Por BARROSO da FONTE
Chegou-me pelo
correio um pequeno grande livro que me transportou aos anos oitenta, do século
passado, quando visitei as Catacumbas de Roma. Em 1986 tive esse ensejo a
propósito de conhecer um pouco mais do que li na revista Gil Vicente, a
respeito de São Dâmaso. Ocupou, como Bispo católico, a Sé de Roma, entre 366 e
384. Sabe-se que nasceu na antiga Hispânia e que seu pai e uma sua irmã (Santa
Irene) viveram em Roma. Segundo investigadores o local onde nasceram coincide
com o atual concelho de Guimarães, onde tem uma Igreja e a tradição o dá como
berço desse santo do IV. Os vimaranenses batizaram esta Igreja como de «S.
Dâmaso» e, cientes de que este bispo foi «nosso», invocam-no como tal e, muitos
se deslocam às Catacumbas Romanas. Lá estive numa excursão, com outros. E, guiado, por um guia que nos localizou essa
a «Cripta dos Papas», por ele explorada nas Catacumbas de S. Calisto, no fim de
uma longa inscrição, escreveu: “Aqui eu, Dâmaso,
desejaria mandar sepultar os meus restos, mas tenho medo de perturbar as
piedosas cinzas dos santos”. Nesse espaço e nessa data, pude ativar a minha
curiosidade acerca do significado das iconografias cristãs.
Ao receber, agora
este livro, lembrei-me da tese de doutoramento sobre os tetos durienses (a
iconografia religiosa setecentista nas pinturas dos templos da região
demarcada) da autoria de Armando Palavras. Um tema raro, tratado com o
rigor que a iconografia exige, porque se trata de uma arte pictórica que não
recorre ao traço das máquinas (objetivas) mas à sensibilidade que só favorece
os verdadeiros artistas.
O autor deste
artigo científico pretendeu falar da «Bandeira das Almas de Lagoaça»,
uma freguesia Transmontana. No introito Armando Palavras explica que «a oito de
Junho último foi lançado a público o livro «Lagoaça - Loisas e outras coisas»,
livro de José Veríssimo ali nascido; e por isso bem pode falar-se das
inscrições ou pinturas rupestres do vale do Coa que recentemente tanto deram que
falar.
Armando Palavras
que carreou para essa tese de doutoramento tanta matéria que já vem de longos
séculos e que demonstra, a muitos demagogos, o valor desta interpretação
científica. As vinte e tal páginas ilustradas que adiciona ao texto, fazem com
que este trabalho deva ser entendido como contributo precioso para as gerações
que povoam o palco geográfico que pisamos e que não sabem apreciar. O opúsculo
que me foi enviado com generosa dedicatória e que cita a nota de leitura que
sobre o livro de José Veríssimo, assinei
no seu Blog «tempocaminhado», tem 74 notas de rodapé, o que denota o rigor
científico do trabalho do licenciado em Belas Artes e doutor em história na
área específica de História de Arte e, ainda, Investigador integrado do CITAD,
Centro de Investigação em território, Arquitetura e Design do ILID financiado
pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, desde 2010. Parabéns.
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