quinta-feira, 11 de junho de 2020

A Língua é remendo para o marxismo e para o fascismo

BARROSO da FONTE

 O tempo caminhado repercutiu no dia 10 deste mês, um texto do Observador, caracterizando o conceito ideológico de 1971. Meio século depois mudou muita coisa, sobretudo na liberdade. Mas não deixa de ser caricato que aquilo que o marxismo se tenha apossado daquilo que mais detestava (o Salazarismo), reclamando-o seu (como a Ponte 25 de Abril); e não se bata pela mudança do dia da Raça, para o verdadeiro dia de Portugal que é o 24 de Junho (de 1128).
Confronte o leitor os dois textos e veja as diferenças,

 A Pátria de há 50 anos não era ditosa?

Há 50 anos o dia 10 de Junho celebrava-se como o dia da raça. Um racismo perfeito que abrangia todas as raças que eram portuguesas, sem conotações de exclusão discriminatória.
Em Portugal não havia então complexos colonialistas e, pelo contrário, promovia-se a ideia que a Nação se estendia do Minho a Timor.
Era uma ideia contra a corrente de opinião veiculada pela esquerda marxista, ainda internacionalista e uma direita liberal, de pendor americano-democrata que era compagnon de route desse entendimento advindo com os "ventos da História".
Não obstante em Portugal resistia-se a tal entendimento e não havia discussão livre acerca de tais ideias.
Oficialmente Portugal continuava uno e indivisível nessa identidade. Era assim que se ensinava nas escolas e era assim que se noticiavam os acontecimentos, com críticas implícitas a "derrotistas" e cépticos de tal doutrina. Os opositores marxistas eram calados pela censura, com um pretexto válido: a guerra no Ultramar já com uma década de duração.
Hoje em dia, em Portugal é precisamente o contrário que sucede: quem se atreve a discordar do discurso marxista oficial leva com uma carga de fassista para arruinar qualquer credibilidade subsistente, sendo igualmente censurado nos media, com um fervor não muito diferente do que acontecia há 50 anos. A mentalidade censória é sempre a mesma: capar ideias alheias contrárias ao poder que está. A Liberdade nunca passa por aí e era para usufruirem de tal privilégio que os actuais censores criticavam o antigo regime. Mal se viram no poder alteraram o discurso oficial, substituiram as palavras por outras e fizeram exactamente o mesmo que aqueles que criticavam: censuram as vozes discordantes, porque têm medo da verdade e de serem corridos pela incapacidade e incompetência de que já deram provas mais que sobejas.
Para perceber o que era exactamente o espírito do tempo que passou há 50 anos e que era o do regime e também da população em geral, com exclusão da pequeníssima franja comunista e socialista, de carácter subversivo e então anti-patriótico, basta ler estas páginas da revista Observador de 11 de Junho de 1971  In Portadaloja, dia 10 de Junho de 2020

O simbolismo do dia 10 de Junho envergonha a História

A democracia Portuguesa anda muito baralhada porque usa o fascismo para se glorificar e aceita o dia da Raça para se proteger.
Somos um país do faz de conta. O dia de Portugal é uma dessas datas que desmentem a pureza da democracia. Tal e qual. Os dois exemplos que cito atrás são paradigmáticos. Como a Ponte Salazar foi uma das obras marcantes do Salazarismo, os revolucionários do 25 de Abril, valeram-se dela e a ela se agarraram como a era se agarra aos muros, às paredes e às árvores. Ou seja: não têm coluna vertebral para sobreviverem. Já vamos com quase tantos anos de democracia como durou o Estado Novo. O Parlamento já teve tempo e quórum para legalizar as maiores obscenidades humanas; mas ainda não teve um raio de lucidez para escalonar, acertando, as fífias, as monstruosidades e os cataclismos da historiografia Portuguesa. Enquanto Portugal cresceu e se transformou num Império, aumentando a geografia territorial que, ao tempo do Tratado de Tordesilhas, permitiu dividir com a vizinha Espanha «o mundo a conquistar», a Raça Lusa construiu o Império Português, belamente exaltado por Camões que morreu em 1580. Esse poema épico imortalizou-nos; e, desde essa data, o seu nome e a sua obra, mesmo que não se conheça mais nada da história, todos os «portugas», citam Camões, os Lusíadas, a Mensagem de Pessoa, a morte do Padre Eterno e até a Catarina Eufémia.
Não se pense que o dia 10 de Junho se comemora há séculos. A primeira vez que aparece referência festiva a esta data foi em 1880 por Decreto de D. Luís I quis celebrar «o Dia de Festa Nacional de Grande Gala» para invocar os 300 anos «da hipotética data da morte de Luís de Camões, em10 de Junho de1580».Mas apenas foi essa festividade celebrada nesse ano.
Com a implantação da República, em 5 de Outubro de 1910, foi publicado um decreto, dois dias depois, para restringir os feriados religiosos.
Mas, verdadeiramente, o 10 de Junho começou a exaltar o Estado Novo, em 1933, como propaganda ao período de Salazar, que terminou no 25 de Abril. Em 1944 o mesmo dia serviu para inaugurar o Estádio Nacional do Jamor. E a partir de 1963 o pretexto desse mesmo dia foi a homenagem às Forças Armadas, numa clara exaltação ao poder colonial. Só em 1978 passou a ser o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.
Por esta síntese se conclui que foi o período Salazarista que provocou a revolução dos cravos, diabolizando o Estado Novo. Os democratas quiseram guardar o símbolo desse tempo mau, reivindicando as obras como a Ponte sobre o Tejo, o Estádio do Jamor e o 10 de Junho. Talvez «o dia dos favores políticos, a militares e amigalhaços».
Porque o verdadeiro dia de Portugal só deve haver um: o dia em que Portugal nasceu: em 24 de Junho de 1128, data da Batalha de S. Mamede.
   Barroso da Fonte

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