terça-feira, 3 de julho de 2012

As Festas de São Pedro de Vila Real, a louça de Bisalhães e as escolas abandonadas




Realizou-se nos dias 28 e 29 a tradicional Feira de S. Pedro em Vila Real.

As tendas estendiam-se, desde a Rua Combatentes da Grande Guerra (Capela Nova), passando pela Rua Serpa Pinto, Rua António de Azevedo, alastrando-se pela Ruas 1º. de Maio (Marginal) e ainda parte da Rua Miguel Bombarda (Rua de S. João), parte poente.
É de notar que somente estiveram presentes 5 oleiros de Bisalhães, que fabricam o caraterístico barro negro.
Foi notório, que outrora jogava-se o “jogo do panelo)em que as pessoas em círculo, passavam o panelo de umas para as outras, e, quem o deixasse cair, teria de comprar outro e assim continuava o jogo até que o dinheiro acabasse.
Porém, hoje tal não acontece e esta tradição perdeu-se na bruma, pois, são já poucos os oleiros em Bisalhães.
Notou-se este ano a falta das mantas de Agarez, o que o artesanato em Vila Real, parece ter o seu fim, para tristeza de muitos.
Entrementes, os tendeiros venderam calçado, roupa diversa, brinquedos, doçarias, não faltando o tradicional “Doce da Teixeira” cujas origens são da antiguidade.
Na noite de 28 houve música com a “Banda de Mateus”que deliciou no “Largo da Capela Nova” muita gente.

Sílvio Teixeira

O fogo de artificio, caracteristico destas festividades, pode ser visto neste site:

Vila Real Festas S Pedro 2009 - YouTube






O Barro negro de Bisalhães, típico de Vila Real, possui uma técnica única de tratamento. Este, é também, um dos principais produtos de artesanato da região.

O barro, depois de britado é espalhado na eira para secar ao sol. De seguida, é transportado para os "pios" de pedra e moído, até se desfazer em pó, retiram-se as impurezas, mistura-se com água e amassa-se. Depois, o oleiro dá-lhe forma na roda de oleiro e, antes que esta seque, ornamenta-se com flores e outras formas.
A cozedura faz-se num forno aberto no chão (soenga). Colocam-se as peças, e cobrem-se com rama de pinheiro verde, a que se ateia fogo. Quando este começa a ficar com aspecto avermelhado (em brasa), abafa-se o fogo com caruma, musgo e terra escura, para que não se libertem fumos e seja obtida a cor negra característica.
Encontramos diferentes tipos de louça negra: a "churra" (que é mais grosseira, negra e sem brilho) e a "gogada" (que é fina e sem defeito).
Também se fazem miniaturas nesta louça.


     José Manuel Verissimo (faragata)


O Âmbar da Primavera

Ecoa o sino da igreja melodia de finado;
As escolas da minha aldeia estão sós e desoladas.
Dos que por elas passaram, carpe um pranto sentido,
Silêncios vestidos de sombras, gritos e gargalhadas...


Estão janelas fechadas, gemidos surdos sem voz,
Onde outras janelas se abriram, para além destas que ficaram,
Dos que nelas habitaram, reina umsilêncio atroz.
Resta um ninho enjeitado com penas que não voaram.


Agora a escola, capela, abre em vésperas de finados,
Do carcereiro dos sonhos é antecamara de espera,
Onde tantos olhos se abriram, aguardam olhos fechados,
De quando os frutos floriram, o âmbar da primavera.

                                                                             J.F.




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