW em novas turbinas eólicas. A China é o país com a maior potência instalada.
O Brasil não está sequer entre os 10 países com maiores potências, porém é líder na América Latina, com 1,5 GW de capacidade instalada. No ano passado, o país atingiu no total 1477 megawatts (MW) e este ano ultrapassa os 2GW. Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), este valor representa 1,22% da matriz de produção de energia elétrica nacional. Até 2016, o Brasil prevê a instalação de 7000 MW.
Ceres Cavalcanti, líder o estudo no CGEE, explica que o investimento realizado em P&D no tema energia eólica no país é muito tímido e o que foi feito veio com a colaboração de vários órgãos, como o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), e o Programa de Pesquisa e Desenvolvimento, coordenado pela ANEEL.
Outros países têm políticas internacionais de incentivo ao setor eólico, convergindo sempre para estimular a tecnologia e o mercado. O sistema feed-in, por exemplo, consiste no pagamento de uma tarifa mais vantajosa para as centrais geradoras que utilizam fontes renováveis de energia, quando comparada com as fontes convencionais.
Ceres explica que o objetivo é viabilizar a implantação de tais empreendimentos, embora apresentem custos elevados de produção. Existe também o sistema de leilão, no qual o órgão regulador estipula uma quantidade de energia de geração de fontes renováveis, ou de uma única fonte específica que o governo queira estimular por estratégia, para ser comprada e organiza um leilão para sua venda, de modo a gerar uma competição entre os produtores. Dessa forma, o sistema internacional propõe várias formas de adquirir políticas de incentivo.
Já no mercado nacional, iniciou-se como um tipo de tarifa feed-in com o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa) e atualmente o modelo adotado é o leilão de energia (onde todas as fontes concorrem igualmente). A iniciativa do Proinfa colaborou muito com o aumento de MW para o crescimento da competitividade, estabelecendo o desafio de um índice de 60% de nacionalização dos empreendimentos energéticos. Hoje ainda existe alguns incentivos, menores que o Proinfa, mas que garantem a inserção desta fonte no leilão de energia, concorrendo com outras fontes. O cenário nacional aponta ainda um forte desenvolvimento da energia eólica na região Nordeste e perspectivas medianas na região Sul e baixa no Sudeste.
Em 13 anos, foram efetuados 22 projetos no tema de energia eólica pelo programa de P&D coordenado pela ANEEL, no entanto este número é baixo levando em consideração ao desenvolvimento que o tema vem apresentando no país. Isso se reflete em números pequenos de especialistas e na baixa participação de tecnologia nacional nas áreas de maior complexidade ou valor agregado na cadeia produtiva energética. Com base no estudo do CGEE será realizado um plano de Ciência, Tecnologia e Inovação no tema, com destaque para as regiões Nordeste e Sul, devido a proximidade com as empresas fornecedoras e com as usinas eólicas com infraestrutura existente.
Conclusões -Diferentes políticas de fomento têm sido implementadas, sejam elas de incentivos, como é o caso de alguns países europeus, ou protecionistas, como as adotadas pela China. A partir de 2013, estima-se no Brasil um acréscimo de cerca de 2 GW por ano, e projeta-se que o país ocupe a 4ª ou a 5ª posição em capacidade instalada no ranking mundial em 2016. No entanto, se por um lado existe aqui um alto potencial de mercado, por outro, praticamente não existe tecnologia desenvolvida e mão de obra qualificada que atenda a demanda.
As recomendações sugeridas no estudo foram divididas em oito áreas temáticas: tecnologias de aerogeradores; recursos eólicos; materiais; política, economia e análises socioambientais; conexão e integração à rede; engenharia e centrais eólicas; planejamento e operação; normatização, certificação e padronização. Entre as recomendações se encontram ações de capacitação e novos cursos de pós-graduação; investimento em infraestrutura e em CT&I; regulamentação; parcerias internacionais, aperfeiçoamento da difusão de
informações e estruturação de rede de pesquisa.
O estudo “Análises e percepções para o desenvolvimento de uma Política de CT&I no fomento da energia eólica no Brasil” estará em breve no site do CGEE para download.

Fonte: CGEE
De "Jornal do Norte" para "Tempo Caminhado"
 

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