JORGE LAGE |
Abordei-a e advertiu-me logo, que eu não sei nada de Enfermagem e que
nem pensasse em escrever sobre este tema. Aliás, as Enfermeiras estão para a
saúde dos portugueses como a Santa Bárbara está para as trovoadas. Só se invoca
o auxílio da Santa Bárbara, protectora contra as trovoadas, quando trovoa.
Também só se refere a medo ou com algum fariseísmo o trabalho abnegado dos
profissionais de Enfermagem quando uma calamidade ou doença grave nos bate à
porta, como acontece com esta pandemia chinesa. A Enfermagem Portuguesa deve
muito a um grupo de Enfermeiros do norte (Porto), nas décadas de oitenta e
noventa do século passado, se licenciaram (um escândalo… licenciados eram os
médicos!...), tiraram mestrados em universidades e, por fim, doutoramentos e
pós doutoramentos. Houve um movimento de alguns médicos e burocratas da saúde
para travar a formação dos licenciados em universidades. A Faculdade de
Filosofia de Braga, da Univ. Católica nos anos noventa abriu a licenciatura em
Enfermagem, assumindo a minha mulher a área específica de Enfermagem. A partir
daqui as universidades portuguesas passaram a abrir a porta do saber formal
superior aos enfermeiros. Hoje os Enfermeiros não querem palmas mas uma
carreira profissional justa e que teve algum confronto e manipulação da opinião
pública pelo governo socialista ou costista. E a burocrata mor da saúde a
apelidar de «irresponsáveis» e «criminosos» os Enfermeiros, só porque lutavam
por melhores condições nas estruturas da saúde e laborais. Foi um repugnante
episódio. Com a pandemia a causar pânico entre a nossa sociedade, volta-se a
olhar para os Enfermeiros, que estão na linha da frente e em permanência as 24
horas, mas para abafar o seu trabalho nota-se algum amordaçar do seu trabalho
com expressões como, «médicos e outros profissionais da saúde», em vez de
«médicos, enfermeiros e auxiliares de saúde». Foi preciso que o
Primeiro-Ministro Britânico, Boris Johnson, viesse a destacar dois Enfermeiros
(um português), que o ajudaram 24 horas, sobre 24 horas a recuperar do vírus
chinês. Mais, em tempo de pandemia, o Reino Unido criou vários hospitais de
«combate» com o nome da Mãe da Enfermagem mundial, Florence Nightingale. Cá era
impensável. O Presidente da República felicitou-o, mas alguém se lembra do que
disse o chefe do governo e a chefe da saúde?
Jorge Lage – jorge.j.lage@gmail.com
–24ABR2020
Provérbios
ou ditos de Maio:
Andam os castanheiros ao boi!...
Em Abril queimou a velha, o carro e o carril; e uma camba que ficou,
em Maio a queimou.
Diz o roto ao nu: «Porque não te vestes tu?»
Jorge Lage – jorge.j.lage@gmail.com
– 24ABR2020
É verdade que Florence Nightingale é o símbolo da Enfermagem,portanto,é justo que o seu nome figure nos hospitais de combate.É verdade que os enfermeiros foram considerados (e ainda são)profissionais de segunda, mas é verdade que há enfermeiros que valem muito mais do que certos médicos.A luta deles não é fácil; é difícil aceder aos patamares superiores, sem causar ruído.A verdade é que há mais enfermeiros infetados que médicos. Porquê? Quem cuida primeiro? Portanto,o agradecimento de Boris Johnson foi justo e comoveu-me.
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