As trombetas
tocaram a anunciar que Art Sullivan morreu.
A inexorável
leveza do ser, do tempo, da idade não perdoa.
Recorrentemente
digo que quando começamos a gostar do que detestávamos - era piroso, ou na linguagem
da época foleiro e careta - pela juventude, estamos feitos.
Estamos
definitivamente feitos.
Marc Liénart
Van Lidth de Jeude, que nasceu na Bélgica em 22 de Novembro do ano-da
graça-de-nosso-senhor mil-nove-cinco-zero, notabilizou-se no final da década de
setenta, início de oitenta entre nós com Petit Demoiselle,
Ensamble, e por aí adiante.
Conhecíamo-lo
como Art Sullivan. As nossas colegas diríam hoje "um estrondo de
rapaz". Pouco menos novo que nós. Bem: pouco, hoje! À época era o
desejado, pois não havia o preconceito criado pelas "modas dos
tempos" que a globalização veio descobrir, como se nunca houvésse
existido. À época seria mesmo um deslumbre para elas.
Digo eu, como
disse, recorrentemente, que chega um tempo em que agimos, ouvimos, lemos,
fazemos, gostamos daquilo que não gostávamos em novitos, dizíamos que não
chegaríamos àquela fraca figura, que era melhor morrermos, como a enfatizar que
nunca chegaríamos a fazer figuras tais, que os homens (os crescidos) faziam.
Hoje fazemos
tudo. Tudo isso.O caquétiquisse, a lerdisse, o condor-aqui-e-ali, e crocantes.
Pois sim. Nem
pereceu: morreu Art Sullivan. Eu era puto quando o rapaz cantava "Hello,
hello, petite demoiselle, Hello, hello, c'est une idée rebelle, Il faudra bien
qu'un jour, je te parle d'amour", que nos tocava aos nossos coraçõesitos
apaixonados - romélicos... Mas era piroso: hui isso...
Hoje ouve-se
com saudade e com agrado. Nostalgia e tanto, tanto mais.
Agora calou,
deixamos de ouvir Art Sullivan. Ou seja: uns dias vamos ouvi-lo mais nos
registos magnéticos. Depois... Ardeu.
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