quinta-feira, 29 de março de 2012

Fernando de Castro Branco - Cabeço dos Carrascos


Do alto deste serro,
onde o vento me revolve
a memória e as palavras,
olho a minha morte
que o será simplesmente
por rasurar-me desta paisagem.

Trigos que resistem
por entre fenos e mato,
os freixos cercando a memória
dos gados e dos prados. Telhados
ocres que me trazem impressões
sem os olhos de Manet.

E a caminhada vagarosa
de um avô e de um neto
rumorejando na pele
como dedadas de Além.

Entre carrascos corroídos
por fungos e Invernos
vou-me vendo
cada vez mais ao longe.


Quase a encobrir no horizonte.
 in: Trás-os-Montes e Alto Douro, Miosaico de Ciência Cultura (2011)

O Autor

Fernando de Castro Branco (Duas Igrejas, 1959). Professor, poeta e ensaísta. Publicou Poética do Sensível em Albano Martins (2004), Alquimia das Constelações (2005), O Nome dos Mortos (2006), Biografia das Sombras (2006), Estrelas Mínimas (2008), Plantas Hidropónicas (2008), A Carvão – Poesia Reunida (2009). Também publicou poemas e ensaios em revistas literárias e antologias temáticas dentro e fora do país.

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