Por BARROSO da FONTE
Faleceu há um ano, com 92 de
vida. Foi dos maiores empreendedores nas mais diversas e importantes atividades
económicas do norte do País. As suas origens remontam ao tempo do Rei D. João
II e essa ascendência pode o leitor encontrá-la no livro de 440 páginas,
chamado Memórias Genealógicas incompletas»,da autoria de Francisco da
Providência Santarém e Costa, da Casa da Raposeira, editado em 2016.
Eduardo Taveira da Mota foi
um dos herdeiros de empresa de José Taveira da Mota & cia Lª que tinha a
sede no Norte (Vila Real e Porto) e filiais em Lisboa. Através dessa empresa
abastecia os grandes mercados de produtos regionais, incluindo presunto,
castanha, vitela e outros que pela sua qualidade e quantidade abasteciam os
grandes mercados nacionais. O espírito desse primeiro empresário e outros da
mesma estirpe, fizeram de Eduardo Taveira de Mota o empresário arrojado,
persistente e aventureiro que se estendeu à importação, tratamento e
distribuição de bacalhau, além de outras atividades como os sabonetes, como a
Fábrica Confiança que criou e manteve, por muitos anos, centenas de
trabalhadores. Adquiriu em Vila Real diversas quintas que explorava e terrenos
para habitação, como a Areucária, a quinta da Timpeira. Quinta do Condado e
outras. Em Chaves criou, nos anos sessenta, os supermercados Novo Sol.
A revolução do 25 de Abril
apanhou-o na sua melhor força empresarial. E os grandes obreiros como Taveira
da Mota, foram as maiores vítimas dessa fúria, como no período do PREC em que
se prendiam, com mandatos de captura em branco, todos aqueles que tinham
riqueza e cheiravam a dinheiro fácil. Não só os espoliavam como os
chantageavam, os extorquíam e agrediam, sem dó, nem piedade.
Taveira da Mota chegou a ser
preso na Fronteira do Minho. Feito prisioneiro,esteve detido alguns dias e foi
espoliado de bens nunca devolvidos. Foi nessa altura que Taveira da Mota me
confessou: - se eu voltar a ter mil contos voltarei a ser rico. E isso
aconteceu. Bastará conhecer o que fez com o compra e restauro do Convento de
Alpendurada (concelho de Marco de Canaveses) onde fez «milagres».
Na qualidade de sócio número
um, propus na última assembleia geral da Casa Regional dos Transmontanos do
Porto que o seu sócio Fundador nº 4, Eduardo Taveira da Mota, fosse relembrado,
prestando-se-lhe uma homenagem ao nível daquilo que ele fez nos seus 92 anos de
vida. A assembleia geral de 30 de março, aprovou, por unanimidade e aclamação,
essa proposta, cuja Comissão seria constituída por todos aqueles que foram
presidentes da Direção desta Instituição transmontana e alto-durienses e por
eventuais representantes de Clubes, Associações e Comissões Fabriqueiras de que
ele foi benfeitor. A data dessa homenagem ficou marcada, por essa comissão
organizadora para o dia dos 35 anos da Casa Transmontana (que foi em 30 de
Outubro), mas que a Direção, adiou para 9 de Novembro. Os Transmontanos sempre
foram gratos entre eles próprios e entre todos os que a eles se ajuntarem, por
bem.
Taveira da Mota, pelo que foi, pelo que inovou, pelo que produziu e, sobretudo pelo que acrescentou ao mecenato cultural, social e desportivo do norte do país, tendo-nos deixado, há precisamente um ano, se a palavra gratidão ainda tivesse o valor semântico que tinha quando ele, eu e as nossas gerações despertámos para a vida real, não nos tratados de Bolonha, nem em épocas revolucionárias como a do PREC, já hoje poderíamos ver o seu nome honrado nas toponímias do Porto, de Vila Real, do Marco de Canaveses e de Braga. Em todas estas cidades Taveira da Mota deixou obras marcantes, quer em unidades fabris, quer em instituições religiosas, quer em Clubes desportivos, quer em postos de trabalho. E nunca recorreu aos fundos comunitários (que não existiam), nem falcatruou à Joe Berardo, à Oliveira e Costa, à Ricardo Salgado e a outros que tais, para não citar - por vergonha – transmontanos de barba rija.
A net é hoje um poço sem
fundo para recurso de biografias humanas, calendários ou cronologias. Como a
minha memória me atraiçoou bruscamente, ao pretender elaborar esta nota
biográfica, esforcei-me por rebuscar, online, textos, relatos, notícias
referentes à vida e obra de Eduardo Taveira da Mota. Passei horas a navegar por
aqui e por ali. Só encontrei notícias minhas nos jornais regionais em blogues
ou transcrições fortuitas.
Descobri e para justificar a ingratidão reinante, cito o voto de pesar
subscrito por todas as bancadas parlamentares, aprovadas por unanimidade da
Assembleia de Vila Real, em 14 de Dezembro de 2018. Alegrou-me porque seria
estranho, o seu berço natal não ter registado a perda desse Transmontano do
tamanho do Marão...
Como perdi a esperança de
ver na imprensa nacional noticiado este preito de homenagem, um ano depois da
sua morte, peço aos jornais que ainda me acolhem e aos blogues que tão úteis
são e que tanta generosidade e paciência devotam à minha senilidade, que sejam
eles, mais uma vez, a noticiar esta romagem de saudade até à sede da Casa Regional
de Trás-os-Montes, na Rua de Costa Cabral, 1037 – 4200 Porto. Às 11 h haverá
uma missa na Igreja da Areosa, (Paranhos). Entre as 12 e 13,30 sessão na Sala
Taveira Mota, na sede social. Aí mesmo decorrerá o almoço comemorativo do 35º
aniversário da Casa e um abraço de solidariedade ao HOMEM que fez grande uma
Associação pequena de conterrâneos agradecidos.
As Câmaras de Bragança e de Vila Real; os Clubes de Vila Real e da
Boavista, e a Junta de Freguesia de Paranhos já manifestaram a vontade de estar
presentes. No próximo Sábado, 9 de Novembro será comemorado o 35º aniversário
da Casa. Qualquer dúvida pode ser esclarecida pelos telms: 936 016 111 /225 025
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