domingo, 24 de outubro de 2021

A propósito de Aristides de Sousa Mendes

Museu da Paz - Vilar Formoso - inaugurado em 2017
 

Capa do livro do Embaixador
Carlos Fernandes
Não conheci Aristides de Sousa Mendes e, portanto, não vou fazer nenhum comentário sobre a sua pessoa e o seu comportamento bom ou mau. Mas conheço o arquitecto que, integrando nos anos 1980 a Sociedade Campos e Nunes, então proprietária da casa que foi de Aristides, se propunha transformá-la num hotel, ideia que foi contrariada; e, como está documentado, sabe-se que o Estado Português deu à família de Aristides Sousa Mendes uma indemnização de 15 mil contos (75 mil euros)   (a que propósito (?) se ele, legitimamente destituído da função que ocupava, se manteve no Quadro da Carreira Consular e recebeu todos os salários a que tinha direito até morrer ?...); sabe-se que a Assembleia da República, mais tarde, deu à Fundação Aristides Sousa Mendes, que adquiriu a casa e para conservação desta, inicialmente 50 mil contos (250 mil euros) e, posteriormente mais 60 mil contos (300 mil euros). Tudo dinheiro dos nossos impostos. 

Contra capa do livro do Embaixador
Carlos Fernandes
Pelo que se viu na reportagem da TV, a casa está em perfeito estado de degradação, com a excepção de um telhado visivelmente novo. E, pelas notícias recentes, parece que a recuperação da casa vai finalmente ser feita, integrada num conjunto de projectos proposto pela Comissão de Coordenação do Desenvolvimento Regional do Centro, com um orçamento de 360 mil euros a pagar mais uma vez com os nossos impostos e com fundos comunitários. Ou me engano muito, ou anda por aí dinheiro dos nossos impostos a vaguear em parte incerta. Estas e muitas outras histórias, muitas invenções, algumas verdades e muitas mentiras que levaram a nata da nossa classe política a reunir-se ontem no Panteão Nacional para, homenageando Aristides Sousa Santos - uma boa alma que é completamente alheia a todo este teatro e parece ter sido vítima apenas de si próprio - atacar a pessoa e a imagem de Salazar. É o "politicamente correcto" marxista no seu melhor! Convém-lhes reescrever a História! Estes Senhores da Política ao mais alto nível não leram, mas deviam ter lido, o livro do Sr. Embaixador Carlos Fernandes (falecido aos 97 anos em 28 de Outubro de 2019) que conheceu e privou com Aristides Sousa Mendes. A Verdade, toda a Verdade, está lá documentada. Incluo em anexo a capa e a contracapa  desse livro com este título: "O Cônsul Aristides Sousa Mendes - A Verdade e a Mentira".

FPV

 

Comentário de Tempo Caminhado:

Aristides de Sousa Mendes salvou milhares de Judeus, seja com vistos legais correctos, seja com vistos legais, mas incorrectos. Fê-lo em consciência. E ainda bem. O que não é correcto nem legal é, utilizar ideologicamente a pessoa de Sousa Mendes para transmitir à populaça, aldrabices como se fossem formulações e, sobretudo, premissas válidas sobre a actuação do regime do Doutor Salazar. E a historiadora Pimentel tem-no feito em publicações, sem se preocupar com o rigor histórico da coisa, porque neste regime xuxa tem toda a cobertura. Esta senhora tem dito e escrito sobre a temática, mas sem o rigor que se exige a um (a) historiador (a). Desde logo porque já afirmou que o regime de Salazar impediu que milhares de Judeus tivessem sido impedidos de atravessar a fronteira, o que é mentira como os factos hoje confirnmam e que, aliás, em devido tempo foi desmentido por José Hermano Saraiva (com documentação fiável). Por outro lado afirmou e publicou um número inconcebível sobre os judeus que receberam vistos de Sousa Mendes: cerca de 30.000. Não devem ultrapassar os 1.600. Mas mesmo que fosse um único judeu, seria memorável e heroico.

Aliás, o historiador Callagan, refere na sua entrevista ao Nascer do Sol, mais duas personalidades tão importantes (que salvaram mais judeus) como Sousa Mendes, que se destacaram e são ignoradas em Portugal.

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