JORGE LAGE
O que interessa são as audiências. Já se esqueceram da
forma contida como abordaram os incêndios de Pedrógão, com 120 mortos. Assim, depois
de fazerem de Montenegro um empresário de sucesso, quiseram torná-lo um
bombeiro todo-poderoso. Com tanta crítica, servindo-se, até de imagens de
arquivo como se fossem presentes. Temos certos comentadores e políticos
miseráveis, sem respeito pelo saber e pela verdade. Quando caiu um helicóptero
nas águas duma barragem do Douro e o Montenegro foi lá manifestar
solidariedade, caíram-lhe em cima, que só foi para se mostrar, para atrapalhar,
para fazer campanha. Se não vai, é inadmissível que não apareça. Dizem que o «polvo
PS de Sócrates» (2006) montou a estrutura da «Protecção Civil» (PC), que é um
monstro e, segundo se diz, às vezes atrapalha, porque não pode estar em todo
lado e os bombeiros aguardam pela ordem de combate ao fogo, enquanto este galga
e galopa. Por vezes, um fogo que uma ou duas pessoas apagavam com uns rascalhos,
progride e ganha dimensões assustadoras e destruidoras. Ficam os bombeiros à
espera de ordens de burocratas e quem trabalha no duro dos incêndios são os
bombeiros. Para alguns burocratas dos incêndios parece ser mais importante
mandar do que apagar no momento certo. Numa ida ao Centro Interior do país
fiquei assustado com a eucaliptização até á água dos rios. Toda a vegetação
herbácea, arbustiva e arbórea, que eram barreiras naturais à propagação dos
incêndios foi destruída de ambas as margens dos rios, ribeiros e linhas d’água.
Se houvesse respeito e preservação da vegetação ripícola, esta riqueza imensa
faria mais para dominar muitos dos incêndios florestais do que as «máquinas da
PC». Dizem que os milhares de euros falam mais alto. Depois, nas florestações,
devia ser obrigatório haver renques contínuos de cedros do mediterrâneo e de folhosas,
assumindo-se como corta-fogos naturais. A florestação devia respeitar a
biodiversidade, pelo menos a ripícola e a arbórea autóctone e tradicional. A ex-Ministra,
Assumpção Cristas (por quem tenho apreço), na sua ignorância, autorizou a
plantação, indiscriminada, de eucaliptos, não preservando os solos agrícolas
mais férteis. O resultado mais provável é junto à vinha, olival, souto ou pomar
crescerem eucaliptos para arderem e tudo aquilo que está perto deles. Voltando
aos jornalistas que nos arremessam com
imagens e frases dramáticas, será que não pensam que se poderia explorar o lado
mais pedagógico? Quando os incêndios estão a quilómetros não poderiam dizer às
populações que deviam limpar ou ter limpo as zonas em volta das casas, quintais
e cabanais do gado e de alfaias? Não vêm que está tudo ao abandono e a erva
seca que podia ser limpa vai ajudar a devorar os haveres. Alguns repórteres e
políticos mais parecem vendedores de «banha da cobra», ávidos de grandes
adjuntos dos écrans para quem trabalham. Trabalhámos mais de vinte anos, neste projecto,
pro bono, com a Univ. de Coimbra, nas escolas com professores generosos e
voluntariosos, mas alguns políticos achavam que éramos uma ameaça aos lobies
dos incêndios e das florestas. Havia assessores do Senhor Sócrates que
manifestavam grande desespero com este trabalho voluntário. Voltando ao
Primeiro-Ministro, Luís Montenegro, tem que haver recato e inteirar-se à
distância, porque perto só atrapalha. Um general na frente de combate está
deslocado, deve estar no posto de comando e avaliar como se movimentam os «combatentes»
no terreno.


..., pois, os Generais têm de se manterem lá atrás, e o Dr.Montenegro, além disso, já tem dito que "fretes não faz"...
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