1. A propósito da apreciação na
Assembleia da República, da historicamente importante decisão do Parlamento
Europeu, que equiparou a prática (e não só) do comunismo à do fascismo (diga-se
também «nazismo»), haverá que realçar que a despudorada tentativa,
naquela alegada «casa da democracia», por parte dos políticos portugueses de
extrema esquerda, de matriz marxista, de branqueamento dos crimes contra a
humanidade cometidos pelos partidos comunistas, só pode interpretar-se ou como
(i) manifesto desrespeito pela inteligência do povo português, ou (ii) como
gritante demagogia, ou finalmente, (iii), como confrangedor desconhecimento de
factos históricos.
2. Hoje em dia, face à exuberância das
fontes existentes enriquecidas com o desvendar de arquivos secretos soviéticos,
na sequência do glasnost e da perestroika durante o consulado de Mikhail
Gorbatchov, só por má fé intelectual se poderá defender a candura dos
procedimentos dos regimes políticos comunistas que têm estado no poder, neste
nosso Mundo.
Com efeito, como é hoje possível fingir
ignorar, calamidades perpetradas pelo comunismo contra seres humanos, apenas
por razões étnicas, religiosas, ou sociopolíticas, como, por exemplo, as que
realço:
A. O Terror Vermelho: violência na Guerra
Civil que marcou os primeiros anos da Revolução. Perseguições dos bolcheviques
contra adversários políticos. Em toda a guerra civil, com início em 1917 até à
conquista definitiva dos comunistas em 1922, estima-se que, pelo menos, 100.000
pessoas tenham sido eliminadas por razões políticas.
B. O Holodomor ou "Holocausto
Ucraniano" é o nome atribuído à fome com carácter de
genocídio causado por Stalin, no comando da União Soviética que devastou
principalmente o território da República Socialista Soviética da Ucrânia
(integrada na URSS), durante os anos de 1932 - 1933. Este acontecimento também
ficou conhecido por Grande Fome da Ucrânia; a fome foi imposta
ao povo ucraniano pelo regime soviético, tendo causado um mínimo de 4,5 milhões
de mortes na Ucrânia, além de 3 milhões de vítimas noutras regiões da U.R.S.S.
C. A Deportação dos tártaros da Crimeia: foi um processo de
limpeza étnica de mais de 191 mil Tártaros da Crimeia, que aconteceu entre 18 e 20
de Maio de 1944. Foi executado por Beria, chefe da segurança nacional e da polícia secreta
soviética, seguindo ordens de Joseph Stalin.
D. A Perseguição aos KULAKS (proprietários rurais ricos, ou/e
camponeses que haviam enriquecido, com as reformas sociais no tempo de Império,
em 1906, e/ou ainda camponeses que não cediam as colheitas ao exército
soviético, na quantidade por este impostas), considerados «inimigos do Povo»,
foram objecto da ordem emitida por Stalin para serem “dizimados”, como classe.
E. A Descossaquização que foi o termo utilizado para
descrever a política dos bolcheviques na eliminação
sistemática dos cossacos como grupos sociais.
Este foi o primeiro exemplo de uma decisão de líderes soviéticos de
"eliminar, exterminar, e expulsar a população dum território." A
política foi estabelecida por uma resolução secreta do partido Bolchevique em
24 de janeiro de 1919. Em meados de Março de 1919, forças da Checa (polícia
secreta) executam mais de 8.000 Cossacos. Em resposta a isto, uma revolta
começou com grande intensidade. Os Cossacos reivindicavam eleições livres, mas
contra o comunismo e a colectivização da agricultura (em oposição
frontal do propagado o slogan soviético «a terra a quem a trabalha”).
F. A Grande Depuração. Nenhum outro episódio da história
soviética desperta tanto ódio do velho mundo quanto a depuração de 1936-38.
Em 1934, Trostky declarou que
Staline e os partidos comunistas eram responsáveis pela chegada ao poder de
Hitler; para derrubar Hitler era necessário primeiro destruir «impiedosamente»
os partidos comunistas!
«A vitória de Hitler foi provocada pela
política desprezível e criminosa do Komitern. “Sem Stalin,
não teria havido a vitória de Hitler»
«O Komintern stalinista,
como a diplomacia stalinista, cada um por seu lado, ajudaram Hitler a pôr-se na
sela.» «A burocracia do Komintern, em concerto com a
social-democracia, fez todo o possível para transformar a Europa e mesmo o
mundo inteiro num campo de concentração fascista.» «O Komintern criou uma das condições
mais importantes da vitória do fascismo. Para derrubar Hitler é preciso pôr fim
ao Komintern”. «Trabalhadores,
aprendam a desprezar esta canalha burocrática!» (Os trabalhadores) «devem
extirpar impiedosamente do movimento operário a teoria e a prática do
aventureirismo burocrático»
«Staline é a encarnação viva de um Thermidor burocrático.
Nas suas mãos, o terror foi e continua a ser, antes de mais, um instrumento
destinado a esmagar o Partido, os sindicatos e os sovietes e a estabelecer uma
ditadura pessoal, à qual só falta... a coroa imperial. (... ) As
atrocidades insensatas geradas pelos métodos burocráticos da colectivização,
bem como as cobardes represálias e as violências exercidas contra os melhores
elementos da vanguarda proletária, provocaram, de forma inevitável, a
exasperação, o ódio e o espírito de vingança. Esta atmosfera é geradora de
disposições para o terror individual nos jovens. (...) Só os êxitos do
proletariado mundial podem reanimar a confiança do proletariado soviético em si
próprio. A condição essencial da vitória da revolução é a unificação da
vanguarda proletária internacional em torno da bandeira da IVInternacional. A
luta por esta bandeira deve ser conduzida também na URSS, com prudência, mas de
forma intransigente. O proletariado que realizou três revoluções levantará a
cabeça uma vez mais. A absurdidade burocrática irá tentar resistir? O
proletariado encontrará uma vassoura suficientemente grande. E nós
ajudá-lo-emos» (sic).
O Grande Terror stalinista foi o nome dado a uma
sistemática campanha de prisões e execuções, levada a cabo no inverno de 1936 e
1937. Essa campanha tornou-se singular porque era direcionada sobretudo a
membros da burocracia soviética e da alta cúpula do poder, incluindo
funcionários de alto escalão. O historiador Robert Service
Stalin continuou nos anos seguintes a promover assassinatos em massa e
prisões em campos de trabalho forçado contra a própria população soviética. Um
dos dispositivos legais que autorizavam a polícia secreta da URSS a fazer esse
tipo de ação era o Decreto nº 00447, de 30 de julho de 1937, como
deixa claro Robert Service:
O decreto 00447 determinava que 259.450 “elementos
antissoviéticos” deveriam ser detidos. Vinte e oito por cento deles seriam
executados, enquanto o restante, encaminhado para campos de trabalho forçado,
onde cumpriria longas penas. Foram feitas especificações das pessoas que
deveriam ser caçadas, entre as quais estava qualquer um que fosse cúlaque,
padre, menchevique, socialista-revolucionário, “nacionalista burguês”,
aristocrata banqueiro. Outras operações dessa espécie se seguiram. Grupos nacionais
específicos, principalmente os que viviam nas regiões fronteiriças das URSS,
junto a compatriotas em países limítrofes, foram os alvos: poloneses, gregos,
alemães e coreanos.
G. O massacre da Katyn, realizado em
1940, é uma das páginas pouco conhecidas da Segunda
Guerra Mundial. Foi um massacre
realizado pela polícia secreta soviética contra membros do exército polaco
durante a invasão da Polônia em 1939. O massacre resultou em 22 mil mortes
aproximadamente e foi recentemente reconhecido pelo parlamento russo. O nome
faz referência a Katyn, floresta onde foi enterrada parte dos
mortos
H. Os Crimes
do Exército Vermelho
O Exército Vermelho frequentemente deu apoio à NKVD
(Ministério do Interior) na implementação da repressão política na União Soviética. Como uma força de
segurança interna e um contingente de guardas nas prisões do Gulag (sistema de campos de trabalhos forçados para criminosos, presos políticos e
qualquer cidadão em geral que se opusesse ao regime na União Soviética. A grande
maioria era de presos políticos; no campo Gulag de Kengir, em junho de 1954,
existiam 650 presos comuns e 5200 presos políticos).[, as tropas internas reprimiram
os dissidentes políticos e envolveram-se
em crimes de guerra durante
períodos de hostilidades militares em toda a história da
União Soviética. Eles foram especificamente responsáveis por manter
o regime político no sistema Gulag e realizar
deportações em massa e transferências populacionais dentro do país. O último visou
uma série de grupos étnicos que as autoridades soviéticas presumiram serem
hostis às suas políticas e provavelmente colaborar com o inimigo,
incluindo chechenos, tártaros da
Crimeia e coreanos.
I. Os Massacres em Massa na
República Popular da China
Os primeiros assassinatos em grande escala sob Mao tiveram lugar durante a
«reforma agrária» e
a «campanha contra-revolucionária»
Em materiais de estudo oficiais publicados em 1948, Mao previra que
"um décimo dos camponeses" (ou cerca de 50 milhões) "teria
que ser destruído" para facilitar a reforma agrária. Os números reais
dos mortos na reforma agrária são creditados como inferiores, mas, pelo menos,
um milhão.
A supressão dos contra-revolucionários voltou-se principalmente contra os
ex-funcionários e intelectuais do Kuomintang suspeitos
de deslealdade. Pelo menos 712.000 pessoas foram executadas, 1.290.000 foram
presas em campos de trabalho e 1.200.000 eram "sujeitos a controle em
vários momentos.
O «Grande Salto Adiante», segundo Benjamin Valentino, foi uma
das causas da fome de 1958-1961 na China e
que os piores efeitos da fome foram
direccionados contra os inimigos do regime. Aqueles rotulados como
"elementos negros" (líderes religiosos, direitistas, camponeses ricos, etc.) desde
o início da campanha morreram em maiores números, sem que lhes fosse dada a
menor prioridade na alocação de alimentos. Em Mao's Great Famine, o historiador Frank Dikötter escreve
que "… a coerção, o terror e
a violência sistemática eram a própria base do «Grande Salto Adiante» e motivou
um dos mais letais assassinatos em massa da história humana." A
sua pesquisa nos arquivos chineses locais e provinciais indica que o número de
mortos foi de, pelo menos, 45 milhões, e que "na maioria dos casos o
partido sabia muito bem que estava matando seu próprio povo de fome."[116] Numa
reunião secreta em Xangai, em 1959, Mao emitiu ordens a fim de confiscar um terço de todos
os grãos do campo. Ele disse: "Quando não há o suficiente para comer as
pessoas morrem de fome. É melhor deixar que metade das pessoas morram para que
a outra metade possa comer”." Dikötter estima que pelo menos
2,5 milhões de pessoas foram sumariamente mortas ou torturadas até a morte
durante este período.
A “Grande Revolução Cultural Proletária»
Os sinologistas Roderick MacFarquhar e
Michael Schoenhals estimam que entre 750 mil e 1,5 milhão de pessoas foram
mortas na violência da Revolução Cultural, só na China rural. À Guarda
Vermelha de Mao foi dada carta
branca para abusar e matar os inimigos da revolução. Por
exemplo, em Agosto de 1966, mais de 100 professores foram assassinados por seus
próprios alunos, só no oeste de Pequim.
Em suma, numa análise
comparativa com outros assassinatos em massa, podemos recordar que:
Daniel Goldhagen argumentou que os
regimes comunistas do século XX "mataram mais pessoas
do que qualquer outro tipo de regime". Outros estudiosos nas áreas
de história do
comunismo e estudos de genocídios, como Steven Rosefielde,
Benjamin Valentino, e R.J. Rummel, chegaram a conclusões semelhantes.
Rosefielde afirmou que era possível que o "Holocausto Vermelho" tenha
matado mais não combatentes do que o "Shoah" (holocausto) e os crimes de guerra do Japão combinados, e "este foi
pelo menos tão hediondo, dada a singularidade de genocídio de Hitler".
3. Mas, se estes e outros factos do
mesmo jaez, não são do conhecimento daqueles nossos Parlamentares, já que, no
debate então ocorrido, os “ignoraram”, então, permito-me sugerir que iniciam a
leitura dos livros adequados que lhes trarão algum saber, entre os quais,
relevo os seguintes:
· A “Tragédia dum
Povo”, de ORLANDO FIGUES (D. Quixote);
· “As Origens do
Totalitarismo” de ANNAH
ARENDT (D. Quixote);
· “História da Europa
do Leste” de JEAN FRANCOIS SOULET (Teorema);
· “O Livro Negro do
Comunismo” de STEPHAN COURTOIS e outros (Quetzal Editores);
· “Os Dois Gigantes-
História paralela dos E.U.A. e da U.R.S.S. (Vol. 5 a 11) de ANDRE MAUROIS e
de LUIS ARAGON (Europa América)
Guia de leitura para os novos simpatizantes
do comunismo
18 Nov 2019
1 Portugal é hoje um país estranho.
Muito estranho mesmo. Não falo da estagnação económica, do silêncio oportunista
dos indignados de outrora do PCP e do Bloco de Esquerda (BE). Tal como não falo
do controlo suave da RTP por parte do Governo e de alguns bots chamados
comentadores políticos que repetem elogios em loop ao suposto
génio político de António Costa.
Falo de como
a Assembleia da República fez questão em não se associar de forma integral à
importante e histórica resolução do Parlamento Europeu que equiparou o
comunismo ao fascismo, nomeadamente ao nazismo, e que se intitula “Importância
da memória europeia para o futuro da Europa” (que pode ler aqui).
Provou-se,
assim, que além de ser incapaz de condenar expressamente o comunismo como uma
ideologia totalitária que promoveu regimes tão hediondos e destruidores como o
nazismo, a Assembleia da República vive mais do que nunca sequestrada pela
extrema-esquerda do PCP e do BE. E logo com o beneplácito do Partido Socialista
de Mário Soares, o homem que lutou em 1974/75 contra o PCP e as forças que
deram origem ao Bloco para evitar a implementação de uma nova ditadura no nosso
país.
Aliás, a
posição do Partido Socialista é duplamente vergonhosa. Não só porque comete uma
traição histórica ao papel de Soares durante o PREC de 74/75, como contradiz a
posição da sua eurodeputada Isabel Santos — uma das quatro proponentes do
grupo Socialistas & Democratas (o grupo parlamentar europeu do qual o PS
faz parte) da resolução que veio a ser aprovada em Bruxelas.
2
Tudo começou
com a resolução do Parlamento Europeu aprovada a 19 de setembro. Note-se que a
resolução foi largamente ignorada pela comunicação social portuguesa, sendo que
mesmo os poucos media nacionais que têm correspondentes em Bruxelas também nada
noticiaram. Só após o Observador ter citado no dia
15 de outubro uma notícia do jornal espanhol ABC é que o assunto começou a ser
debatido na opinião pública portuguesa. Registe-se só este dado sobre a nossa
notícia para percebermos o impacto do tema: 63.944 partilhas. Um
número claramente fora do comum para uma notícia deste género.
À luz da
unanimidade da historiografia europeia, a resolução nada tem de polémico. Por
alguma razão foi proposta pelos três maiores grupos parlamentares: o Partido
Popular Europeu (do qual fazem parte o PSD e o CDS), Socialistas &
Democratas (o grupo do PS), Renovar a Europa (da qual faz parte a Iniciativa
Liberal) e Reformistas e Conservadores Europeus. Foram 535 deputados que
votaram a favor, 66 que votaram conta e 52 abstenções. Isto é, mais de 80% dos
votantes aprovaram a moção.
O texto do
Parlamento Europeu, e ao contrário do que o PS, PCP e Bloco de Esquerda
tentaram fazer crer no debate em Portugal, é claramente agregador. Tenta unir a
Europa contra o totalitarismo, a ditadura, o fanatismo, o racismo e a
xenofobia. Como? Denunciando e censurando a barbárie nazi que culminou com a II
Guerra Mundial e a ditadura comunista da União Soviética que dividiu a Europa
com a Cortina de Ferro.
Quem se tenha
dado ao trabalho de ler a
resolução do Parlamento Europeu percebe claramente que o texto é um exercício
claro de união entre as duas europas criadas no pós-guerra (a do Ocidente
e a do Leste) — uma questão relevante quando as instituições europeias têm
censurado com cada vez mais intensidade as derivas autoritárias de Viktor Orban
na Hungria e dos neo-conservadores da Lei e Ordem na Polónia. E,
principalmente, quando Vladimir Putin tenta branquear os crimes do comunismo
soviético para reforçar o nacionalismo russo. Não é por acaso que a resolução
foi apresentada por uma esmagadora maioria de eurodeputados dos países do leste
— precisamente aqueles que mais sofreram com o nazismo durante a II Guerra
Mundial e com o comunismo durante quase 40 anos de ditaduras pró-soviéticas e
que são aqueles que mais se opõem a uma nova expansão russa. Tal como também não
é por acaso, aliás, que a resolução do Parlamento Europeu foi enviada à Duma
(Parlamento russo), com se pode ler no final do texto da resolução.
3 Ora tudo isto foi ignorado pela
Assembleia da República. Muitas vezes ouvimos os políticos portugueses se queixarem
do facto de Portugal ser um país periférico. Mas o que ouvimos na passada
sexta-feira foi mesmo um atestado de ignorância histórica, de pequenez política
e de total ausência de pensamento estratégico de qual é o posicionamento de
Portugal face à Rússia de Putin dado de viva voz pelos deputados Constança
Urbano de Sousa (PS), Pedro Filipe Soares (BE) mas também por João Oliveira
(PCP).
Não causou
surpresa que Oliveira tenha puxado do património do PCP como único partido que
lutou de forma organizada contra a ditadura salazarista. A sociedade portuguesa
continua a olhar para os comunistas portugueses de forma benevolente por causa
desse papel — que existiu e que é relevante. Mas o que não podemos ignorar é
que os comunistas o fizeram para impor outra ditadura.
Tal como não
podemos esquecer o autismo político-ideológico dos comunistas portugueses
que os impediram de constatar a ditadura, a perseguição, a fome e a miséria que
se viveu durante muitos anos na Polónia, Hungria, Checolosváquia, Jugoslávia,
Roménia e Bulgária. E tudo enquanto Álvaro Cunhal e outros dirigentes
comunistas viviam em exílios dourados nesses países sob a proteção e
financiamento da União Soviética.
O mais
surpreendente, contudo, foi ouvir a representante socialista Constança Urbano
de Sousa afirmar, num tipo de semântica política habitualmente utilizada pelo
PCP, que a resolução do Parlamento Europeu promoveu “equiparações
simplistas” e, pior, conduziu a um “revisionismo histórico e ao
branqueamento do nazismo.”
Acresce que a resolução proposta pelo PS, e aprovada com os votos do Bloco, PAN, PSD, CDS e Iniciativa
Liberal, condena as “atrocidades perpetradas no continente Europeu ao
longo do século XX”, “reafirma a sua condenação de todos os regimes
totalitários” e manifesta “o mais profundo respeito por todas
as vítimas de regimes totalitários”. Mas nunca refere expressamente ao
condenação dos regimes comunistas, o que deveria ter levado a direita
parlamentar a votar contra este texto, até porque apresentou textos em que
essa censura ficava clara.
Já la vai o
tempo em que Mário Soares acusava Álvaro Cunhal de querer “instituir uma
ditadura em Portugal”, ao que o líder comunista respondia com um sonso “olhe que não, olhe que não”.
4 Como Hannah Arendt defendeu em
1958 na sua obra “As Origens do Totalitarismo”, os regimes nazi e soviético
eram ambos totalitários e tinham muito mais parecenças do que diferenças. Se os
nazis queriam atingir a pureza da raça através dos vários genocídios que
implementaram, os comunistas soviéticos queria construir um homem novo e uma
sociedade sem classes igualmente pela força, pelos assassínios em massa, por
igual perseguição a grupos étnicos e a toda e qualquer oposição.
Independente
das supostas boas intenções do marxismo, os nazis e os comunistas tinham o
mesmo objetivo: impor uma Ditadura em que o Estado era dono e senhor da vontade
dos indivíduos e das comunidades.
Mussolini
cunhou o conceito do totalitarismo: “Tudo dentro do Estado, nada fora
do Estado e nada contra o Estado”. Mas este foi praticado praticado tanto
por fascistas como Hitler ou Franco, como por comunistas como Lenine, Estaline,
Khrushchov, Brejnev e tantos outros.
Comunismo e
fascismo são os rostos da subjugação dos indivíduos a ideais destruidores da
condição humana. Não reconhecer isso é criminoso mas, mais do que tudo, é um
atestado de ignorância histórica do Parlamento português.
Como o PS
aconselha, na sua resolução, que o “conhecimento do passado” deve ser feito com
base em “trabalhos historiográficos objetivos e neutros, que permitam a
contextualização de cada realidade nacional”, termino com um pequeno guia de
leituras diversificadas para os senhores deputados que desejarem sair do estado
de ignorância em que vivem mas, sobretudo, para os leitores mais jovens que
pensam que o comunismo não é sinónimo de ditadura — pois a minha fé na
juventude é incomensuravelmente superior à que deposito nos parlamentares
efetivamente mais periféricos da Europa.
Leiam e
aprendam. Foi o que eu fiz.
· “Gulag – A History” – Anne Applebaum (Faber & Faber, 2004)
· “Iron Curtain – The Crushing of Eastern Europeu” – Anne Applebaum (Faber
& Faber, 2013)
· “Pós-Guerra – História da Europa desde 1945” – Tony Judt (Edições 70, 2009)
· “Estaline – A Corte do Czar Vermelho” – Simon Sebag Montefiore (Aletheia
Editores, 2007)
· “Lenine, O Ditador – Um Retrato Íntimo” – Victor Sebestyen” (Objetiva
Editores, 2017)
· “The Berlin Wall” – Frederick Taylor (Bloomsbury, 2006)
· “The File – A Personal History” – Timothy Garton Ash (Atlantic Books, 2009)
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