(A minha avó nasceu em seis de Outubro de 1894 e pereceu em quatro de Agosto de 1984). |
Mário Adão Magalhães
Se por vezes houvesse
um pedacinho mais de honorabilidade não seria mau, como os nossos avós, do
nosso tempo.
Mas vermos um avô
velhinho, cabelinhos brancos mas doces - sim, doces cabelos e com um pouquinho
duma certa autoridadezinha, não deixa de ser bonito - bem bonito. Uma figura de
referência.
É uma doçura. É um
elemento que está acima de tudo, é tratado com carinho como vózinha, não deixa de ser doce, cândido.
- "Vamos a casa
da vózinha" - ouvia eu, por exemplo, da minha madrinha - que é minha irmã
- a dizer aos seus filhos! E com solenidade límpida, sem prepotência alguma, só
carinho e algo-delicado, lá vinham, lá íamos nós, quando eu também com os meus
pais ia à vózinha, periodicamente aos domingos à tarde.
Essa figura, quer
para os meus sobrinhos, para quem esta (a vó Diamantina - quando mal sabíamos
qual o nome) era a vó velhota, para distinguir da avó (mais nova) - a
verdadeira, a "primeira" avó.
É essa figura - a
minha avó de cabelos de um branco-muito-nívea - como pedacinhos de neve, - não
posso fugir aos costumes do tempo, em que os avós tinham cabelinho branco, e
também nos nossos livros da escola primária.
Por isso, vózinha
(que representa todos os outros que não conheci) fica gravado o meu maior
agraciamento, a minha maior memória, do cúmulo do respeito, de quem está ao
cimo, no topo.
Esse topo será no Céu
- no firmamento, bem lá no alto, no célico bem longe?
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