Mark
Twain abre estas Cartas da Terra com
uma espécie de cientista meio louco, meio distraído. Não é o Twain de um Huckkberry Finn, onde a escrita atinge o
grau de perfeição. Este, é um escrito incompleto, um rascunho cheio de excursos
demasiadamente extensos, por vezes despropositados, que desconcentra o leitor
do essencial do trabalho.
Escrito
em finais de 1909, um ano antes da sua morte, este esboço nunca publicado em
vida do autor, é um escrito sobre Deus, a Bíblia, a natureza humana e as
paradoxais e contraditórias crenças religiosas da raça humana.
A
criação do homem, dos Animais e do Mundo, governados por uma imutável e idiota
Lei da Natureza, são aqui esbulhados como experiência de um cientista quase
louco e cómico. Um Criador que nunca se aproxima das suas criações, a não ser
para lhes fazer alguma maldade; um Criador insano, com uma evidente falta de
lógica (e ética) imprópria de Deus.
No
início do escrito Twain descreve o Criador sentado no trono, com o Conselho de
anjos a seus pés. E no momento seguinte, arrebata o leitor com a imagem
magnífica da criação do Universo. Tudo o mais que se segue é muito pastoso e
remelento. Salva-se neste texto incompleto, a visão de Twain sobre a condição
humana e agudeza critica sobre a Bíblia, as religiões, e sobre Deus, que é
transmitida por Satã, em cartas que envia da Terra aos seus pares do Conselho.
É uma visão satírica, sarcástica e dramática.
Armando Palavras
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