Por Maria da Graça
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FIG. 1 |
Contada apenas por LUCAS (I,39-56) de forma
sumária, o episódio diz-nos que por aqueles dias, Maria se dirigiu
apressadamente a uma povoação nas montanhas da Judeia, para visitar a sua prima
Isabel que se encontrava grávida de seis meses.
Entretanto em casa
de Zacarias, marido de Isabel, cumprimentou a prima. Quando Isabel ouviu a
saudação da prima, a criança mexeu-se dentro dela. (fig.1)
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FIG. 3 |
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FIG. 2 |
Isabel descendente de
Arão, irmão de Moisés, era esposa de Zacarias, sacerdote numa cidade nas
colinas de Judá. Isabel, além de estéril, já tinha uma idade avançada, assim
como o seu marido. Certo dia, o anjo Gabriel apareceu a Zacarias no templo,
junto do santuário, e anunciou-lhe que as suas orações haviam sido ouvidas. Por
esse motivo, Isabel iria dar à luz um filho, a quem deveriam dar o nome de
João. Como Zacarias não acreditou, o anjo disse-lhe que ficaria incapaz de
falar até que isso acontecesse. Quando Zacarias saiu do santuário, dirigindo-se
para casa, apenas gesticulava. Dias depois Isabel concebeu.
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FIG. 4 |
A representação deste tema
baseia-se, segundo Émile Mâle, em dois modelos distintos: o da arte
helenística, onde as mulheres avançavam ao encontro uma da outra em atitude
reservada e o modelo sírio em que trocavam um abraço terno. (fig. 2 e 3) .
Estas duas tradições
iconográficas remontam ao século VI. Santiago de Vorágine diz-nos, na "
Lenda Dourada " que o culto da visitação foi instituído pelo Papa Urbano
VI, preocupado com o "Grande Cisma" do Ocidente. (fig 4 e 5).
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FIG. 7 |
Estas representações
cumprem os preceitos do tratadista sevilhano, Francisco Pacheco. Ou seja,
seguem os versículos de São Lucas, influenciada pelos preceitos
contra-reformistas. Ao contrário de outras que preferiram a visão dos
místicos, como é demonstrado por Luís Teixeira acerca da Visitação de Viseu (Fig.7 - imagem da Lavandeira, Carrazeda de Ansiães).
O encontro das duas primas
tem um carácter afectuoso, abraçando-se com ternura, ao contrário do encontro
da "Anunciação", mais solene e austero.
Maria aparenta a idade de
uma mulher jovem, como recomenda a tradição. Isabel esboça uma genuflexão e uma
ligeira vénia com a cabeça. Isabel aparenta a idade de uma mulher idosa.
Além das duas primas, esta
cena é, muitas vezes, completada com outras personagens, entre elas, Zacarias e
José.
Em alguns casos,
além do abraço,
beijam-se. O tema foi artisticamente explorado de diversas
formas, reflectindo a evolução do fervor mariano. A variante da genuflexão
aparece em inícios do século XV nos livros de horas, adoptada pela arte
italiana em finais do mesmo, impondo-se após do Concílio de Trento na arte
barroca.
É também comum,
representar-se a Virgem muito mais jovem na Anunciação do que na Visitação...
( ...)
In AS MULHERES NOS
EVENGELHOS CANÓNICOS
- A Sua Representação
na Periferia Duriense
ARMANDO PALAVRAS
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