Rio Kwanza |
Vila Salazar. c. 1960 |
A antiga vila de Salazar, hoje N’Dalatando, (Angola) é uma das cidades[1] que tiveram raízes no corredor do Cuanza, quando os portugueses chefiados por Paulo Dias de Novais, no século XVI se embrenharam no interior do território, conquistando-o aos chefes locais e, ao mesmo tempo, ocupando-o, estabelecendo as futuras relações comerciais entre o interior e o litoral, principalmente com Luanda[2]. Corredor que só um século depois com Salvador Correia de Sá viria definitivamente a ficar nas mãos dos portugueses, com a derrota dos holandeses. Cujo bastião de resistência foi a mítica fortaleza de Massangano[3]. Mas era ainda, localidade daquela humilhante bolsa de insubmissão que constituem os Dembos, novamente independentes desde 1872, só submetidos finalmente ao domínio português em 1907 pelas tropas comandadas pelo capitão João de Almeida[4].
DEMBOS: Floresta |
N’Dalatando é actualmente uma cidade próspera[5], sendo a capital da província do Kwanza Norte[6], cantada pela poetisa Paula Tavares: No meu altar de pedra/arde um fogo antigo/estão dispostas por ordem/as oferendas/neste altar sagrado/o que disponho/não é vinho nem pão/nem flores raras do deserto/neste altar o que está exposto/é meu corpo de rapariga tatuado/neste altar de paus e de pedras/que aqui vês/vale como oferenda/meu corpo de tacula/meu melhor penteado de missangas. “Lago da Lua” onde se espelha o corpo da terra, nome de rio, província do Kwanza Norte[7].
Banhada que é pelo rio do mesmo nome, aquele “(…) rio acima de minha história, o Kwanza rodeia a pátria da nossa luta; missão, agora, era de lhe dar encontro no principio desse rio, nos seus três fios de água, lá nas altas serras do Bié – onde que o mundo acaba e todas as águas começam”[8].
No passado dia 3 de Dezembro juntaram-se em almoço no café Moamba em Alcântara, Lisboa, antigos alunos do Colégio Norton de Matos, mais tarde Lar da Mocidade Portuguesa[9], da então vila Salazar (N’Dalatando). Alguns não se viam há mais de trinta anos. Estiveram presentes :
[1] Tais como, Catete, Dondo e Cacuso.
[2] A tal propósito, cf. René Pelissier, o grande estudioso desta questão.
[3] Cf.DUARTE, José Bento, Senhores do Sol e do Vento, Estampa, 1999, pp. 57-60.
[4] PELISSIER, René, As Campanhas Coloniais de Portugal (1844-1941), Estampa, Lisboa, 2006, pp. 295-300.
[5] Segundo alguns comentadores.
[6] Região da palanca preta.
[7] Do Kunnene a Cabinda (coord. Anacoreta Correia), ed. Pangeia, Chá de Caxinde, 2009, p. 155.
[8] VIEIRA, Luandino, De Rios Velhos e Guerrilheiros – O Livro dos Rios, Caminho, 2006.
[9] Cujos Directores foram: Guerreiro, Sá e Mestre Etelvino.
Boas a todos !
ResponderEliminarFiquei contente ao encontrar este blog onde reparo na camaradagem em encontros com malta de Angola.
Estive em Salazar 8 anos. Vim em Agosto de 1975 e muito gostava de encontrar velhos conhecidos.
Caso alguém me queira contactar, eu moro em Oliveira de Azeméis e o meu email é: pcpreis@gmail.com
Um bem haja a todos.
Pedro Reis