terça-feira, 12 de novembro de 2019

Revisita às Catacumbas de Roma e a Iconografia


Por BARROSO da FONTE

Chegou-me pelo correio um pequeno grande livro que me transportou aos anos oitenta, do século passado, quando visitei as Catacumbas de Roma. Em 1986 tive esse ensejo a propósito de conhecer um pouco mais do que li na revista Gil Vicente, a respeito de São Dâmaso. Ocupou, como Bispo católico, a Sé de Roma, entre 366 e 384. Sabe-se que nasceu na antiga Hispânia e que seu pai e uma sua irmã (Santa Irene) viveram em Roma. Segundo investigadores o local onde nasceram coincide com o atual concelho de Guimarães, onde tem uma Igreja e a tradição o dá como berço desse santo do IV. Os vimaranenses batizaram esta Igreja como de «S. Dâmaso» e, cientes de que este bispo foi «nosso», invocam-no como tal e, muitos se deslocam às Catacumbas Romanas. Lá estive numa excursão, com outros.  E, guiado, por um guia que nos localizou essa a «Cripta dos Papas», por ele explorada nas Catacumbas de S. Calisto, no fim de uma longa inscrição, escreveu: “Aqui eu, Dâmaso, desejaria mandar sepultar os meus restos, mas tenho medo de perturbar as piedosas cinzas dos santos”. Nesse espaço e nessa data, pude ativar a minha curiosidade acerca do significado das iconografias cristãs.
Ao receber, agora este livro, lembrei-me da tese de doutoramento sobre os tetos durienses (a iconografia religiosa setecentista nas pinturas dos templos da região demarcada) da autoria de Armando Palavras. Um tema raro, tratado com o rigor que a iconografia exige, porque se trata de uma arte pictórica que não recorre ao traço das máquinas (objetivas) mas à sensibilidade que só favorece os verdadeiros artistas.
O autor deste artigo científico pretendeu falar da «Bandeira das Almas de Lagoaça», uma freguesia Transmontana. No introito Armando Palavras explica que «a oito de Junho último foi lançado a público o livro «Lagoaça - Loisas e outras coisas», livro de José Veríssimo ali nascido; e por isso bem pode falar-se das inscrições ou pinturas rupestres do vale do Coa que recentemente tanto deram que falar.
Armando Palavras que carreou para essa tese de doutoramento tanta matéria que já vem de longos séculos e que demonstra, a muitos demagogos, o valor desta interpretação científica. As vinte e tal páginas ilustradas que adiciona ao texto, fazem com que este trabalho deva ser entendido como contributo precioso para as gerações que povoam o palco geográfico que pisamos e que não sabem apreciar. O opúsculo que me foi enviado com generosa dedicatória e que cita a nota de leitura que sobre  o livro de José Veríssimo, assinei no seu Blog «tempocaminhado», tem 74 notas de rodapé, o que denota o rigor científico do trabalho do licenciado em Belas Artes e doutor em história na área específica de História de Arte e, ainda, Investigador integrado do CITAD, Centro de Investigação em território, Arquitetura e Design do ILID financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, desde 2010. Parabéns.

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