José Manuel Verissímo (Faragata)
A
Tela
De frente para um quadro negro, como este do meu país,
Combato o desassossego, rabisco traços com um giz.
Circundo uma lua cheia, dou largas à fantasia
E o seu luar prateado, à noite dá aspeto de dia.
Desenho uma janela, aberta para um céu estrelado,
Donde uma luz amarela, dá conta deste meu estado.
Ondeio um mar espelhado, que reflete o firmamento,
No fundo o volume de um fardo, com séculos de sonhos e alento.
Ao longe uns mastros de velas, sem vento, na calmaria,
Como os cotos de umas velas, cegos, aguardam o dia.
Sustentam-nos caravelas, que já dobraram tormenta.
Que é feito dos capitães delas, para o leme sem rota certa?
A tela é um mar infinito, virgem e desconhecido,
Aberta a novas rotas e a novos portos de abrigo.
J. F.
Sem comentários:
Enviar um comentário