Um menino rico a brincar ao socialismo
Não havendo questões legais com nenhum deles, para os eleitores Montenegro abriu uma empresa para ganhar a vida, PNS recebeu duas casas dos pais. Há muito mais portugueses a fazer o que faz Montenegro
09 mai. 2025, 00:20 OBSERVADOR
Ainda não se sabe quem ganhará as eleições. Há muitos indecisos, e o PS pode sempre vencer, já que é o partido com mais influência na sociedade portuguesa. Mas os próprios socialistas reconhecem que não será nada fácil ganhar as eleições do dia 18.
São 20 horas de um dia da semana e Pedro Nuno Santos, candidato a PM, passou cerca de vinte minutos a explicar aos portugueses que comprou duas casas, uma em Lisboa e um monte no Alentejo (presume-se para passar fins de semana e férias), com o dinheiro dos pais. Claro que não há qualquer problema com pais ricos comprarem casas aos seus filhos. Ninguém tem nada a ver com isso, a não ser eventualmente o fisco. Mas PNS não é um português qualquer. É candidato a PM; e só há dois em Portugal (Ventura não me levará a mal que eu não o considere candidato a PM). Um candidato a PM, um homem de barbas e cabelos brancos, a dizer aos portugueses, ‘foram os meus pais que ofereceram as casas.’ Este foi o momento político fatal para o líder do PS.
Aliás, PNS sabe que politicamente aquele momento foi demasiado embaraçoso. Por isso, ele tem que insistir no caso da empresa de Montenegro. PNS sabe que só tem uma hipótese para ganhar as eleições: os portugueses acreditarem que há problemas legais com a vida empresarial de Luís Montenegro. Ou seja, PNS precisa de convencer os portugueses que a compra das suas casas foi absolutamente transparente, mas as actividades empresariais de Montenegro levantam suspeitas.
O grande problema, para PNS, é que não havendo suspeitas de ilegalidades por parte do PM, e não há até ao momento, o seu caso é politicamente mais grave do que o de Montenegro. Quantos portugueses, depois de se casarem recebem dos pais uma boa casa em Lisboa e um monte no Alentejo? Eu não conheço nenhum. Quantos portugueses iniciam actividades empresariais para ganhar a vida? Centenas de milhares senão mesmo milhões.
Não havendo questões legais com nenhum deles, para os portugueses Montenegro abriu uma empresa para ganhar a vida, PNS recebeu duas casas dos pais. Há muito mais portugueses a fazer o que faz Montenegro, do que com a vida que tem PNS. Muitos portugueses reveem-se em Montenegro. Todos os portugueses acham que PNS é um privilegiado.
O que terão pensado os
portugueses que viram o debate entre Montenegro e PNS quando se discutiu a
habitação e as dificuldades que os jovens têm para comprar a primeira casa? A
verdade é que PNS nunca passou por essas dificuldades. Não sabe o que são as
angústias de pedir o primeiro empréstimo ao banco recém-casado. As dúvidas se o
avaliador vai confirmar o valor da casa para se receber o empréstimo da casa.
Os valores do seguro e da escritura que são necessários pagar. As contas que
são necessárias fazer para se pagar os empréstimos todos os meses. O dramatismo
que é ter prestações ao banco em atraso. A tragédia que é perder o emprego e
não poder pagar o empréstimo ao banco. Eis a realidade da maioria dos
portugueses. PNS nunca passou por isso. Tal como no caso do Marxismo, pelo qual
se enamorou, tem um conhecimento teórico sobre as dificuldades de comprar a
primeira habitação. Mas é mesmo só teórico. E confessou isso em directo, nas
televisões, aos portugueses que têm dificuldades em comprar casas.
Muitos, sobretudo no PS,
acreditavam que PNS conseguiria recuperar os votos dos jovens que estão a fugir
aos socialistas. Mas a maioria dos jovens olha para PNS como um menino rico
ajudado por pais ricos. Não é essa a experiência deles.

Sem comentários:
Enviar um comentário