domingo, 5 de outubro de 2025

Portugal a arder, uma vez mais

 

JORGE  LAGE




Portugal a arder, uma vez mais – Os ciclos dos incêndios vão-se sucedendo e os incendiários sabem escolher os momentos certos. Não sei qual a má-formação que os impele para tais crimes de terror. O que se vê é a comunicação social espreitar sempre o lado mais escabroso e mais sensacionalista para arremessar aos olhos dos espectadores. O lado pedagógico é quase sempre ignorado. 

O que interessa são as audiências. Já se esqueceram da forma contida como abordaram os incêndios de Pedrógão, com 120 mortos. Assim, depois de fazerem de Montenegro um empresário de sucesso, quiseram torná-lo um bombeiro todo-poderoso. Com tanta crítica, servindo-se, até de imagens de arquivo como se fossem presentes. Temos certos comentadores e políticos miseráveis, sem respeito pelo saber e pela verdade. Quando caiu um helicóptero nas águas duma barragem do Douro e o Montenegro foi lá manifestar solidariedade, caíram-lhe em cima, que só foi para se mostrar, para atrapalhar, para fazer campanha. Se não vai, é inadmissível que não apareça. Dizem que o «polvo PS de Sócrates» (2006) montou a estrutura da «Protecção Civil» (PC), que é um monstro e, segundo se diz, às vezes atrapalha, porque não pode estar em todo lado e os bombeiros aguardam pela ordem de combate ao fogo, enquanto este galga e galopa. Por vezes, um fogo que uma ou duas pessoas apagavam com uns rascalhos, progride e ganha dimensões assustadoras e destruidoras. Ficam os bombeiros à espera de ordens de burocratas e quem trabalha no duro dos incêndios são os bombeiros. Para alguns burocratas dos incêndios parece ser mais importante mandar do que apagar no momento certo. Numa ida ao Centro Interior do país fiquei assustado com a eucaliptização até á água dos rios. Toda a vegetação herbácea, arbustiva e arbórea, que eram barreiras naturais à propagação dos incêndios foi destruída de ambas as margens dos rios, ribeiros e linhas d’água. Se houvesse respeito e preservação da vegetação ripícola, esta riqueza imensa faria mais para dominar muitos dos incêndios florestais do que as «máquinas da PC». Dizem que os milhares de euros falam mais alto. Depois, nas florestações, devia ser obrigatório haver renques contínuos de cedros do mediterrâneo e de folhosas, assumindo-se como corta-fogos naturais. A florestação devia respeitar a biodiversidade, pelo menos a ripícola e a arbórea autóctone e tradicional. A ex-Ministra, Assumpção Cristas (por quem tenho apreço), na sua ignorância, autorizou a plantação, indiscriminada, de eucaliptos, não preservando os solos agrícolas mais férteis. O resultado mais provável é junto à vinha, olival, souto ou pomar crescerem eucaliptos para arderem e tudo aquilo que está perto deles. Voltando aos jornalistas que nos arremessam com imagens e frases dramáticas, será que não pensam que se poderia explorar o lado mais pedagógico? Quando os incêndios estão a quilómetros não poderiam dizer às populações que deviam limpar ou ter limpo as zonas em volta das casas, quintais e cabanais do gado e de alfaias? Não vêm que está tudo ao abandono e a erva seca que podia ser limpa vai ajudar a devorar os haveres. Alguns repórteres e políticos mais parecem vendedores de «banha da cobra», ávidos de grandes adjuntos dos écrans para quem trabalham. Trabalhámos mais de vinte anos, neste projecto, pro bono, com a Univ. de Coimbra, nas escolas com professores generosos e voluntariosos, mas alguns políticos achavam que éramos uma ameaça aos lobies dos incêndios e das florestas. Havia assessores do Senhor Sócrates que manifestavam grande desespero com este trabalho voluntário. Voltando ao Primeiro-Ministro, Luís Montenegro, tem que haver recato e inteirar-se à distância, porque perto só atrapalha. Um general na frente de combate está deslocado, deve estar no posto de comando e avaliar como se movimentam os «combatentes» no terreno.

1 comentário:

  1. ..., pois, os Generais têm de se manterem lá atrás, e o Dr.Montenegro, além disso, já tem dito que "fretes não faz"...

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