segunda-feira, 17 de maio de 2021

Passaram-se 40 anos sobre o atentado a São João Paulo II

                                                          

                                                                     A intervenção de nossa Senhora

 

S. João Paulo II sempre afirmou que foi salvo por uma intervenção sobrenatural de nossa Senhora. Seria apenas uma questão de fé, pois o atentado se deu num dia 13 de Maio, dia de nossa Senhora de Fátima? Não era. Quando estava completamente recomposto, a primeira coisa que ele pediu foi um terço. Quando o teve nas mãos, ele disse que sentiu nossa Senhora dirigir o caminho das balas pelo meio dele. Daí o espanto do médico a propósito da trajectória da bala, como vamos ver mais à frente. Anos mais tarde, ao dirigir-se aos bispos italianos em 1994, disse que fora “uma mão materna quem guiou a trajectória da bala.” E noutra ocasião disse: “uma mão disparou, e outra guiou a bala”. E ainda “foi a mão de Maria a guiar a trajectória do projéctil e a morte foi vencida no seu limiar”. Mas a intervenção de nossa Senhora não esteve apenas na trajectória da bala. Esteve em todo o caso do atentado, a começar na véspera. Vejamos então: numa aparição ao senhor cardeal Sin, de Manila, nossa Senhora pediu para se rezar pelo Papa porque senão ele morreria no dia seguinte - quando o Papa caiu ferido, houve pessoas que A viram correr para o seu lado e abraçá-lo. Foi aí que se deu o caso da fotografia miraculosa, como vamos ver mais à frente. Ela desapareceu tão rapidamente como apareceu. - a própria Irmã Rita disse que foi a Roma em bilocação acompanhada por nossa Senhora. Aqui chamo a atenção para o papel de nossa Senhora durante todo o atentado. Vamos agora ver cada um dos casos: aparição, milagres, coincidências, tudo enfim.

 

Aparição de nossa Senhora

 

Para já, vamos ver a aparição ao cardeal de Manila, contada por ele próprio numa entrevista.

R – Repórter

CS – cardeal Sin

NS – Nossa Senhora

CS - Eram 2 da tarde, na véspera do atentado. Normalmente não recebo visitas até às 3 horas. Às 2 sentei-me para rezar vésperas. A porta estava fechada. Entrou uma Senhora, como nunca vi em Manila.

R -Ela foi anunciada? Fez-Se anunciar?

CS - Nada. E nunca A vi cá em Manila. Ela sentou-se ali. Eu disse-Lhe: - Porque está aqui? Que posso fazer por Si? Ela disse-me:

NS - Vim porque Me disseram para vir.

CS - Quem Lhe disse para vir? Disse eu.

NS - Alguém. Apenas para vos avisar que o Santo Padre será abatido amanhã.

CS - Comecei a sorrir.

NS - Porque está a sorrir?

CS - Talvez porque a Senhora é apenas uma missionária

NS - Não, disseram-me para vos dizer para rezar pelo Santo Padre para se impedir a sua morte se não se rezar por ele.

CS - Ela levantou-Se.

NS - É consigo, se não acreditar.

CS - Ela levantou-Se e saiu. A porta estava fechada. Eu levantei-me apenas para descobrir o que não se podia descobrir. Chamei a secretária.

CS - Viu alguma senhora a passar?

Secretária - Não.

CS- Isto é uma coisa que não é normal.

CS - Chamei as carmelitas. E as contemplativas das Irmãs Rosa. Disse-lhes para se rezar pelo Santo Padre.

- Porquê? - perguntaram elas.

CS - Porque ele precisa de orações, para que não lhe aconteça nada. Porque é um mortal como qualquer de nós.

CS - Naquela noite, estava a dormir. O telefone tocou às 2 da noite. Alguém me avisou que o Presidente Marcos queria falar-me. Comecei a rezar a nossa Senhora.

Presidente Marcos -Sabia que o Santo Padre foi abatido?

CS - É a primeira vez que oiço falar nisso. Mas eu tinha uma missão para que nada lhe acontecesse.

R - Ela disse que se as pessoas não rezassem o Santo Padre seria abatido?

CS - Sim. Eu contei isto ao próprio Santo Padre.

R - O bispo Mcgee conta que a bala ia direita ao coração e que foi um milagre que a bala parasse antes que atingisse o coração e que não o atingisse.



 

Maio 13, 1981

 

Aquele longínquo 13 de maio,

De mil novecentos e oitenta e um.

Triste ensaio,

De um louco, como nenhum,

A disparar sobre João Paulo II.

Indignado, acorda o mundo. (1)

 

Foi na Praça de São Pedro em Roma.

Agca dispara uns tiros.

Nas televisões depressa assoma                        

A notícia! A gente, em suspiros:

Como assim, este atentado?

Batido o Papa cai para o lado! (2)                                 

 

Atingido no abdómen, mão e braço,

Eram tiros mesmo de morte,

Que espreitavam o Papa ao seu passo.

Treze de maio: Maria foi a sua sorte.

Ali estava Ela, na sua festa,

A protegê-lo de forma tão manifesta. (3)

 

De um lado, vemos a mão homicida.

Do outro lado, vemos a mão protetora:

Não deixa que o homem decida

A morte do Papa, naquela hora.

Estamos todos nas mãos de Deus.

É Ele que cuida dos filhos seus. (4)

 

E o Papa que faz a seguir ao atentado?

Vemos, surpreendidos, quatro dias depois,

Que Ali Agca, na voz do Papa, é perdoado.

Dois anos mais tarde, encontram-se os dois.

A conversa ficou sempre em segredo.

João Paulo II, apóstolo do perdão, sem medo! (5)

 

Teófilo Minga

Roma, 13 de maio de 2021 (40 anos depois do atentado)

 

1)      Um poema memória de um atentado que ficou na história moderna e do qual muitos de nós ainda se lembram: exatamente há 40 anos, no dia 13 de maio de 1981, João Paulo II era vítima de um atentado. Ali Agca, um assassino turco, um autêntico sicário, disparou sobre ele diversos tiros e feriu-o no abdómen, numa mão e num braço. Era para matá-lo, de verdade.

2)      Foi, precisamente, na Praça de São Pedro que essa tentativa de homicídio se deu. Existe hoje, nessa Praça, um mosaico comemorativo desse atentado, em pleno solo, no lugar onde Ali Agca tentoiu assassinar o Papa. A noticia percorreu imediatamente o mundo, assim como várias fotografias com o Papa caído no Papamobile, a ser ajudado pelo seu secretário.

3)      Acaba de sair um livro de Antonio Preziosi com o título: IL PAPA DOVEVSA MORIRE – LA STORIA DELL’ATTENTATO A GIOVANNI PAOLO II. Uma pequena apresentação do livro no jornal AVVENIRE de quinta-feira, 13 de maio de 2021, pagina 4, escreve: “Quarenta anos depois, Antonio Preziosi reconstrói aquele dia com testemunhos diretos e detalhes pouco conhecidos, ou mesmo inéditos, analisa as razões políticas do atentado e põe em evidência todas as implicações históricas e espirituais deste gesto. Mas sobretudo, o autor percorre a peregrinação interior de São João Paulo II, deixando perceber como o Papa interpretou o atentado e a intervenção sobrenatural que o salvou”. Na pagina 10 do mesmo jornal, uma reportagem bastante completa sobre esse dia 13 de maio de 1981, com uma pergunta, logo no título: “Que mundo teríamos, sem ele?”. Isto é que mundo teríamos, se ele tem morrido no atentado de há 40 anos? Sempre nesta página 10 (última coluna) temos dois testemunhos. 1) O do Cardeal Stanisław Jan Dziwisz, Secretário particular de João Paulo II. Acompanhava-o no momento do atentado. Recorda esse momento e diz: “Sinto-o ainda escorregar entre os braços e invocar: ó Maria, minha mãe. Uma ‘mão’ desviou as balas”. 2) O do cirurgião Francesco Crucitti que o operou no Policlínico Gemelli. É Antonio Preziozi que recolhe este testemunho no seu livro, referido nesta nota. Diz Francesco Crucitti: “O desvastante projétil que tinha atravessado o corpo de João Paulo II, moveu-se de uma maneira inexplicável no abdómen do Papa. Descreveu uma espécie de “Z” e não seguiu em linha reta: um zig-zag que fez que a bala se desviasse de todos os órgãos vitais. De um modo particular mudou a trajetória ao aproximar-se da aorta central. Se tivesse tocado a aorta central o Papa teria morrido no próprio momento. Assim passou ao lado também da espinha dorsal. Se lhe tem tocado o Papa teria ficado paralisado. Em resumo: uma mão disparou. Outra mão desviou o projétil”. 

4)      João Paulo II, a posteriori, pensou sempre que foi Nossa Senhora de Fátima que o salvou. Falava de uma mão homicida (que tentou matá-lo) e de uma mão materna (que o salvou). Deste pensamento que se tornou certeza na vida de João Paulo II, nasceu a sua vontade, de ainda quase em convalescença, vir a Fátima no dia 13 de maio de 1982, agradecer à Virgem de Fátima, a grande graça de lhe ter salvado a vida. O Papa Francisco recordando este evento, diz, e muito bem, que a nossa vida e a nossa morte estão nas mãos de Deus e não nas mãos de um assassino qualquer como Ali Agca. O que também é verdade. Mais tarde, em março de 1984, ainda como ulterior sinal de agradecimento, João Paulo II quis que o projétil extraído do seu corpo fosse incrustado na Coroa da estátua de Nossa Senhora de Fátima. Para tal fazer o Papa pediu que a estátua de Maria presente em Fátima viesse, propositadamente, a Roma.













 

5)     

Omundo ficou chocado com este atentado e não era para menos. Mas também muitos ficaram admirados com o perdão que o Papa deu ao agressor. De verdade, não podia ser de outra maneira. João Paulo II situa-se dentro do Evangelho, que nos convida a perdoar não apenas 7 vezes, mas 70x7, isto é sempre (cf., Mateus, 18, 21-22). Não me admiro que o Papa tenha perdoado, porque se não perdoasse nem cristão era. Admira-me a grandeza do perdão. O agressor é perdoado. A primeira mensagem de perdão de João Paulo II ao seu agressor, é tornada pública dia 17 de maio de 1981, quatro dias depois do atentado. Dois anos depois, no dia 27 de dezembro de 1983 o Papa decide ir encontrar Ali Agca na prisão de Rebibbia, em Roma. O que disseram ficou sempre em segredo, mas uma vez mais João Paulo II mostrou ser um verdadeiro apóstolo do perdão e da paz.

Não têm faltado gestos parecidos no povo cristão. Ainda recentemente o Padre Christian Carlassare, ferido nas pernas por agressores seus, lhes perdoou e fala frequentemente, depois do atentado, de perdão e reconciliação.

Bento XVI perdoou o seu mordomo Paolo Gabriele do roubo qualificado de documentos originais, outros fotocopiados. Alguns desses documentos estavam encriptados, outros tinham Bento XVI como remetente ou destinatário. Não foi um atentado físico, mas grave de igual maneira. Paolo Gabriele foi condenado a três anos de prisão, na prisão do Vaticano. Bento XVI visitou-o na prisão e reduzi-lhe a pena a três dias e perdoou-lhe toda a culpa. Foi um gesto talvez menos espetacular que o de João Paulo II, visitando também o seu agressor, mas foi igualmente significativo e profundo. São lições para todos nós, que podemos ter, eventualmente, muita dificuldade em perdoar a quem nos agride fisicamente ou psicologicamente.

 

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