«O
próprio Jesus nos orientou em relação ao discipulado quando disse:
Foi-me dada toda a autoridade nos céus e na terra.
Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do
Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a obedecer a tudo o que eu
ordenei a vocês. E eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos»
O livro de
Armando Palavras, com o título de: «As mulheres nos Evangelhos Canónicos – A
sua representação na periferia duriense», podem os interessados pedi-lo à Editora
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Livros: Rua da Boavista, 719, 1º T e nº 723 - 4050 110 / Telf: 222
038 145, do Porto. Ou ainda à BERTRAND, WOOK e LIBROS. CC.
O tema é raro, principalmente porque o autor trata-o com
singeleza, com respeito e através da arte sacra, à distância da Bíblia, dos
evangelhos e das pregações dos apóstolos. Dois mil anos se passaram, as
gerações que se seguiram falaram, e continuarão a falar, dessas parábolas,
acrescidas das visões que se estampam nas vitrinas dos templos, nas procissões
das festas convencionais, nas jornadas religiosas dos santos e, até, nas mais
recentes jornadas como acaba de ser o palco que Lisboa foi e perdurará.
Na introdução de mais este volume, o académico desta
fenomenologia religiosa, começa por dizer que «os argumentos para descartar a
possibilidade de ter existido a presença feminina no discipulado de Jesus, são conhecidos».
E explica: «a condição social da mulher, naquele tempo, não o permitiria por
não ser costume os homens e as mulheres viajarem juntos», tanto mais que elas
não podiam estudar a Torá». Esta palavra de origem hebraica, era uma espécie de
bíblia, formada por cinco livros, dispostos em forma de provérbios, para
instruir a sociedade do tempo. No contexto do Pentateuco, era um rolo de pergaminho,
no qual os cinco livros fundamentais da fé israelita estavam contidos.
O
investigador Armando Palavras, nestas duas páginas (7, 8) da introdução, faz
uma síntese dos usos e costumes que o leitor deve aproveitar para que analise o
papel dos homens e das mulheres no âmbito dos evangelhos canónicos.
Esta
perspetiva reporta-se às mulheres que estavam impedidas de estudar a Torá. Do
mesmo modo «os Evangelhos não registam o chamamento de nenhuma mulher em
especial para ser discípula».
O autor, logo a começar, cita Swidler, que fez saber que «Jesus teria sido bastante revolucionário na sua atitude para com as mulheres. A sua atitude seria libertadora perante as atitudes restritivas dos Judeus».
Armando
Palavras explica que estes argumentos «têm sido rebatidos nas quatro últimas
décadas, por investigadoras, algumas ligadas a movimentos sobre a questão das
mulheres judias». Mas também afirma que «hoje, dos dados apresentados
por outros autores, como Judith Plaskov, Fiorenza, Bernadett Brooten e outras
investigadoras, apontam para características bem diferentes. Segundo os
argumentos desta nova versão, a atitude de Jesus não terá sido tão
diferente dos seus contemporâneos, no que respeita ao sexo. As mulheres judias
podiam viajar, mesmo junto de homens, desempenhavam funções de escribas,
anciãs, estudavam a Torá, tinham profissões».
E
o autor desta temática religiosa, que o Papa Francisco enfrentou no seu
pontificado, conclui, no desenvolvimento da sua teoria, que tudo isto resulta
das atitudes que Jesus teve no seu discipulado, a companhia de várias mulheres
que eram tratadas como iguais. Armando Palavras pegou neste complexo tema do
discipulado de Jesus, para desenvolver dois milénios da sociedade planetária,
numa tese doutoral que tem plena atualidade.
Na
contracapa deste volume sintetiza o amplo campo de ação que percorreu para a
sua pesquisa científica, mostrando que a pintura é uma área específica da
História de Arte e que, como investigador integrado do Centro de Investigação em território, enveredou por esta
infindável tarefa de recuar ao discipulado de Jesus. Para campo de trabalho
elegeu «a sua representação na periferia duriense».
«Nestas quatro décadas o
discipulado de Jesus tem promovido argumentos a favor e a desfavor da sua
composição. Sabemos que os doze apóstolos era o grupo mais próximo do Jesus.
Mas os indícios apontam para que o grupo dos discípulos era constituído por
várias mulheres».
Esta hesitação entre a
realidade e o tema do discipulado feminino, serviu de pretexto para o
aprofundamento do ensaio, sobre as mulheres nos evangelhos canónicos. O título
deste livro serve o propósito de analisar, em termos iconográficos, vários
episódios dos evangelhos. Neles estiveram as
mulheres que se destacaram. E daí que esses episódios que estão incrustados nos
episódios das igrejas periféricas da região do Douro, sobretudo em pequenos
painéis que forram os tectos dos templos.
O investigador Armando Palavras,
conseguiu inserir nestas quase 200 páginas, ora a cores, ora a preto e branco,
21 concelhos da Região Demarcada, em termos iconográficos. Na página 9 deste
tratado científico aparecem mapeados os 21 municípios durienses, nomeadamente:
Mesão Frio, Peso da Régua, Santa Marta de Penaguião, Vila Real, Sabrosa, Alijó,
Murça, Mirandela, Alfândega da Fé, Freixo de Espada à Cinta, Figueira de
Castelo Rodrigo, Mêda, Penedono, Vila Nova de Foz Côa, Torre de Moncorvo, Vila
Flor, Carrazeda de Ansiães, São João da Pesqueira, Tabuaço, Armamar e Lamego.
Os episódios que estão
incrustados no espólio das igrejas desta região, principalmente em pequenos
painéis que forram os respetivos tectos, representam uma causa épica, tanto
mais que envolveram párocos e leigos, especialistas ou meros curiosos,
instituições privadas e/ou públicas. Esta hercúlea tarefa científica implicou a
entrega a tempo inteiro do cientista Armando Manuel Gomes Palavras, licenciado
em Belas Artes (pintura), doutorado em História da Arte e investigador
integrado do CITAD (Centro de Investigação em Território, Arquitectura e
Design).
É um Luso-Angolano que se
radicou em Lisboa, de onde produz ciência em tudo o que faz e que aconselha,
não só naquilo que sabe e que procura saber, para apoiar outros, como a Casa de
Trás-os-Montes e Alto-Douro. Em livros, em revistas, em jornais e - até - em
blogs, Armando Palavras é uma espécie de sineiro das nobres causas regionais e
nacionais.
Este volume reúne, citando,
metodologicamente, centenas de fontes que a mim próprio (que desde a revolução
dos cravos nos conhecemos) me espantam como sejam: Pedro de França, natural de
Chaves, que em 1564 foi contratado pela Colegiada da Oliveira para executar um
retábulo para a Capela-Mor de Vila Real; Belarmino Afonso, que fundou e dirigiu
a revista Brigantia e produziu textos magníficos sobre a arte sacra de
Bragança; Joaquim de Barros Ferreira, meu condiscípulo no seminário de Vila
Real, que legou aos Estudos Transmontanos e Durienses, revista do arquivo
distrital (nº 11) tão relevante e que nos deixou tão cedo.
É inesgotável o curriculum
científico de Armando Palavras. Trás-os-Montes e Alto Douro deve muito a muita
e nobre gente que deixa os tamancos quando calça os sapatos da cidade. À falta
de ocupações profissionais, saía e continua a sair de trás do escano, para
sobrevir na cidade. Mas regressa quase sempre para calçar os socos atrás da
lareira.
Quem por cá fica recebe, sempre
bem, quem regressa. Vejam-se os emigrantes.
Há outros que ficam, por a
família ter crescido. Mas quem não pode regressar tem direito ao reconhecimento
do que fez.
Deixo aqui um aplauso à direção
da Casa-Mãe de Trás-os-Montes e Alto Douro de Lisboa pela fórmula inédita que
encontrou para lembrar esses que não podem voltar, mas que se contentam com o
diploma dos melhores. Refiro-me à centena de transmontanos que foram a Lisboa
para receberem o Prémio Adriano Moreira e que a mesma direção vai repetir em
Setembro próximo com a memória de Guerra Junqueiro.
Barroso da Fonte
(decano dos Jornalistas Portugueses)
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