José Manuel Verissimo (Fragata) |
O Rio
Em tempos, fervilhava insubmisso e selvagem,
Esventrava a montanha em correria atroz;
Burilava as pedras, moldava a paisagem
E de cachão em cachão, só parava na foz.
Agora, rendido aos paredões do progresso,
Envolto em bruma de “Alcácer Quibir”,
Tranquilamente aguarda o regresso
De águas passadas que um dia hão-de vir.
Que saudade do teu respirar ofegante!
Espelho de águas calmas e adormecidas,
De alma aprisionada entre íngremes montanhas.
Arredado do tempo, em doce embalo,
O Douro prateado, reflete o vale profundo,
Distante dos vales do resto do mundo.
J.F.
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