Tudo
parece ter começado no ano de 2005 quando um traficante europeu famoso de
cocaína, atirou todo o seu carregamento ao mar por pressentir que a guarda
costeira do Senegal estava no seu encalço. Foi dar à costa, e os agricultores
guineenses julgando tratar-se de adubo (fertilizante), utilizaram a droga nas
suas colheitas, danificando-as.
Este
episódio ilustra bem o Estado Falhado da Guiné (como a Somália). Um Estado,
outrora imaginado como um modelo socialista e próspero, tornou-se no primeiro
Estado de narcóticos de África. Politica e administrativamente é terra de ninguém, com um governo
corrupto, desorganizado e fragmentado, onde as forças da lei e ordem local se
fundem com os escritórios regionais das máfias da América Latina.
Geograficamente tem todas as condições para os traficantes se movimentarem como
querem, num arquipélago de 80 ilhas, cheio de estuários, encostas isoladas,
completamente desabitado, a abarrotar de pequenas pistas de aterragem
construídas pelos militares. Sendo corruptos (e estando envolvidos no tráfico
da droga) os comandos de topo, os oficiais de cargos inferiores ficam meses sem
receber os vencimentos, por isso são facilmente subornados. O poder judicial é
fraco e não existem prisões.

A
acrescentar a isto, senão sua consequência, é o terceiro país mais pobre do
mundo.
O
problema da cocaína é de toda a África Ocidental. Em 2008 foi preso o irmão do
Ministro dos Transportes da Serra Leoa. Nesse mesmo ano a Ministra da Justiça
da Guiné recebeu numerosas ameaças de morte, o Almirante José Américo Bubo Na Tchuto
(um dos maiores traficantes de Bissau) foi preso pelo exército, o antigo presidente
(morto em 2009 a mando de um antigo companheiro), Nino Vieira, ao que parece, também
estava envolvido.
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