quarta-feira, 23 de maio de 2012

Dalton Trevisan recebe Camões 2012, Carlos Fuentes morre e Ambrose bierce ressuscita


Dalton Jérson Trevisan nasceu em Curitiba, no Brasil, a 14 de Junho de 1925. Hoje é considerado o maior contista vivo brasileiro. Como J.D.Salinger, é já mítica a sua aversão a expor-se, criando em torno dele uma atmosfera de mistério. E por esse motivo foi alcunhado de  “Vampiro de Curitiba”, em alusão a um dos seus livros. Formou-se em Direito, trabalhou na fábrica de vidros da família, hoje falida. Tem uma vasta obra publicada.
A única obra publicada em Portugal, “o Cemitério dos Elefantes”, foi dada à estampa, em 1984, pela Relógio D’Água.
Esta narrativa na terceira pessoa, aborda a questão dos deserdados (bêbados) de Curitiba, que vivem ao sabor daquilo que lhes é oferecido pela cidade. Diz-nos: “Curitiba considera-os animais sagrados, provê as suas necessidades de cachaça e pirão”. Vivem na margem do rio Belém, nos fundilhos de um mercado de peixe onde existe um velho ingazeiro. São felizes, contentando-se com as sobras, mas quando a fome aperta dirigem-se ao manangue onde se fartam de caranguejos assados e de frutos do ingazeiro.
Os personagens são comparados a elefantes – “Elefantes malferidos, coçam as perebas sem nenhuma queixa”. São o Pedro, o João, o Cai N’água, o Jonas e o Chico papa-iscas. E o local onde vivem, cada um com seu lugar reservado, a um cemitério.
A conclusão desta metáfora é deixada ao sabor de cada leitor. O Chico cospe na água o caroço preto do ingá e perde-se no cemitério sagrado


Carlos Fuentes Macías nasceu no México em Novembro de 1928, e faleceu a 15 de Maio de 2012, na mesma cidade. Foi um dos nomes mais prestigiados da moderna ficção da América Latina, sendo autor de uma obra multifacetada. Dela sobressaem obras como Aura (1962), já editada pelas Publicações Dom Quixote, La Muerte de Artemio Cruz (1962), Cambio de Piel (1967), Terra Nostra (1975) e O Velho Gringo (1985). Em 1984, Carlos Fuentes foi galardoado com o Prémio Nacional de Literatura do México.
N’O Velho gringo, um velho escritor norte-americano, durante os anos mais conturbados da revolução mexicana, atravessa a fronteira sul do seu país, em busca de um destino.
É um ser amargamente desesperado e céptico: conhecedor da corrupção, da tristeza e da esterilidade próprias das acções humanas. Procura encontrar-se com Pancho Villa, o guerrilheiro lendário.
Um romance de encontros e desencontros, O Velho Gringo apresenta-nos todo um conjunto de figuras onde se destacam a paixão e as obscuras razões da força e da terra.
Foi fundamentado na história de outro grande contista americano - Ambrose Bierce. É o próprio Carlos Fuentes que o explica no inicio da obra: “ Em 1913, o escritor norte-americano Ambrose Bierce, misantropo, jornalista da cadeia Hearst e autor de alguns formosos contos sobre a Guerra da Secessão, despediu-se dos seus amigos com um certo número de cartas nas quais, desmentindo o seu reconhecido vigor, se declarava velho e cansado.”
Em todas elas, não obstante isso, o escritor reservava-se o direito de escolher a forma da sua morte. A doença ou o acidente - a queda, por exemplo, de uma escada - pareciam-lhe indignos de si. Em contrapartida, ser justiçado diante de um muro no México... “Ah - escreve ele na sua última carta -, ser um gringo no México é de facto uma eutanásia”.
“Entrou no México em Novembro e nunca mais se soube nada dele. O resto é ficção”.



                                                             Ambrose Bierce



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