sábado, 4 de agosto de 2012

Investigadoras da Universidade de Aveiro distinguem-se



Sofia Reboleira localiza 12 espécies, a maioria nunca antes vista, a 2140 metros debaixo da terra
Bióloga da Universidade de Aveiro descobre comunidade de invertebrados a uma profundidade nunca vista

A comunidade de invertebrados subterrâneos mais profunda do mundo foi descoberta pela bióloga Sofia Reboleira, da Universidade de Aveiro (UA), a 2140 metros de profundidade, numa gruta localizada no Cáucaso ocidental. Composta por mais de 12 espécies de artrópodes, a maioria das quais desconhecidas até agora, a descoberta da comunidade a mais de 2000 metros de profundidade, «em zonas onde a escassez de alimentos faria supor que a vida fosse inexistente ou pontual, pressupõe uma novidade surpreendente para a ciência», aponta a investigadora. Do grupo de animais descoberto por Sofia Reboleira fazem parte ácaros, aracnídeos, crustáceos e insetos.
A Gruta Krubera-Vorónia, onde decorreram os trabalhos de pesquisa da Bióloga da UA, está localizada perto do mar Negro, na Abkházia, é a única cavidade natural do planeta que ultrapassa os 2 quilómetros de profundidade e «tem temperaturas muitos baixas que vão desde os 0,5ºC a 5ºC, onde o risco de hipotermia é permanente».
O achado ocorreu durante os trabalhos bioespeleológicos de Ana Sofia Reboleira e Alberto Sendra, do Museu Valenciano de História Natural, na expedição espeleológica Ibero-Russa do CAVEX Team, no verão de 2010. Entre as 12 espécies encontradas nas profundezas da cavidade há um pseudoescorpião, um escaravelho, uma aranha, dois crustáceos e outras três espécies.
A gruta é predominantemente vertical, na qual se devolvem poços com lanços de mais de 150 metros e cascadas de água gelada, intercalados com meandros de difícil progressão. A tarefa requer cerca de 30 espeleólogos a trabalhar de forma coordenada, durante cerca de 30 dias.
Já no início de 2012, resultado também dessa expedição, Sofia Reboleira tinha mostrado ao mundo quatro novas espécies de colêmbolos, insetos primitivos sem asas e sem olhos, adaptados à vida subterrânea.
A bióloga e espeleóloga, Sofia Reboleira tem também no currículo a descoberta de novas espécies em grutas portuguesas (quatro escaravelhos, três do género Trechus e um Domene; um Dipluro Litocampa mendesi e um pseudoescorpião cavernícola gigante Titanobochica magna) e o maior inseto subterrâneo terrestre da Europa, o Squamatinia Algharbica, foi descoberto nas grutas do Algarve.



Projeto decorre em quatro lares para pessoas idosas do Distrito de Aveiro
UA ensina estratégias inovadoras para minimizar sintomas da demência

É, provavelmente, a síndrome que mais exige, física e emocionalmente, de quem cuida de pessoas por ela afetadas. Dá pelo nome de demência, degenera progressivamente as capacidades intelectuais e afeta cerca de 153 mil portugueses. E o número não pára de aumentar. Para melhorar a qualidade de vida dos doentes institucionalizados afetados pela síndrome, a Escola Superior de Saúde da Universidade de Aveiro (ESSUA) está em quatro lares para pessoas idosas do distrito de Aveiro a ensinar estratégias de estimulação multissensorial e motora a quem deles cuida.
As ações da ESSUA abrangem cerca de 60 auxiliares dessas instituições, todas mulheres, que têm a cargo o dia a dia dos cuidados diretos aos doentes. A estimulação multissensorial e motora são formas de intervenção não farmacológica e inovadoras em Portugal (e um pouco por todo o mundo), que permitem retardar a progressão dos sintomas da demência.
«A investigação na área diz-nos que as intervenções não farmacológicas têm um espaço de intervenção muito produtivo junto desses doentes», aponta a Prof. Doutora Alda Marques, investigadora na ESSUA. A coordenadora do projeto quer, por isso, ver «a estimulação multissensorial e motora, ao contrário do que hoje acontece no país, mais implementada na rotina destes utentes».

Sintomas muito desequilibrantes

A agitação, a agressividade, a deambulação e a desinibição sexual são características das fases mais avançadas da síndrome que tornam cada vez mais difícil a comunicação e a interação entre doentes e cuidadoras. O método que a ESSUA está a ensinar «retarda o avanço dos sintomas» através de estratégias simples que facilmente podem ser aplicadas nas atividades diárias dos doentes. Assim, é possível aplicar estimulação motora durante as atividades, por exemplo, nos cuidados de higiene, nas refeições, no vestir ou no deitar de forma a promover nos doentes o movimento, o equilíbrio, o evitamento de quedas e o desempenho de tarefas.
Nas mesmas atividades a ESSUA ensina também a proporcionar aos doentes experiências sensoriais agradáveis. Os resultados são muito positivos e saldam-se na melhoria da comunicação (verbal e não-verbal), envolvimento (solicitado e voluntário) do doente com o meio que o rodeia, relaxamento e diminuição de comportamentos desafiantes.

Diminuir a tensão das cuidadoras

Ajudar as próprias auxiliares a cuidarem delas próprias é também o objetivo da ação da ESSUA. Sensação de incapacidade, tensão, stress ocupacional, sobrecarga física e risco de exaustão, devido a «um trabalho difícil que é o se interagir com pessoas com demência que manifestam delírios, deambulação, agitação e, por vezes, agressividade», acompanham diariamente estas profissionais. Por isso, «a pensar no equilíbrio emocional dessas trabalhadoras, o projeto pretende também dotá-las de estratégias que lhes permita lidar melhor com elas próprias, com os doentes, com o grupo de trabalho e com a própria instituição empregadora», acrescenta a investigadora Alda Marques.
As ações de formação decorrem em oito sessões psicoeducativas, uma por semana, e são ministradas por um gerontólogo e um fisioterapeuta, ambos bolseiros de investigação do projeto da ESSUA. Nos três dias que se seguem à sessão, os investigadores acompanham as auxiliares para as ajudarem, junto dos residentes dos lares, a colocarem em prática as estratégias.
O projeto, que conta também com a participação das investigadoras Liliana Sousa e Daniela Figueiredo, termina em julho de 2012, mas os trabalhos vão continuar através de uma bolsa de investigação já atribuída pela FCT com o objetivo de alargar o número de instituições  e pessoas abrangidas.

De "Jornal do Norte" para "Tempo Caminhado"

Sem comentários:

Enviar um comentário

Criação de um Parque Biológico da Terra Quente?

JORGE   LAGE  Criação de um Parque Biológico da Terra Quente? – Quando amamos o torrão natal, sonhamos com o melhor para a nossa terra e la...