No início do Pós 25
de Abril um Responsável da Educação (SZ) decretou que para acesso a qualquer
curso de uma universidade o candidato tinha de ter 10 valores numa prova de
Português, na qual a 1.ª Parte era de “Gramática” e a 2.ª Parte era uma
“Redacção”. Aconteceu então que o “doutor” do ME em Português escolheu como
tema da Redacção: “Imagine que é Matusalém e que dura 900 anos. Faça um resumo
da sua vida século a século”. Seria o mesmo que pedir ao Dom Afonso Henriques
que previsse a era dos “Space Shutles”. Só de Loucos. Para piorar a situação o
peso da prova de Português era duplo ou triplo da média que o aluno tivesse
tido nas outras disciplinas de acesso à universidade.
E as loucuras dos
“êduquês” do ME (que ainda por lá andam) não ficavam por aí: Um candidato a
entrar numa faculdade de Medicina tinha de ser aprovado com nota alta nas
provas da disciplina de “Mineralogia e Geologia” de forma igual a uma
candidatura a Engenharia. Por outro lado, os pontos para as provas de
Matemática e Física elaborados no ME estavam cheios de “armadilhas” nas quais
caíam mesmo os melhores alunos. Depois a “disciplina” de “Educação Física (por
ex.º fazer bem o pino) também era um factor a ter em conta.
Todas essas
imposições dos “êduquês” do ME associadas a conteúdos programáticos
“fracturantes” (que persistem) provocaram traumatismos nos discentes, que, em
muitos casos, deixaram marcas pela vida fora na actual geração. Não cabe aqui
relatar “desvarios” provocados pelo Ensino B+S, durante o PREC (Processo
Revolucionário em Curso). O Caos foi de tal ordem que as aulas do ano lectivo
de 1975/76 que deviam começar em meados de Setembro de 1975, só começaram em
meados de Abril de 1976.
Mas no Ante 25 de
Abril também havia muitas “aberrações”: O Ensino Liceal era para filhos de
ricos, ficando para os pobres o Ensino nas Escolas Comerciais e Industriais.
Uma verdadeira “segregação racial”. Por ex.º: um aluno que tivesse concluído o
3.º ano de um Curso Comercial para passar para aluno dos liceus, tinha de ser
aprovado em exames de “transferência” sendo fundamental a disciplina de
“Desenho e Trabalhos Manuais”. Além de provas difíceis de “Desenho Geométrico”,
“Desenho de Composição e” de “Desenho à Vista”, os rapazes tinham de fazer
“Provas de Trabalhos Manuais” (trabalhos em madeira com serras de rodear,
etc.,ou em chapa de ferro) e as raparigas tinham de fazer “Provas de Lavoures”
(crochet, tricot, bordar, casear, etc.).
Uma vez aprovado nas
provas de transferência para o ensino liceal, o aluno poderia prosseguir
estudos com “aluno externo” do liceu em causa e vir a prestar provas de todas
as disciplinas do 6.º ano (10.º ano actual). Para se candidatar à entrada numa
universidade o aluno externo, por ex.º, do liceu Rodrigues Lobo de Leiria,
tinha de passar numa série de exames do 7.º ano dos liceus (Matemática, Física,
Biologia, Ciências Geográficas, Filosofia e Organização Política e
Administrativa da Nação), mas esses exames não podiam ser feitos nos liceus
“distritais” como o de Leiria; tinham de ser feitos nos liceus “regionais” como
o de Coimbra. Quem tivesse média de 16 valores (80%) ou superior nesses exames,
podia entrar em qualquer universidade sem ter de fazer exame de “Admissão”.
As Escolas
Industriais formavam alunos para várias profissões: “Marcenaria, Serralharia
Civil; Serralharia Mecânica; Escultura; Tecelagem, Tinturaria; Montador
Electricista, etc. Em Leiria predominava a “Marcenaria, e a Escultura. Em
Guimarães a Tecelagem, e Montador Electricista. Eram cursos com um conjunto de
disciplinas básicas semelhantes às dos liceus (Matemática, Física, Português,
etc.). Depois tinham disciplinas de “Aplicação” (Marcenaria, Electricidade,
etc., etc..).
Quanto a disciplinas
de Línguas Estrangeiras” esses cursos só tinham a de “Francês”, enquanto que no
“Curso Geral dos Liceus” havia as de “Francês” e “Inglês”. Por isso (e só por
isso) nenhum aluno das Escolas Industriais podia ocupar o lugar de “Artífice”
que existia nos “Quadros da Administração Pública”. Só os “meninos dos liceus
podiam ocupar esse lugar, embora de “artífices” tivessem nada.
Nestas condições
aconteceu que, sendo Veiga Simão reitor da Universidade de L.Marques, houvesse
um vimaranense (Catalão) que tinha o Curso de Montador Electricista da Escola
Industrial de Guimarães e era um exímio profissional, mas não podia ocupar o
lugar de “Artífice” do quadro da universidade. O que era um absurdo.
Resolveu-se o problema, tendo o interessado requerido ao ME lisboeta para fazer
exame de “Inglês” no Liceu Salazar de LMarques, o que foi concedido. Devido a
essa dificuldade com o Catalão, eu disse a Veiga Simão: Se alguma vez fores
Ministro da Educação, acaba com esta “segregação racial” entre o Ensino Liceal
e o das Escolas Industriais e Comerciais”.
Ironicamente, mais
tarde Veiga Simão, quando foi M. E. em Lisboa, acabou com essa “segregação
racial”, mandando fechar todas as Escolas Industriais e Comerciais” do País.
Passaram a chamar-se
todas Escolas de Ensino Básico e Secundário (B+S). Hoje não há “Mestres” de
Marcenaria, nem de Tecelagem, nem de “Montador Electricista”, nem de
Serralharia Civil ou Serralharia Mecânica, etc. ,etc.. Grande prejuízo para o
País. Trata-se de “nivelar por baixo” para estabelecer a “Igualdade” requerida
pelos canhotos, que nos governam. Porém, em vez de “Igualdade” temos
“Mediocridade” profissional e não só.
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