Dom João VI e a desgraçada família – O arquitecto, jornalista e historiador, José António Saraiva, filho de António José Saraiva (sobrinho de José Hermano Saraiva - Ministro de Salazar, grande Comunicador televisivo e Historiador) dedicou parte do seu tempo a documentar-se e a escrever sobre personagens da História Contemporânea: políticos, Salazar (com três livros), Marcelo Caetano, o 25 de Abril (conversas com Miguel Caetano, filho de Marcelo Caetano) e o Regicida (leia-se Afonso Costa). Mas, o Arq. José António Saraiva (sinto muito a sua falta e com quem muito aprendi, até nos seus silêncios), recordo a sua última mensagem, que dizia mais ou menos isto: - espero que não seja um último adeus. Claro que não compreendi o que me queria dizer. Afinal, estava-me a dizer que ia partir para sempre.
Passados uns dias, a minha esposa dá-me a triste e
dolorosa notícia recebida do écran: - Morreu o teu amigo do Jornal Sol.
Mas, vamos ao seu último livro, «D. João VI e a desgraçada família – Da fuga
para o Brasil à guerra civil entre os dois irmãos», e que aqui reproduzo a bela
capa, imagem (de pintor não identificado) da rainha, D.ª Carlota Joaquina de Bourbon
(tinha 27 nomes), filha primogénita de Carlos IV, de Espanha, e da rainha D.ª Maria
Luísa de Parma. A edição é da «Gradiva» e a badana da capa tem uma pequena nota
biográfica e da obra do autor. José António Saraiva ganhou o prémio «Luca de
Tena» (2005) atribuído pelo jornal ABC. Foi Director do jornal Expresso de
1983-2005 e fundador do semanário Sol e seu Director de 2006-2015. A contracapa
traz o texto: «Quando se dá a invasão de Junot em 1807, quem ocupa o poder é
um homem medroso, (…). A família real acaba por fugir para o Brasil, (…). Com a
morte de D. João VI – ao que tudo indica envenenado pela própria mulher -, os
filhos disputarão entre si um país arruinado, (…) Por isso, neste livro que
terminou poucos dias antes da sua morte (esta a 6/03/2025, com 77 anos), José
António Saraiva lhe chamou «a desgraçada família» e «o período mais triste da
História de Portugal». Na badana da contracapa traz um excerto da
personalidade e temperamento de D. João VI. O livro tem 525 páginas e 10
capítulos, começa com «O Pecado Original» (da rainha) e termina com «A Guerra
Civil», com 739 Notas, bem expressivas do rigor histórico e da imensa documentação
em que se apoiou o autor. Tem trinta fotos de grande qualidade, sendo a
primeira de Dona Maria I e a última de D. Pedro IV, no seu leito agonizante devido
à tubercolose. Na «Introdução» o autor refere que «D. João VI e D.ª Carlota
Joaquina formaram seguramente, no âmbito da realeza europeia, o par mais feio,
sujo e desavindo do seu tempo». (…) Casaram muito novos, tinha ela dez anos e
ele dezoito, (…) Ela teve nove filhos, mas parte deles não foram garantidamente
gerados pelo marido». Este livro, que vou ler com prazer e devoção, vai
enriquecer-me culturalmente num período agitado da História Contemporânea de
Portugal, em que não faltam as lutas fratricidas entre D. Miguel e D. Pedro e
as Invasões Francesas. Este é um muito bom livro para férias. Sobre José
António Saraiva, vida e obra, fica-se sem se perceber porque ainda não foi
condecorado a título póstumo pelo Senhor Presidente da República. Será que a
sua morte prematura ainda assusta alguém? Ao saudoso homem de letras e autor servem
os versos do poeta Sá de Miranda, no poema a El-Rey D. João II: «Homem de um
só parecer,// D’um só rosto, uma só fé,// D’antes quebrar, que torcer,// Ele
tudo pode ser// Mas de corte homem não é. (…)». Até sempre!

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Com tanta mulher portuguesa bonita, logo D.João VI foi buscar uma espanhola com esta cara de sacana. Via-se logo que ia tramá-lo... e de Espanha, nem bom vento nem bom casamento. Coitado do D.João VI...
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