segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

3 “SETAS” APONTADAS AO XXII GOVERNO



O vigésimo segundo Governo Constitucional não vai ter vida fácil! Deputados isolados nas três bancadas do Chega, Iniciativa Liberal e Livre da Assembleia da República, estão dispostos, apesar do pouco tempo disponível, a mostrar ao país e às restantes forças partidárias, que o mal-estar dos portugueses deve-se a um grande défice de capacidade estratégica e de seriedade por parte de quem governa! A ausência de reformas em vários sectores fundamentais da vida nacional e a tentação de as adiar para o futuro comprovam isso mesmo!
Porque falha Portugal? Uma pergunta pertinente com resposta óbvia! De forma metafórica a nossa economia, ao longo de muitos anos, pode comparar-se a um reservatório cheio de água, roto no fundo! O “caudal de água” que escapa pelo buraco é compensado pela enorme sobrecarga fiscal, taxas, cativações e outras artimanhas engenhosas que oneram os rendimentos e os salários dos portugueses. Os “offshores” existem para isso mesmo, para recolher o “caudal” que escapa ao fisco e à justiça! Falar em economia das contas certas é manter o reservatório de água cheio porque a enorme sobrecarga fiscal, a ausência de investimento, as pensões e os salários baixos compensam o “caudal” que escapa pelo buraco sem que o Ministro das Finanças trate de o tapar!
 A preocupação dos políticos com a manutenção do poder consome as virtudes da governação democrática e gera interesses ilícitos que, investigados, dão origem a centenas de arguidos sem condenação! A investigação criminal tem trabalhado bem apesar das insuficientes condições ao dispor. Se mais e melhores condições não há é porque não convém ao poder político e é indiferente ao poder judicial! O problema esbarra-se na justiça, as formalidades processuais não são céleres e as sentenças, na sua maioria, são adiadas por recursos atrás de recursos…
Com a Assembleia da República mais representativa, dez partidos com assento na bancada, abre portas a uma discussão ampla no combate aos grandes inimigos da democracia que são a ignorância e a corrupção. Espero da Assembleia da República a valorização do debate político com outro pensamento crítico, com novo raciocínio analítico, mais independência de opinião, mais consideração pela diversidade e mais capacidade para lidar com o contraditório.
O papel fiscalizador da Assembleia sobre o Governo deve reforçar-se, um Governo com setenta governantes de quadrantes ideológicos encaixados, com currículos credíveis ou não, na política cabe tudo, entre eles uma procuradora e dois juízes. O papel denunciador é fundamental para que novos casos escandalosos não aconteçam como Freeport, Ota, Montijo, Alcochete, concessões do Lítio, dos Bio-Resíduos Urbanos, PPP rodoviárias, negócios como PT – Portugal Telecom, REN - Redes Energéticas Nacionais, EDP - Energias de Portugal, ANA – Aeroportos de Portugal, privatização dos Correios e da TAP, Submarinos, resgate da Banca e tantos outros que custaram muitos milhões de euros ao país e aos portugueses, empobrecendo-os! A transumância de políticos e administradores públicos que auferem remunerações milionárias pelas más prestações profissionais, é a principal causa da pobreza em Portugal. Muitos políticos e ex-políticos conhecidos “andaram e andam nisto”, através do efeito da porta giratória, do efeito trampolim profissional e do efeito de benefício directo, com resultados económicos altamente danosos e gestão muitas vezes criminosa. A nossa democracia não passa disto!
Os deputados André Ventura, João Cotrim Figueiredo e Joacine Katar Moreira, não contaminados e isolados na função de deputados, podem e devem ter um papel muito útil a Portugal e aos portugueses.   
                                                       Artur Ferreira

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